domingo, 18 de novembro de 2007

Ode à memória

O pontapé inicial já foi dado. A Mostra Cinema Conquista começou ontem com a promessa de fazer dessa semana em Vitória da Conquista, terra do cultuado cineasta e agitador social Glauber Rocha, a capital do cinema baiano. Além da exibição de filmes nacionais em vários pontos da cidade, haverá debates, palestras, cursos, oficinas e lançamento de livros. Com a presença do próprio diretor, Eu Me Lembro abriu a maratona de filmes que vai até o outro sábado.

Eu Me Lembro (BA/BR, 2006)
Dir: Edgard Navarro


O primeiro longa-metragem do cineasta baiano Edgard Navarro, Eu Me Lembro é uma obra que parte das recordações de infância e juventude de Guiga, passando pelas décadas de 50, 60 e 70. O próprio diretor revela que suas lembranças pessoais serviram como matéria-prima para a concepção do roteiro (assinado por ele mesmo), mas que a partir disso o filme apela para uma memória coletiva ao usar como pano de fundo a reconstrução de uma época e, porque não, as descobertas da infância.
Existe no filme uma atmosfera de perda da inocência revelada principalmente pela carga de sexualidade que se aflora à medida que o personagem é apresentado ao universo do proibido desde cedo no próprio ambiente familiar. O grande problema é quando essa carga sexual extrapola o limite e se torna forçada, rompendo com uma naturalidade que seria esperada de um filme praticamente autobiográfico. As cenas de sexo aparecem mais com o propósito de chocar, além de ser motivo para algumas passagens hilárias. Alguns minutinhos a menos também não fariam falta ao filme. O personagem ainda vai entrar em conflito com a religiosidade e a própria família, algo que moldará sua personalidade.

Mesmo assim, é de se reconhecer o trabalho de reconstituição de época que passa por um período de três décadas e consegue transmitir a atmosfera do momento, com suas transformações sociais e políticas, auxiliado por uma bela fotografia e trilha sonora. Tendo como locação a cidade de Salvador, Eu Me Lembro é um belo retrato, sem pudor ou moralismos, das dúvidas e curiosidades da juventude. Uma pena que a tentativa de parecer anárquico enfraqueça o longa.

3 comentários:

Kamila disse...

Muito boa a iniciativa dessa mostra. Não conhecia este filme citado no post. Deve ter ficado restrito somente ao circuito de festivais.

Rafael Carvalho disse...

Pois é Kamila, muitos filmes nacionais sofrem desse problema. Nem sempre têm a divulgação que merecem e o público acaba não tendo acesso a esse tipo de material.

Anônimo disse...

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