segunda-feira, 5 de maio de 2008

Curtinhas – vistos recentemente

O Homem de Ferro (Iron Man, EUA, 2008)
Dir: Jon Favreau


Não sou dos maiores fãs de quadrinhos e muito menos do Iron Man, personagem do qual não tenho muitas lembranças quando criança diante da TV. Portanto, sem grandes expectativas. Na verdade, a única coisa que me chamava atenção na produção era a presença do esquisito Robert Downey Jr. como o personagem título. Ele vive o bilionário Tony Stark, dono de uma indústria de armamentos bélicos. Quando é seqüestrado e obrigado a construir um míssil para terroristas afegãos, ele utiliza de sua habilidade de inventor para produzir uma armadura de metal a fim de se livrar de seus seqüestradores. Surge então o Homem de Ferro, ou pelo menos o desejo de criar uma armadura melhor e mais potente. O filme contém algumas falhas de roteiro, mas isso se deve mais à fidelidade à história original dos quadrinhos. No final das contas, o saldo é positivo para um filme de aventura: é divertido, tem adrenalina e sua parcela de fantasia.


O Sonho de Cassandra (Cassandra’s Dream, EUA/Inglaterra/França, 2007)
Dir: Woody Allen


De acordo com a mitologia grega, Cassandra é a adivinha, filha do rei dei Tróia, que previu o incidente com o cavalo de madeira, mas amaldiçoada por Zeus, ninguém acreditava em suas visões. Deu no que deu: tragédia. Aqui outra se anuncia, principalmente quando dois irmãos batizam um barco que compraram juntos de O Sonho de Cassandra. Vividos por Ewan McGregor e Colin Farrell, os dois vão se endividando na tentativa de se darem bem na vida. Esse último ainda é um viciado em jogos de azar além de sempre exagerar na bebida. Entra em cena um tio que poderá ajudá-los, mas precisará de um favor em troca. É, eu sei, vão falar que o diretor nova-iorquino está se repetindo nesse seu mais novo trabalho. Mas fazer o quê se o filme é bom? A história de personagens que se metem em sérios problemas e precisam tomar medidas drásticas para resolve-los já foi visto antes em sua filmografia, tanto em Match Point quanto no magnífico Crimes e Pecados, com os quais seu novo filme possui uma grande semelhança temática. Mas em se tratando da mente criativa de Allen, não espere um desfecho parecido com os dois filmes citados. Vindo dele, é de se esperar direção e roteiro muito bons, como os apresentados aqui, mas a grande surpresa é a atuação do Farrell que, de ator mediano, alcança ótimos momentos com um personagem tão trágico. A presente trilha sonora de Philip Glass é outro atrativo.


O Banheiro do Papa (El Baño del Papa, Uruguai/Brasil/França, 2007)
Dir: César Charlone e Henrique Fernández


O ano de 1988 ficou marcado na pequena cidade fronteiriça de Melo, divisa entre Brasil e Uruguai, pela passagem do Papa João Paulo II. Com a promessa de receber milhares de turistas para o evento, os habitantes do lugar se mobilizam para lucrar de alguma forma com o acontecimento, seja vendendo comida, bebida, medalhinhas de santos, ou até mesmo alugando um banheiro. É essa a idéia de Beto (muitíssimo bem interpretado por César Troncoso), um sacoleiro que sonha comprar uma moto a fim de trabalhar melhor. No mais belo estilo naturalista, sempre com câmera na mão, somos apresentados àquela comunidade, bem como a família de Beto e os conflitos nela existentes. O filme se utiliza desse personagem, e também do inusitado acontecimento, para retratar o dia-a-dia sofrido e sem esperanças daquele povo pobre, mas batalhador. A personalidade às vezes bruta do protagonista, as brigas com a esposa (Virginia Mendez) e os desentendimentos com a única filha adolescente (Virginia Ruiz), que sonha estudar na capital e ser repórter, são aspectos importantes para retratar os dramas humanos daqueles personagens. Então, não se trata de uma história sobre a vinda do Papa, mas sobre a luta diária por melhores condições. César Charlone, diretor de fotografia de Cidade de Deus e O Jardineiro Fiel, volta a sua terra natal para dirigir o filme juntamente com Henrique Fernández e, responsável por fotografar a película, faz mais outro belo trabalho. O filme foi o principal vencedor da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo ano passado.

3 comentários:

Anônimo disse...

Também gostei muito de "O Sonho de Cassandra", sem dúvida um dos melhores filmes do ano. Esperava um desfecho parecido com o de "Match Point", por isso me surpreendi ainda mais. Excelente trabalho de roteiro e trilha sonora. Quanto aos demais, ainda preciso ver. Abraço!

Kamila disse...

Dos filmes citados, só assisti "Homem de Ferro" e adorei! Achei uma obra super divertida, com boas cenas de ação e com ótimas atuações por parte de Robert Downey Jr. e Jeff Bridges.

Rafael Carvalho disse...

Vinicius, me lembro que quando o Allen lançou Melinda e Melinda e muita gente não gostou do filme, chegaram a falar que ele estava fcando velho e decadente. Quero ver quem tem coragem de falar isso agora. A fase pela qual ele tá passando, fazendo todos esses filmes na Eurapa, está sendo bastante produtiva e rica. E isso faz dele um dos maiores cineastas norte-americanos da atualidade.

Sobre o Homem de Ferro, Kamila, concordo exatamente com suas palavras. O filme oferece tudo isso que podemos esperar desse tipo de produção. Diversão garantida.