
Damião Experiença (DF/BR, 2007)
Dir: Jimi Figueiredo


Tira os Óculos e Recolhe o Homem (RJ/BR, 2008)
Dir: André Sampaio


Waldick, Sempre no Meu Coração (SP/BR, 2007)
Dir: Patrícia Pilar


A estréia da atriz Patrícia Pilar na direção de um longa acabou se tornando um filme-testamento. Waldick, Sempre no Meu Coração foi lançado tempos antes do cantor falecer por complicações de um câncer de próstata há pouco mais de um mês. Conhecido por sua música brega (Eu Não Sou Cachorro Não é o exemplo mais próximo), o documentário confere importância ao personagem e expõe detalhes de sua vida nem sempre tão românticos quanto suas músicas.
Daí vem o ponto positivo do filme: não há uma tentativa de vangloriar o personagem, de trazê-lo para o mainstream da música brasileira, embora o apego pela suas canções esteja impresso na obra. Sem correr muitos riscos, o documentário de apenas uma hora se apóia basicamente nos depoimentos, sem preocupações estéticas ou de busca pela construção de significados mais fortes das imagens. Talvez falte a Patrícia Pilar um contato maior com o formato.
O filme contou com o apoio do próprio Waldick que falou de sua árdua trajetória ao sair do interior da Bahia, em Caetité, para trabalhar na capital paulista. Passou por muita dificuldade até ser descoberto por um amigo e gravar uma música que logo se tornou sucesso nas rádios de São Paulo. Daí em diante, sua carreira seria consolidada.
Adentrando o íntimo desse personagem, passamos a conhecer os desenlances amorosos do grande mulherengo que era Waldick. Muitas mulheres passaram por sua vida ( sofrendo bastante) e talvez venha daí a matéria-prima de suas composições. Além disso, o filme revela o desentendimento dele com um de seus oito filhos, expresso numa das passagens mais duras do filme quando, ao se encontrarem, as cicatrizes do passado parecem continuar abertas. Nesse sentido, o filme simplesmente registra e nos entrega não um personagem construído, mas o mais verdadeiro e real possível.
O olhar terno de Patrícia Pillar, por outro lado, tenta encontrar o homem por trás da expressão dura do rosto, marcado pelas rugas do tempo. Talvez essa seja uma misteriosa contradição já que estamos falando daquele que cantou o amor mais rasgado e, principalmente, o mais puro e ingênuo sofrimento amoroso.
PS: as sessões da tarde têm contado com a presença de crianças de escolas públicas que são convidadas a assistir aos filmes. É a Mostra tentando formar público para o cinema brasileiro.
2 comentários:
Dos filmes citados no post, o único sobre o qual ouvi falar foi "Waldick, Sempre no Meu Coração". Uma pena que o filme só tenha estreado após a morte do Waldick Soriano, mas espero que ele tenha tido a oportunidade de conferir o trabalho feito pela Patrícia Pillar.
"Waldick" ganhou uma nova conotação após a morte do cantor e é por isso mesmo que chama a atenção, sem falar na direção da Patrícia Pillar.
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