Terapia de Risco (Side Effects,
EUA, 2013)
Dir:
Steven Soderbergh
Há
tempos Steven Soderbergh vem dizendo que vai se aposentar do cinema e nunca
cumpre sua promessa. Poderia muito bem fazer isso depois desse seu novo filme lançado
nos cinemas. Não que seja uma grande obra digna de uma bela despedida, mas ultimamente o
cineasta americano não consegue passar do mediando, isso quando não chega a níveis bem baixos, nos devendo um bom filme
desde Che (2008).
Terapia de Risco tem uma direção
estilosa, sem exageros, mas mania de reviravoltas na parte final é o que mais
incomodam no filme. Porque o drama de Emily (Rooney Mara), tentando se tratar
psiquiatricamente agora que seu marido (Channing Tatum) acabou de sair da
cadeia e precisa de apoio para recompor sua vida, já guarda muito de curioso,
um misto de perigo e mistério que ronda sua mente em desequilíbrio.
Seu
contato com o psiquiatra interpretado por Jude Law leva-o a receitar um novo
medicamento em fase de testes e que acaba tendo efeitos colaterais estranhos na
moça. O personagem de Law torna-se, então, figura central na história porque passa a investigar os caminhos psicológicos da garota e descobre uma antiga
médica (Catherine Zeta-Jones) que a tratava, fazendo-o descobrir coisas mais profundas
do que imaginava.
Os passos para a depressão e os instintos suicidas (e até mesmo assassinos) são bem
desenhados por Soderbergh, conduzindo tudo com muita precisão; se não se revela
um grande trabalho de encenação, também não faz feio. Está no mesmo tom de filmes recentes como
À Toda Prova e Contágio. Um belo artesão, portanto, mas que começa a mostrar
sinais de inquietação quando precisa chacoalhar sua trama com descobertas de
conspirações, quase pondo a história a perder.
Mas é daí que a dissimulação torna-se uma questão
central, passando a guiar a história, num estudo que o diretor e o roteirista
Scott Burns fazem dos mascaramentos que a mente humana produz. A rapidez
narrativa com que a investigação é tratada talvez soe como algo de forçado até
se chegar à verdadeira resolução do caso. Mas o diretor, aqui, parece saber bem
o que quer e traduz isso de maneira eficiente. Se quer afastar-se do cinema, esse
seria um bom momento. Ou então Soderbergh se faz, ele mesmo, de um grande
dissimulado.
2 comentários:
Até hoje, meus filmes favoritos do Steven Soderbergh foram "Traffic", "Onze Homens e Um Segredo" e "Erin Brokovich". Os outros eu gostei, sem grandes entusiasmos, mas prendem a atenção, e isso é bem mais do que a maioria que anda aparecendo por aí. Prefiro que ele continue nos enrolando e não se afaste do cinema.
Tá bom, ele pode até não se afastar, Stella. Mas bem que podia dar um tempinho entre seus filmes e trabalhá-los melhor, não? Escolher boas historias também ajuda no sucesso de um filme, hehe.
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