domingo, 28 de março de 2010

Da linguagem e das paixões

Romance (Idem, Brasil, 2008)
Dir: Guel Arraes



Romance é um exercício de linguagem dos mais interessantes. É quando se mistura teatro e TV para discutir a validade artística de ambos, e onde o amor ganha status de sentimento que leva ao sofrimento. Uma pena que tenha sido tão pouco comentado e visto, pois parece ter sido um dos grandes filmes nacionais de 2008.

O roteiro primoroso e ágil, assinado por Guel Arraes e Jorge Furtado, parece tomar emprestado o talento das passagens de Tristão e Isolda (texto romântico do longínquo século XII), constantemente citadas no filme. Isso porque os atores teatrais Pedro (Wagner Moura) e Ana (Letícia Sabatella) estão justamente apresentando uma montagem do clássico. As coisas complicam quando ela é chamada para protagonizar uma novela na TV.

Daí já surge o conflito do filme. Pedro é um idealista e vive para fazer e se dedicar ao teatro enquanto Ana possui a vontade de experimentar e considera possível se dedicar tanto ao teatro quanto à TV, e ser feliz assim. Pode parecer fácil criticar a linguagem televisiva e valorizar artisticamente o teatro, mas o roteiro deixa claro as potencialidades de cada um, e também os desafios de fazer algo com valor em ambos os formatos. Existem não só críticas à banalidade da TV quanto ao elitismo do teatro.

Arraes possui um ótimo domínio de direção, criando os planos com simplicidade como sempre fez, num meio termo entre as linguagens televisiva e cinematográfica. Ele filma bem o teatro, que nunca parece teatro filmado. A narrativa tem ritmo e é bastante auxiliada pelas reviravoltas do roteiro, todo bem amarrado.

Como dizem os próprios personagens, o grande legado de Tristão e Isolda é mostrar a paixão como um sentimento doloroso e de como o “sofrer de amor” pode ser uma coisa desejável. Os personagens passarão por essa provação, não como uma escolha, mas inevitavelmente. Interessante como nós, espectadores, sentimos prazer em ver o sofrimento amoroso na tela, talvez como reflexo daquilo que já vivemos algum dia ou por sabermos ser bastante fácil encontrar esses percalços pelo caminho.

Interessante também como o filme mostra o processo de construção tanto do teatro (as pausas no texto, as mudanças de luz) como da própria linguagem visual (as possibilidade e importância da montagem, peça-chave do final do filme, são muito bem exploradas, por exemplo).

Além disso, há um trabalho de atores excepcional. Andréa Beltrão vai da amiga à trapaceira, uma das mais complexas do filme; José Wilker surge tedioso e impertinente como o produtor de TV; Vladimir Brichta talvez seja o menos talentoso, mas segura bem seu personagem; por fim, Marco Nanini, com pouco tempo em tela, surge explosivo como pouco se viu.

Mas nada é mais bonito e intenso que a força conferida pelos protagonistas aos seus personagens, cheios de contradições, e fascinantes por isso mesmo. Sabatella e Moura defendem com muita força seus personagens, sustentam com muita vontade as paixões de cada um, principalmente quando dizem respeito a eles próprios.


PS: existem grandes semelhanças entre esse filme e a série televisiva Som e Fúria (principalmente na construção da linguagem teatral e sua validade de resistência artística), dirigida por Fernando Meirelles recentemente para a TV Globo. Confesso que gosto mais do filme de Arraes.

terça-feira, 23 de março de 2010

Descaminhos da inocência

Mother – A Busca pela Verdade (Madeo, Coreia do Sul, 2009)
Dir: Bong Joon-ho



É inegável como os sulcoreanos são mestres em nos oferecer histórias surpreendentes, com o propósito de nunca parecerem óbvios ou repetitivos. Existe um frescor imenso que emana daquela filmografia, coisa que pode ser bastante aproveitada em Mother – A Busca pela Verdade, filme sensação do mais novo queridinho Bong Joon-ho, que nos conta a história de uma mãe (Kim Hye-ja) buscando provar a inocência de seu filho (Won Bin).

Uma das maiores qualidades do filme é flertar com um gênero ou um esquema narrativo conhecidos, mas com uma capacidade brilhante de fazer a história seguir por caminhos outros, trazendo novas sensações e reações. Veja o caso de nossa heroína: não temos uma mãe destemida e superinteligente, a personagem tem vários defeitos, sua fraqueza é exposta por um ato condenável feito no passado e, em determinado momento, ela será capaz de uma grande perversidade.

Se a protagonista possui tanta complexidade, tudo se torna mais potente quando uma grande intérprete assume o papel. Kim Hye-ja constrói sua personagem da forma mais genial possível, se utilizando de uma expressão facial riquíssima em nuances. Toda fragilidade de sua mãe ganha destemor e coragem na sua determinação de salvar o filho. É desde já uma das melhores atuações femininas do ano, com o desafio de encontrar interpretação com mesma força e genialidade a se comparar. Destaque também para o filho demente interpretado por um ótimo Won Bin que passeia entre o demente e o ridículo.

O diretor nunca procura saídas fáceis. O filme se arrisca por caminhos inesperados, mas que são muito mais sinceros, por mais que ponha em cheque a credibilidade de seus personagens. Dessa forma, se torna muito mais sincero e humano. Além disso, terá coragem suficiente para conduzir a história a um desfecho cruel e sem concessões. Os personagens estão à mercê dos acontecimentos em que a verdade tem papel preponderante, para o bem e para o mal.


Bong Joon-ho confirma o grande cineasta que é pelo cuidado minimalista, seja na composição da história (os mínimos detalhes vão encontrando sua importância na narrativa), seja na construção das cenas. O pôr-em-cena, em suas mãos, torna-se um dos trabalhos mais gratificante do filme porque é possível perceber na tela o apuro de filmar cada tomada, muito embora o filme nunca soe calculado.

Além disso, o tom trágico da história ganha contornos cômicos da forma mais bizarra possível, tanto pela própria construção dos personagens (mãe ingênua e filho demente), mas também pelo desenrolar da narrativa. O equilíbrio perfeito entre essas duas atmosferas é o que confere a sensação de estranheza em torno do filme, mas das mais positivas porque nos dá a certeza de estarmos diante de um trabalho ao mesmo tempo atípico e refrescante.

quinta-feira, 18 de março de 2010

O passado que não volta

O Segredo de Seus Olhos (El Secreto de Sus Ojos, Argentina/Espanha, 2009)
Dir: Juan José Campanella



Há alguns momentos desse filme que me fizeram pensar que ele estaria entre os melhores do ano. A primeira metade é sensacional. Acompanhamos o reencontro do oficial de justiça Benjamin Espósito (Ricardo Darín) com sua ex-chefe, a bela Irene (Soledad Villamil). Aposentado, ele agora quer escrever sobre o caso Morales e logo o filme volta uns 25 anos para nos apresentar o episódio de assassinato e violência sexual sofrido por uma moça em sua própria casa, e os esforços para prender o culpado.

Além de equilibrar presente e passado no decorrer da história (ajudado sempre por uma edição competente em balancear os dois tempos narrativos), o filme se divide na tensão amorosa que surge entre Benjamin e Irene, ao mesmo tempo em que valoriza o desenrolar do caso.

O filme aproveita para alfinetar o sistema judiciário argentino e suas incoerências no jogo de poder e disputas profissionais que põem a real resolução do caso em segundo plano. Nesse sentido, o quase caso entre os dois colegas de trabalho sai perdendo porque o filme nunca consegue dar dimensão dramática para a história dos dois, sempre mal resolvida. Em alguns momentos fica clichê, como a cena de abertura do filme que mostra Irene correndo atrás do trem que leva Benjamim para longe.

Mesmo assim, Juan José Campanella continua dono de um texto sensacional, com ótimas tiradas e diálogos, coisa que ele já tinha mostrado em filmes anteriores. Mas os ótimos Clube da Lua, O Mesmo Amor, A Mesma Chuva e o excelente O Filho da Noiva tinham algo de tragicômico. Aqui, ele adota o drama num filme marcado pela dor e pela perda. Além disso, há momentos sublimes como o desfecho final e o plano-sequência absurdamente construído num estádio de futebol.

O filme se beneficia também de ótimos intérpretes para conferir toda a dimensão dramática da história. Ricardo Darín já é figura carimbada no cinema argentino, um ator de primeira, que sabe ser sutil e intenso ao mesmo tempo. Destaque também para Soledad Villamil e sua bela e determinada Irene, além do braço direito de Benjamin vivido por Guillermo Francella, dono de um personagem complexo que transita entre o amigo divertido, o profissional engajado e o bêbado viciado.

De uma forma geral, pode-se dizer que Benjain espera retomar coisas do passado. É extremamente óbvio que o passado não tem volta, mas é incrível como o ser humano busca, de uma forma ou de outra, reparar seus erros e falhas, buscando no presente uma nova chance, uma redenção, uma forma de retorno. Às vezes se consegue; outras, não.

sábado, 13 de março de 2010

O mal, inevitavelmente

Um Homem Sério (A Serious Man, EUA, 2009)
Dir: Joel e Ethan Coen


Um Homem Sério é o tipo de filme pequeno que demonstra o quanto seus realizadores são tipos incríveis, capazes de construir histórias que, aparentemente simplórias, dizem muito sobre o ser humano; nesse caso, de um homem em estado crítico. O melhor é que isso não vem na forma de lição de moral, mas do mais discreto e afiado humor negro, especialidade dos irmãos.

Larry Gopnik (Michael Stuhlbarg) é um professor de física que vê seu mundo ruir quando a esposa pede o divórcio para se casar com um amigo da família. Ele tem um aluno, de origem coreana, que tenta suborná-lo para receber uma nota de aprovação, além dos filhos fúteis com que tem de lidar e o irmão desequilibrado que está passando um período em sua casa. Larry, portanto, é um ser já apático que vai se perdendo cada vez mais à medida que sua situação se complica.

O homem sério do título é justamente aquilo que ele não consegue ser pelo simples fato de aceitar tudo passivamente. Larry não tem controle sobre sua vida, nem parece se esforçar para isso. Os Coen aproveitam para falar sobre como os males surgem em nossas vidas sem aviso prévio, e de como muita gente nada faz pára evitá-los ou resolve-los. Talvez por isso o filme se inicia com uma assustadora anedota (uma espécie de conto judaico antigo) que diz muito sobre o filme.

E esse tom judeu não vem por acaso uma vez que a história se passa numa comunidade judaica, cujos preceitos e dogmas ficam explícitos no filme, agregando valor de tradicionalidade aos personagens. Fator esse que reforça a apatia de Larry, visivelmente acomodado num padrão confortável através da religião. E o mais interessante é que os Coen, sendo judeus, de uma só vez, apresentam e alfinetam a própria religião.

Mesmo que o protagonista Michael Stuhlbarg esteja excepcional no filme, seu personagem perfazendo mais um idiota no rol que os Coen construíram, é preciso dar crédito a todo o impecável elenco. E também a um trabalho de direção bastante maduro (nenhuma novidade, aliás). Cada plano e enquadramento parecem feitos na medida certa entre o belo e o cuidadoso, beirando o calculado, ajudados por uma fotografia belíssima. É só se lembrar das cenas de Larry no telhado ou da cerimônia do Bar Mitzvá de seu filho.

Por mais graça que o filme tenta imprimir nesse inferno astral de seu personagem, existe todo um tom melancólico que acompanha Larry durante o filme. O final de anúncios trágicos é pouco esclarecedor, mas parece prenunciar males ainda piores na vida do protagonista. Seria a hora de agir ou de, mais uma vez, deixar o mal entrar em casa.

terça-feira, 9 de março de 2010

3X Pasolini


Se formos pensar que Pasolini, além de cineasta, era também poeta e filósofo, dá para entender que seus filmes não tinham intenção de serem obras de fino estético cinematográfico. Sua dramaturgia bastante pobre e os atores amadores, quase sempre péssimos, não ajudam em nada a melhorar o pacote. O diretor queria usar o cinema como forma de expor um certo estado de coisas na Itália das décadas de 60 e 70, uma forma militante de criticar acidamente uma sociedade que caminhava cada vez mais para o conservadorismo (que por sua vez, se aproximava bastante do fascismo). Por esse ponto de vista, sua obra ganha um interesse a mais.


Gaviões e Passarinhos (Uccellacci e Uccellini, Itália, 1966)


Gaviões e Passarinhos é uma comédia carregada por um tom marxista. Ou seja, estamos diante de um filme político, mas que se utiliza da graça para falar da luta de classes e da questão da exploração do homem pelo homem. Encontramos dois personagens, pai e filho (os atores Totò, famoso comediante italiano da época, e Ninetto Davoli, ator fetiche de Pasolini), numa estrada, quando eles encontram um gavião falante que lhes acompanhará por toda a viagem.

O filme se faz o tempo todo de dualidades, como na história de evangelização dos pássaros, em que no fim um gavião acaba atacando e matando um passarinho (a representação da subjugação do mais fraco pelo mais forte); ou no fim da jornada quando os dois personagens chegam a um casebre para cobrar o aluguel de uma família pobre, sendo que eles mesmos serão cobrados mais tarde por um rico proprietário que quer o pagamento pela casa onde moram. Tudo isso num texto leve, engraçado, nas mãos de atores com timing perfeito. Pasolini num de seus melhores momentos.


As Mil e Uma Noites (Il Fiori Della Mille e Une Notte, Itália, 1974)


Esse filme é o último da chamada Trilogia da Vida (formada ainda pelos fracos O Decameron e Os Contos de Canteburry), e de todos é o que mais gosto, de longe. A intenção é a mesma dos demais: através de histórias que envolvem sexo e libertinagem, sem o menor moralismo, explorar o instinto humano na tentativa de se confrontar com o conservadorismo italiano da época. Mas diferente dos anteriores, o diretor não tenta aliar escatologia (que nunca me agrada) à comédia. Todas as histórias têm sua cota de interesse, o roteiro consegue se fechar muito bem, o fantástico é bem dosado no filme e o texto parece bem mais caprichado.

Além disso, possui uma produção das mais caprichadas, porque, para dar consistência aos textos que se passam em regiões árabes, o tom exótico domina a tela, com figurinos e direção de arte bem vistosos e belos planos filmados pelo diretor. Parece ser seu filme mais cinematográfico. Se sua dramaturgia ainda é bastante pobre, é mais por ser uma marca do Pasolini do que por um defeito.


Saló ou Os 120 Dias de Sodoma (Salò o le 120 Giornate di Sodoma, Itália, 1975)


O que menos me agrada no cinema do Pasolini é a escatologia, como já disse. Saló tinha tudo para que essa escatologia tivesse importância narrativa, que fosse pertinente e aí se justificasse, mas acaba se tornando repetitivo, tentando vencer pela asquerosidade. Com a II Guerra ainda em andamento, um grupo de aristocratas fascistas sequestram vários jovens e os enclausuram num castelo, obrigando-os a todo tipo de perversidade sexual e humilhação, o que envolve sadomasoquismo, fezes, urina e mortes (contos do Marquês de Sade foram a inspiração da obra). E o filme é só isso.

É bastante pertinente que toda essa perversidade seja cometida pelos fascistas, o que acaba sendo uma grande metáfora de toda a porcaria e degradação que o grupo realizou nos países ocupados. Mas o filme se acomoda no choque das cenas que, na verdade, nem são tão explícitas assim, embora à época tenham causado grande impacto nos espectadores. A ideia se esgota já no início. Muita escatologia para pouco discurso.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Oscar 2010

Se por um lado fiquei extremamente deprimido por Tarantino não ter ganho roteiro original (nem isso, meu Deus!) e por A Fita Branca ter perdido para o mediano longa argentino, pelo menos não vimos a vitória avassaladora de Avatar como tanta gente previa (ainda bem que mudei meus votos na última hora para uns bolões por aí).

Foi bonito ver Guerra ao Terror ir derrubando as chances dos Na’Vi de plantão (até os prêmios de edição e mixagem de som foram surrupiados). Nem a Bigelow tava acreditando no resultado final. Sandra Bullock parecia que tava com cólica forte e enjoada, porque recebeu o Oscar como quem queria devolver a estatueta. E eu já tava vendo a hora da câmera flagrar George Glooney tirando uma soneca.

Se não foi a noite de Bastardos Inglórios, pelo menos um filme de qualidade levou o reconhecimento. E que surpresa foram os prêmios de roteiro. Preciosa levou a melhor sobre Amor Sem Escalas, mas possui a mesma lógica de consolação. E como a idéia era glorificar o filme de Bigelow, deixou o Tarantino para trás. Ela era só sorrisos.

E não vou me cansar de dizer que o Haneke merecia muito um Oscar! Se bem que para quem já tem uma Palma de Ouro...

E eu é que não vou ficar aqui falando que a festa foi chata, longa, previsível e demorada porque todo mundo sabe disso, mas ninguém deixa de assistir.

sábado, 6 de março de 2010

Previsões para o Oscar 2010


Não sou de ficar postando previsões e análises sobre o Oscar tempos antes da premiação, embora esteja atento para a dança de possibilidades. Mas gosto de lançar meus palpites de última hora e ainda tentar ver a maior quantidade possível de filmes selecionados. É divertido.


Filme

Avatar
Um Sonho Possível
Distrito 9
Educação
Guerra ao Terror
Amor sem Escalas
Bastardos Inglórios
Preciosa – Uma História de Esperança
Up - Altas Aventuras
Um Homem Sério

Nem o aumento para dez no número de indicados conseguiu trazer prestígio à categoria principal, o que, de certa forma, já era por se esperar. Assim, há mais filmes que não mereciam do que o habitual, como Um Sonho Possível, Educação e Amor Sem Escalas. Ao mesmo tempo, tem umas pérolas perdidas como Um Homem Sério, Guerra ao Terror, Distrito 9 e meu favorito, Bastardos Inglórios. Mas a disputa fica entre o “visionário” Avatar e Guerra ao Terror no que talvez seja um dos Oscar mais disputados dos últimos anos. Não existe favoritismo, qualquer um pode ganhar. Sendo assim, arrisco o multimilionário filme de James Cameron. A Academia não deve ignorar isso.

Meu palpite: Avatar
Minha ordem de preferência: Bastardos Inglórios, Um Homem Sério, Guerra ao Terror, Distrito 9, Avatar, Up – Altas Aventuras, Preciosa – Uma História de Esperança, Amor sem Escalas, Um Sonho Possível, Educação

Diretor

James Cameron - Avatar
Kathryn Bigelow - Guerra ao Terror
Quentin Tarantino - Bastardos Inglórios
Lee Daniels - Preciosa
Jason Reitman - Amor sem Escalas

Essa categoria mostra quais dos dez indicados acima são os queridinhos, a turma de respeito. Uma pena porque a direção de Lee Daniels e Jason Reitman juntas não vale o trabalho dos irmãos Coen, ignorados aqui. Dentre os selecionados, ninguém é melhor que Tarantino, senhor de uma maturidade cinematográfica exemplar. Mas é o momento de dividir os prêmios principais e gratificar Kathryn Bigelow, que dirige incrivelmente seu filme. E ainda seria a primeira mulher a ganhar na categoria. Parece irresistível.

Meu palpite: Kathryn Bigelow
Minha ordem de preferência: Quentin Tarantino; Joel e Ethan Coen, Kathryn Bigelow; James Cameron; Lee Daniels; Jason Reitman


Roteiro adaptado

Neill Blomkamp e Terri Tatchel - Distrito 9
Nick Hornby - Educação
Jesse Armstrong, Simon Blackwell, Armando Iannucci e Tony Roche - In the Loop
Geoffrey Fletcher - Preciosa
Jason Reitman e Sheldon Turner - Amor sem Escalas

As maiores decepções aqui são a inclusão de Amor Sem Escalas, com um texto raso, e Educação, com um texto péssimo e autoindulgente. Distrito 9 e sua visão sensacional da discriminação racial via história de aliens é o melhor de todos, seguido pelo texto esperto e afiado de In the Loop. A categoria tem cara de prêmio de consolação que deve ir para Amor Sem Escalas.

Meu palpite: Amor Sem Escalas
Minha ordem de preferência: Distrito 9, In the Loop, Preciosa, Amor Sem Escalas, Educação

Roteiro original

Mark Boal - Guerra ao Terror
Quentin Tarantino - Bastardos Inglórios
Alessandro Camon e Oren Moverman - O Mensageiro
Joel e Ethan Cohen - Um Homem Sério
Pete Docter, Bob Peterson e Tom McCarthy - Up - Altas Aventuras

Bela categoria, essa. Todos de bons a ótimos, nenhum mediano. Mas convenhamos que o forte de Guerra ao Terror não é o roteiro e que O Mensageiro escorrega aqui e ali. As animações da Pixar mostram mais uma vez capacidade de suas histórias em sair do lugar-comum. Os Coen construíram um texto cheio de nuances e mistério. E Tarantino é um gênio da palavra. Deve ser sua consolação aqui por ser ignorado eternamente.

Meu palpite: Bastardos Inglórios
Minha ordem de preferência: Bastardos Inglórios, Um Homem Sério, Up - Altas Aventuras, Guerra ao Terror, O Mensageiro.

Ator

Jeff Bridges - Coração Louco
George Clooney - Amor sem Escalas
Colin Firth - Direito de Amar (não visto)
Morgan Freeman - Invictus
Jeremy Renner - Guerra ao Terror

Parece que ninguém ameaça a vitória de Jeff Brifges, grande ator em grande fase. Talvez somente George Clooney, porque a Academia o adora, além do talento. Não vi o filme de Colin Firth, mas o elogiam muito (vindo com um prêmio no Festival de Veneza). Morgan Freeman está correto e eu precisaria rever Guerra ao Terror para achar o trabalho de Jeremy Renner excelente como muita gente vem dizendo.

Meu palpite: Jeff Bridges
Minha ordem de preferência: Jeff Bridges, George Clooney, Jeremy Renner, Morgan Freeman

Ator coadjuvante

Matt Damon - Invictus
Woody Harrelson - O Mensageiro
Christopher Plummer - The Last Station (não visto)
Stanley Tucci - Um Olhar do Paraíso
Christoph Waltz - Bastardos Inglórios

Acho bem fraca essa categoria, coma ressalva de que não vi o filme de Christopher Plummer. Stanley Tucci está exageradíssimo, Matt Damon e Woody Harrelson somente corretos. Parece barbada para Christoph Waltz e sua genial composição do general Hans Landa. O cara é talentoso e ainda recebe um texto sensacional, só podia dar nisso.

Meu palpite: Christoph Waltz
Minha ordem de preferência: Christoph Waltz, Woody Harrelson, Matt Damon, Stanley Tucci

Atriz

Sandra Bullock - Um Sonho Possível
Helen Mirren - The Last Station (não visto)
Carey Mulligan - Educação
Gabourey Sidibe - Preciosa
Meryl Streep - Julie & Julia

Depois de Melhor Filme, aqui parece estar outro grande embate da premiação: Sandra Bullock versus Meryl Streep. A primeira se aproveita de uma fase “séria” para dar dignidade a sua atuação, embora esteja melhor que o habitual enquanto Streep parece ter reais chances depois de inúmeras indicações sem prêmio. Eu preferiria Carey Mulligan que é a melhor coisa de Educação. Para uma novata, Gabourey Sidibe se sai muito bem. E além de eu não ter visto Last Station, Helen Mirren parece ter sido lembrada aqui por seu respeito.

Meu palpite: Sandra Bullock
Minha ordem de preferência: Carey Mulligan, Gabourey Sidibe, Meryl Streep, Sandra Bullock

Atriz Coadjuvante

Penélope Cruz - Nine
Vera Farmiga - Amor sem Escalas
Maggie Gyllenhaal - Coração Louco
Anna Kendrick - Amor sem Escalas
Mo'Nique - Preciosa

Aqui, outra barbada: é Mo’Nique na cabeça. A comediante encontrou um papel forte à altura de seu talento e um texto de cortar o coração. Mas a surpresa de Maggie Gyllenhaal é das melhores, e Vera Farmiga faz bonito em seu filme. Mas, sinceramente, eu não sei quem está pior, se Penélope Cruz ou Anna Kendrick.

Meu palpite: Mo'Nique
Minha ordem de preferência: Mo'Nique, Maggie Gyllenhaal, Vera Farmiga, Anna Kendrick, Penélope Cruz


Filme em língua estrangeira

Ajami - Israel
O Segredo de Seus Olhos - Argentina
A Teta Assustada - Peru
O Profeta - França
A Fita Branca - Alemanha

O que de início tinha me parecido uma grande categoria, foi ficando na promessa. Mas a presença de A Fita Branca já eleva bastante a coisa, e será o provável vencedor, embora surpresas são comuns aqui. O Segredo de Seus Olhos tem tantos altos e baixos que perde muito sua força. A Teta Assustada não consegue estar à altura do que promete no início e O Profeta é bom do início ao fim, mas só. Ajami não vi. O reconhecimento de Michael Haneke, num tipo de premiação que não é cara dos filmes dele, me faria muito feliz.

Meu palpite: A Fita Branca
Minha ordem de preferência: A Fita Branca, O Segredo de Seus Olhos, O Profeta, A Teta Assustada


Animação

Coraline e o Mundo Secreto
A Princesa e o Sapo
O Fantástico Sr. Raposo
O Segredo de Kells
Up - Altas Aventuras

Apesar de ter sido acusada de alguns desfalques, esta categoria está ótima. Tem filme da Pixar mais uma vez, embora fique devendo a outros anteriores, faz uma bela homenagem aos filmes 2D, tanto com a “volta por cima” da Disney, quanto com a mais inusitada delas, a belezinha que é O Segredo de Kells, e ainda conta com o stop motion de Coraline e seu universo complexo. Mas é O Fantástico Sr. Raposo a cereja do bolo, também em stop motion, que traz a carga autoral de Wes Anderson, inspiradíssimo aqui. Mas a indicação de Up na categorial principal confere respaldo, não parece haver dúvidas.

Meu palpite: Up - Altas Aventuras
Minha ordem de preferência: O Fantástico Sr. Raposo, O Segredo de Kells, Coraline e o Mundo Secreto, Up - Altas Aventuras, A Princesa e o Sapo
Direção de arte

Avatar
O Mundo Imaginário de Dr. Parnassus (não visto)
Nine
Sherlock Holmes
The Young Victoria (não visto)

Meu palpite: Sherlock Holmes
Minha ordem de preferência: Sherlock Holmes, Avatar, Nine

Fotografia

Avatar
Harry Potter e o Enigma do Príncipe
Guerra ao Terror
Bastardos Inglórios
A Fita Branca

Meu palpite: Avatar
Minha ordem de preferência: A Fita Branca, Bastardos Inglórios, Harry Potter e o Enigma do Príncipe, Guerra ao Terror

Figurino

Brilho de uma Paixão
Coco Antes de Chanel
O Mundo Imaginário de Dr. Parnassus (não visto)
Nine
The Young Victoria (não visto)
Meu palpite: Brilho de uma Paixão
Minha ordem de preferência: Brilho de uma Paixão, Coco Antes de Chanel, Nine

Documentário longa-metragem

Burma VJ (não visto)
The Cove
Food, Inc. (não visto)
The Most Dangerous Man in America: Daniel Ellsberg and the Pentagon Papers (não visto)
Which Way Home (não visto)

Meu palpite: The Cove
Minha ordem de preferência: The Cove

Edição

Avatar
Distrito 9
Guerra ao Terror
Bastardos Inglórios
Preciosa

Meu palpite: Avatar
Minha ordem de preferência: Bastardos Inglórios, Guerra ao Terror, Distrito 9, Avatar, Preciosa

Maquiagem

Il Divo (não visto)
Star Trek
The Young Victoria (não visto)

Meu palpite: Star Trek
Minha ordem de preferência: Star Trek


Trilha sonora original

James Horner - Avatar
Alexandre Desplat - O Fantástico Senhor Raposo
Marco Beltrami e Buck Sanders - Guerra ao Terror
Hans Zimmer - Sherlock Holmes
Michael Ziacchino - Up - Altas Aventuras

Meu palpite: Up - Altas Aventuras
Minha ordem de preferência: Up - Altas Aventuras, Sherlock Holmes, O Fantástico Senhor Raposo, Avatar, Guerra ao Terror

Canção original

"Almost There", de Randy Newman - A Princesa e o Sapo
"Down in New Orleans", de Randy Newman - A Princesa e o Sapo
"Loin the Paname", de Reinhardt Wagner (música) e Frank Thomas (letra) - Paris 36 (não visto)
"Take it All", de Maury Yeston - Nine
"The Weary Kind", de Ryan Bingham e T Bone Burnett - Coração Louco

Meu palpite: "The Weary Kind"
Minha ordem de preferência: "Down in New Orleans", "The Weary Kind", "Almost There", "Take it All"


Edição de som

Christopher Boyes e Gwendolyn Yates Whittle - Avatar
Paul N.J. Ottoson - Guerra ao Terror
Wylie Stateman - Bastardos Inglórios
Mark Stoeckinger e Alan Rankin - Star Trek
Michael Silvers e Tom Myers - Up - Altas Aventuras

Meu palpite: Avatar
Minha ordem de preferência: Guerra ao Terror, Up - Altas Aventuras, Bastardos Inglórios, Avatar, Star Trek

Mixagem de som

Avatar
Guerra ao Terror
Bastardos Inglórios
Star Trek
Transformers: Vingança dos Derrotados

Meu palpite: Avatar
Minha ordem de preferência: Guerra ao Terror, Star Trek, Avatar, Bastardos Inglórios, Transformers: Vingança dos Derrotados

Efeitos especiais

Avatar
Distrito 9
Star Trek

Meu palpite: Avatar
Minha ordem de preferência: Avatar, Star Trek, Distrito 9


Ordem de preferência dos filmes:

Bastardos Inglórios ****½
A Fita Branca ****½
Um Homem Sério ****
O Fantástico Sr. Raposo ****
Star Trek ****
Guerra ao Terror ****
Distrito 9 ****
O Segredo de Kells ***½
Coraline e o Mundo Secreto ***½
Avatar ***½
Up - Altas Aventuras ***½
Brilho de uma Paixão ***½
Coração Louco ***½
Preciosa ***½
Coco Antes de Chanel ***½
In the Loop ***½
O Segredo de Seus Olhos ***
O Profeta ***
A Princesa e o Sapo ***
O Mensageiro ***
Harry Potter e o Enigma do Príncipe ***
A Teta Assustada ***
The Cove ***
Invictus **½
Amor Sem Escalas **½
Julie & Julia **
Um Sonho Possível **
Nine *½
Educação *½
Sherlock Holmes *½
Transformers: A Vingança dos Derrotados *½
Um Olhar do Paraíso *

quarta-feira, 3 de março de 2010

Curtinhas

Procurando Elly (Darbareye Elly, Irã, 2009)
Dir: Asghar Farhadi


Inusitadamente, Procurando Elly é uma grata surpresa entre os lançamentos do ano. O cinema iraniano volta bastante seu olhar para questões sociais que assolam o país, descendente direto do neorrealismo italiano. No entanto, Procurando Elly aposta na tensão criada a partir do desaparecimento de uma desconhecida. O filme tem a capacidade de fazer a situação se afundar no poço à medida que o desespero e os desentendimentos em torno da moça vão vindo à tona.

Elly (Taraneh Alidoosti) é professora de uma menininha cuja mãe decide convidá-la para um fim de semana numa casa de praia onde os amigos de Ahmad (Shahab Hosseini) festejarão seu retorno, pois o rapaz morava na Alemanha. Agora, divorciado, ele procura uma esposa iraniana, e Elly parece ser uma boa pretendente; isso se ela não desaparecesse no dia seguinte. O filme flerta com certa contemporaneidade das relações amorosas do mundo árabe, tão marcado pelas regras sociais e religiosas. Mas o maior trunfo da narrativa é manter o espectador apreensivo pelo desfecho da história, enquanto o mundo dos personagens desaba em nossa frente.


O Mensageiro (The Messenger, EUA, 2009)
Dir: Oren Moverman


O Mensageiro vem cercado de uma grande frustração. A ideia central do filme é muito boa: soldado que recebe a ingrata missão de fazer parte do grupo de notificação dos familiares de colegas mortos na guerra. Will (Ben Foster) se mostra bastante incomodado com sua nova função, algo que exige uma estrutura emocional que ele não possui justamente por ter voltado recentemente do campo de batalha depois de ser ferido. É assim que o filme procura alfinetar todo o sistema bélico na medida em que este desestrutura o psicológico daqueles homens que se dizem defensores de uma nação.

No entanto, além de se mostrar um tanto repetitivo, o filme por vezes envereda por caminhos estranhos que diminuem a força do todo (a ida ao casamento da ex-namorada de Will, por exemplo), embora existam momentos sensacionais ao longo do filme, com destaque para as abordagens de notificação, cercados de uma tensão incrível. Mas o melhor aqui são os personagens. Ben Foster faz um ótimo trabalho em revelar toda a dificuldade em se readequar à sociedade. Woody Harrelson é o tipo durão veterano que já se acostumou a seu trabalho. Mas ninguém está melhor do que Samantha Morton, dona de uma personagem complexa, que traduz muito bem a dor de uma mãe que perdeu o marido, frente à possibilidade de um novo relacionamento, embora não pareça ainda preparada. Uma das grandes atuações do ano.


Invictus (Idem, EUA, 2009)
Dir: Clint Eastwood


Por mais que eu goste do cinema clássico de Clint Eastwood, não tenho me identificado com seus últimos filmes. Para se juntar a Gran Torino e A Troca, chega Invictus repleto de frases feitas a fim de lançar um sentimento de compaixão e um discurso de tolerância na África do Sul pós-Apartheid. Esse não é um filme sobre Nelson Mandela (que em 2010 comemora 20 anos de sua libertação), mas de seu desafio em inspirar um sentimento de união num país dividido entre brancos ricos e negros duramente explorados em sua própria nação. Para isso, ele vai usar o valor do esporte, no caso, do rúgbi, para fortalecer esse sentimento.

Não duvido em nenhum momento da integridade do grande homem que é o Mandela nem de seu amor e senso de justiça, mas o filme se arrisca demais num discurso que soa muitas vezes panfletário, embora Morgan Freeman se esquive muito bem desse estigma. Pena que o roteiro é bastante fragilizado para dar conta da equipe comandada por François Pienaar (Matt Damon, correto, somente, o que me faz não entender sua indicação ao Oscar) que, de time fracassado, passa a equipe vencedora, como se uma simples visita de Mandela fosse o suficiente para injetar talento na equipe.


Um Olhar do Paraíso (Lovely Bones, EUA/Nova Zelândia, 2009)
Dir: Peter Jackson


Chega a ser um tanto inexplicável como um filme de Peter Jackson pode alcançar momentos tão constrangedores como acontece com esse Um Olhar do Paraíso. Como não li o livro homônimo de Alice Sebold no qual a história se baseia, não sei dizer se o problema está no material original (o que suspeito), ou se na transposição para a tela. Temos a adolescente Susan (Saoirse Ronan) que é assassinada por um maníaco e passa a vigiar sua família e o assassino de um lugar intermediário lá no além, onde quer que isso seja. Assim, o filme se divide em dois centros narrativos, e nenhum deles possuem a dimensão exata do drama que a história tenta expressar.

O universo paralelo criado é tão berrantemente digitalizado que só passa a impressão de mania de grandeza, de exibicionismo, além de não fazer sentido algum para a garota que transita de um espaço a outro sem um motivo claro. Na Terra, a coisa é ainda pior porque o filme não consegue desenvolver nenhum de seus personagens nem a dor que se abateu na família. Pai, mãe, irmãos e avó são todos muito rasos, apesar de possuírem ótimos intérpretes. O mesmo se pode dizer de Stanley Tucci, exageradíssimo em sua composição. O filme é cheio de uma tristeza que nunca parece soar verdadeira, embora toda a situação merecesse tal tratamento. Pior é quando o filme tenta apaziguar tudo com um final moralista, fajuto e adocicado. Que vergonha, Peter Jackson.


Educação (An Education, Reino Unido, 2009)
Dir: Lone Scherfig


Do início ao fim, Educação é um filme frágil. Parte do encantamento da jovem Jenny (a gracinha Carey Mulligan) por um mundo de liberdade e prazeres que quebra sua rotina e seus planos futuros ao conhecer o galante David (Peter Sarsgard) e seus amigos boas-vidas. Daí surge o interessante conflito entre a educação escolar tradicional para alcançar notas e graus de eficiência versus o aprendizado que a vivência pode nos proporcionar. Fica a sensação de desconforto toda vez que vemos a protagonista, uma garota tão inteligente, sendo enganada da forma mais descarada, e com um sorriso no rosto.

A construção dos personagens é fragilizada por capricho de um roteiro que ainda tem a insensatez de sabotar o próprio filme com um desfecho moralista e brochante. A atriz Carey Mulligan toma todas as atenções do filme, e merecidamente, numa interpretação cheia de vitalidade, mas destacaria também Peter Sarsgard, grande ator subestimado, que promove uma revolução na vida certinha da protagonista. Pena que faltou coragem para levar a proposta adiante.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Filmes de Fevereiro


1. Onde Vivem os Monstros (Spike Jonze, EUA, 2009) ****

2. Sherlock Holmes (Guy Ritchie, EUA, 2009) **

3. O Rosto (Ingmar Bergman, Suécia, 1958) ***

4. Mother – A Busca pela Verdade (Bong Joon-ho, Coreia do Sul, 2009) ****½

5. O Mestre da Guilhotina Voadora (Jimmy Wang Yu, Twain/Hong Kong, 1975) ***

6. Invictus (Clint Eastwood, EUA, 2009) **½

7. A Revolução Não Será Televisionada (Kim Bartley e Donnacha O’Briain, Irlanda/Holanda/Alemanha/Reino Unido/Finlândia, 2003) ***½

8. A Ilha de Bergman (Marie Nyreröd, Suécia, 2006) ***

9. A Fita Branca (Michael Haneke, Alemanha/Áustria/França/Itália, 2009) ****½

10. Fuga para Odessa (James Gray, EUA, 1994) ***½

11. Educação (Lone Scherfig, Reino Unido, 2009) *½

12. Cão que Ladra Não Morde (Bong Joon-ho, Coreia do Sul, 2000) **

13. Nove Rainhas (Fabián Bielinsky, Argentina, 2000) ****

14. A Última Gargalhada (Friederich W. Murnau, Alemanha, 1924) ****½

15. Nine (Rob Marshall, EUA, 2009) *½

16. Pickpocket – O Batedor de Carteiras (Robert Bresson, França, 1959) ****

17. Preciosa – Uma História de Esperança (Lee Daniels, EUA, 2009) ***½

18. Tempos de Lobo (Michael Haneke, França/Áustria/Alemanha, 2003) ***

19. O Peso da Água (Kathryn Bigelow, EUA/França, 2000) **

20. Memórias de uma Gueixa (Rob Marshall, EUA, 2005) **

21. Um Homem Sério (Joel e Ethan Coen, EUA/França/Reino Unido, 2009) ****

22. O Mensageiro (Oren Moverman, EUA, 2009) ***

23. The Secret of Kells (Tomm Moore e Nora Twomey, Bélgica/França/Irlanda, 2009) ***½

24. O Fim da Escuridão (Martin Campbell, EUA/Reino Unido, 2009) **½

25. In the Loop (Armando Iannucci, Reino Unido, 2009) ***

26. Brilho de uma Paixão (Jane Campion, Austrália/França/Reino Unido, 2009) ***½

27. Fantasia (James Algar, Samuel Armstrong e Ford Beebe, EUA, 1940) ****

28. O Segredo de Seus Olhos (Juan José Campanella, Argentina/Espanha, 2009) ***

29. Um Olhar do Paraíso (Peter Jackson, EUA/Nova Zelândia/Reino Unido, 2009) *

30. Um Sonho Possível (John Lee Hancock, EUA, 2009) **

31. O Profeta (Jacques Audiard, França/Itália, 2009) ***

32. Da Vida das Marionetes (Ingmar Bergman, Alemanha Ocidental/Suécia, 1980) ****


Revisões:

33. Persépolis (Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud, França/EUA, 2007) ****