sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Mais curtas

Algo como a Felicidade (Stestí, República Tcheca/Alemanha, 2005)
Dir: Bohdan Sláma


Não me lembro de ter assistido a nenhum filme tcheco antes. Descobri esse filme num blog e me interessei, principalmente pelo ator Pavel Linska que só recebe elogios da crítica. E que ótima surpresa. Acompanhamos a história de várias pessoas, amigos e familiares, cada qual com seus problemas e dilemas. Toník é apaixonado por Monika cujo namorado se mudou para os EUA e que está a sua espera. Mas ela toma para si a responsabilidade de cuidar filhos de Dasha, uma amiga que passa por problemas psíquicos e um relacionamento com um homem casado. A trama se desenvolve com muita simplicidade num tipo de atmosfera que é mais sugestiva do que diretamente exposta pelo roteiro. O filme tem um ar de melancolia (principalmente a cena final) com uma narrativa que revela a busca pela felicidade, mesmo que essa pareça nunca chegar. A música que toca durantes os créditos finais, I'm on the Corner of Your Mind, de Leonid Soilbelman (quem é esse cara?), não sai mais de minha cabeça.

Felicidade (Happiness, EUA, 1998)
Dir: Todd Solondz


Mais uma vez a história de personagens interligados entre si por laços de amizade ou parentescos, cada um em busca da mais simples realização pessoal. Mas o mérito de Felicidade reside no precioso texto do próprio Solondz. Ao mesmo tempo em que os personagens e suas ações ganham profundidade, o roteiro consegue extrair sem parecer tão perverso (mas existe uma atmosfera de humor negro afiadíssimo). Já na cena inicial percebemos isso, ao testemunharmos a rejeição de uma relacionamento amoroso. Mas o filme também sabe ser pesado, quando, por exemplo, um pai confessa seus crimes ao jovem filho (aqui eu fui às lágrimas). Com um punhado de boas atuações, descobrimos que para muitas pessoas a felicidade não se conquista assim tão fácil.

A Maldição da Flor Dourada (Man Cheng Jin Dai Huang Jin Jia, China/Hong Kong, 2006)
Dir: Zhang Yimou


Meu Deus, o que aconteceu como o Zhang Yimou? Como o cara que eu aprendi a admirar pela sensibilidade com que conduz os seus dramas humanos foi capaz de construir esse dramalhão digno de novela das seis? Uma decepção. Tendo lugar na China Medieval, acompanhamos as tramas e armações que a família imperial chinesa trama contra seus próprios membros, revelando intrigas pessoais, paixões proibidas, inveja pelo sucesso alheio, luta por poder, da forma mais melodramática possível. O texto é fraquíssimo e cartunesco, com os personagens caindo no maniqueísmo barato e fácil. E se a beleza visual poderia ser um atrativo, acaba soando como forma de despiste para a gama de intrigas novelescas. Fotografia e direção de arte ultra coloridas não possuem conexão alguma com as tramas amargas e vingativas de seus personagens. O filme vale mais pela bela atuação da Gong Li como a imperatriz envenenada aos poucos pelo próprio marido. E embora eu não tenha entendido bulhufas, a música dos créditos finais é belíssima.

Entre o Céu e o Inferno (Black Snake Moan, EUA, 2006)
Dir: Craig Brewer


O que mais acho interessante nos filmes do Craig Brewer é o fato dele extrair emotividade de um contexto tão brutalizado. No ótimo Ritmo de um Sonho, acompanhamos a trajetória de um cafetão que desejava ser músico. Aqui, o diretor promove o encontro entre uma ninfomaníaca (Cristina Ricci, extremamente sensual) com um bruto ex-cantor de blues (Samuel L. Jackson), que acabou de passar por um divórcio indesejável. Há ainda o namorado da garota que foi recrutado pelo exército e que possui sérios problemas de auto-confiança. Enquanto ela tenta controlar os seus impulsos sexuais, acaba sendo encontrada inconsciente pelo personagem de Jackson, tomando para si a tarefa de cuidar e curar a garota. As situações dos personagens são de extrema carga dramática e com vidas tão amargas, o Blues não poderia ter sido a escolha melhor para compor a trilha do filme. Destaque para a bela e arrepiante cena em que o próprio Jackson canta para a garota Black Snake Moan. A partir desses conflitos pessoais, os personagens descobrirão que a ajuda vem do estar próximo a alguém, demonstrado numa excelente cena final.

5 comentários:

Unknown disse...

Este Algo como a Felicidade até que interessou... Ah e eu tb nunca assiti a nenhum filme tcheco!

Wiliam Domingos disse...

Não estou no clima de filmes que falam sobre a busca da felicidade...enfim, sentimentalismo mesmo que muito bem exposto não será uma boa dica pra mim no momento!
Mas o filme tcheco até que atrai um pouco....
Quero conferir Entre o Céu e o Inferno...
Espero ver Brewer tão bem como dizem!
abraço!

Anônimo disse...

Todd Solondz é gênio!

Wallace Andrioli Guedes disse...

Não vi nenhum desses, mas sou doido para assistir Felicidade. Aliás, é um erro que eu tenho que corrigir: até hoje não assisti nada do Todd Solondz.
Estava meio desconfiado com esse Entre o Céu e o Inferno, mas seu texto me animou a arriscar uma olhada. Vou ver se alugo essa semana.
Postei no blog sobre Touro Indomável, que revi depois de um bom tempo. Dá uma olhada lá ...

Gustavo H.R. disse...

Mau sinal quanto a FLOR DOURADA... Se o elogiado CLÃ DAS ADAGAS VOADORAS foi motivo de decepção (ao menos para mim), esse último épico de artes marciais falhou em empolgar quase todo mundo.
FELICIDADE é praticamente um cult, mas assim como wallace não o conheço na prática, mas aparenta ser mesmo bem incisivo.