terça-feira, 20 de maio de 2008

Estrada para a perdição

Traídos pelo Destino (Reservation Road, EUA, 2007)
Dir: Terry George


Depois de se denunciar a sangrenta e degradante guerra civil entre hutus e tutsis no continente africano no ótimo Hotel Ruanda, eis que o diretor Terry George decide investir agora num drama pessoal de forte teor emocional. Uma pena que o filme não tenha muito a dizer além do que já esperamos desse tipo de produção.

Dwight Arno (Mark Ruffalo) é um advogado que por acidente atropela fatalmente o filho do professor universitário Ethan Learner (Joaquin Phoenix) e sem prestar assistência à criança foge em desespero. Começa a busca pelo responsável da morte do garoto e diante do insucesso das investigações policiais, Ethan tenta encontrar o culpado sozinho, criando assim um conflito com sua esposa Grace (Jennifer Connelly). As coisas se complicam ainda mais quando Ethan procura em Dwight um advogado que possa ajudar a descobrir o culpado pela morte de seu filho, desconhecendo a peça que o destino lhe prega.

A decepção em relação ao filme não se deve a alguma falha na história ou na condução do drama, mas no fato de que tudo isso já foi visto antes e nada de novo nos é apresentado aqui. Trata-se, portanto, de um filme-clichê, pois não consegue avançar além do óbvio. Dwight, por exemplo, poderia ser um personagem muito mais rico se não passasse o filme todo se lamentando e fugindo de sua situação. Já Ethan e Grace caem no lugar comum do casal que entra em conflito após uma perda tão profunda.

A seu favor, o filme conta com um elenco afiadíssimo e que carrega a obra nas costas. Todos os três personagens possuem momentos de forte explosão emocional, mas o talento de cada um impede que as situações soem exageradas ou piegas demais. O combate final entre os dois homens é exemplar nesse sentido e é impossível não se sensibilizar com a situação de cada um (além do excelente desempenho de ambos os atores). Se por um lado compreendemos o pai na sua busca por justiça (nesse caso, ela existiria?), não podemos ignorar a situação de impotência e desespero do advogado. Seja como for, a fatalidade irá gravar nos personagens marcas profundas das quais nem sempre se pode escapar.

3 comentários:

Anônimo disse...

Não gostei muito desse filme, especialmente pelo fato de que estava aguardando há um bom tempo e acabou sendo uma grande decepção. A história era forte o bastante para render um belo drama, mas o Terry George trabalhou de forma quase medíocre. Nem o elenco salva (apesar do Mark Ruffalo estar especialmente bem). Abraço!

Rodrigo Fernandes disse...

Joaquin Phoenix e Mark Ruffalo tem feitos ótimos filmes, isos que masi me atrai em assistir a esse aí... apesar do clichê que vc disse existir e parece ser inevitável, como se arriscar algo diferente pudesse prejudicar o filme... ou não fosse bem aceito pelos executivos lá de Hollywood... enfim, tomara que consiga ter acesso ao filme o quanto antes para conferi-lo
Abraços, Rafael!!!

Rafael Carvalho disse...

Vinícius, também esperei um tempo por esse filme e assim a decepção foi maior, mas o elenco se mostrou competente apesar do fracasso do roteiro.

Já que você citou o Joaquin Phoenix, Rodrigo, estava pensando esses dias como mesmo em filmes medianos (esse e Os Donos da Noite, por exemplo) ele se sai muito bem. E dizem que ele tá ótimo no novo filme do James Gray. Sobre Traídos pelo Destino faltou mais coragem mesmo.