Gran Torino (Idem, EUA/Austrália, 2008)
Dir: Clint Eastwood

Espanta-me a quantidade de gente boa que vem considerando Gran Torino uma obra-prima. Não me parece um bom ano para Clint Eastwood, ao contrário do que muita gente pensa. A Troca esbarra no maniqueísmo simplista. Já Gran Torino possui uma interessante mensagem final, mas até lá vem acompanhado de um texto fraco, repleto de personagens caricaturais e fragilidade narrativa.
O filme não precisa de mais de dez minutos para apresentar a um amargo, presunçoso e preconceituoso Walt Kowalski (vivido pelo próprio diretor), ex-combatente da Guerra da Coreia, que acaba de perder a esposa. Sozinho na casa localizada em um bairro que abriga vários imigrantes, Walt passa a se aproximar de dois jovens vizinhos asiáticos, descendentes de uma etnia específica (hmong), depois que um deles tenta roubar seu carro, um Gran Torino 1972.
Vai-se criando então uma relação previsível de amizade entre Walt, sempre com pé atrás, e a família ao lado, a despeito da arrogância do protagonista. Na verdade, Walt reluta em encarar isso como uma amizade, mas vai descobrindo que possui mais afinidade com eles do que com a própria família (composta de filhos bobocas e netos mimados).
Walt pertence ao grupo de pessoas que enfrentam os problemas à base da força bruta. Quando gangues de ruas passarem a importunar os vizinhos, ele vai acabar repelindo os marginais com a espingarda e o olhar mortal. Cria-se então a oportunidade para o filme retratar a violência como estigma da sociedade contemporânea.
A personalidade antiquada do personagem, aliada à idade avançada, o faz repudiar o novo, como as roupas dos netos ou a propagação de imigrantes pelo país ao qual foi fiel e defendeu no campo de batalha. Mas Clint Eastwood vai saber emular um de seus personagens mais marcantes, Dirty Harry (o justiceiro acima da lei), para um propósito de redenção e redefinição de valores de um homem no fim da vida.
Dir: Clint Eastwood


O filme não precisa de mais de dez minutos para apresentar a um amargo, presunçoso e preconceituoso Walt Kowalski (vivido pelo próprio diretor), ex-combatente da Guerra da Coreia, que acaba de perder a esposa. Sozinho na casa localizada em um bairro que abriga vários imigrantes, Walt passa a se aproximar de dois jovens vizinhos asiáticos, descendentes de uma etnia específica (hmong), depois que um deles tenta roubar seu carro, um Gran Torino 1972.
Vai-se criando então uma relação previsível de amizade entre Walt, sempre com pé atrás, e a família ao lado, a despeito da arrogância do protagonista. Na verdade, Walt reluta em encarar isso como uma amizade, mas vai descobrindo que possui mais afinidade com eles do que com a própria família (composta de filhos bobocas e netos mimados).
Walt pertence ao grupo de pessoas que enfrentam os problemas à base da força bruta. Quando gangues de ruas passarem a importunar os vizinhos, ele vai acabar repelindo os marginais com a espingarda e o olhar mortal. Cria-se então a oportunidade para o filme retratar a violência como estigma da sociedade contemporânea.
A personalidade antiquada do personagem, aliada à idade avançada, o faz repudiar o novo, como as roupas dos netos ou a propagação de imigrantes pelo país ao qual foi fiel e defendeu no campo de batalha. Mas Clint Eastwood vai saber emular um de seus personagens mais marcantes, Dirty Harry (o justiceiro acima da lei), para um propósito de redenção e redefinição de valores de um homem no fim da vida.

Seria errôneo afirmar que o grande autor representado por Eastwood envelheceu porque o mais interessante do filme provém justamente de sua visão de mundo tão ampla e experiente. O melhor fica para um final que traz uma mensagem importante, sem soar como liçãozinha de moral. A história faz uma bela reflexão sobre a violência e a necessidade de se despir dela própria para enfrentá-la. Não se pode negar que esse é um filme de Clint Eastwood, esse grande touro sempre na intenção de nos inquietar. Uma pena que o todo não seja tão cuidadoso assim.
11 comentários:
Pois é, não acho Gran Torino uma obra-prima, mas ao menos um grande filme. É caricatural e clichê sim, mas filmes como Menina de Ouro, por exemplo, também são. Acho que o que faz Clint um grande cineasta é justamente seu talento em trabalhar com esses clichês, em torná-los poderosos emocionalmente. Nesse sentido, Gran Torino não alcança a excelência de um Menina de Ouro, mas quase chega lá.
Não me pronuncio... Ainda não vi esta obra. De qualquer forma, a maior parte das críticas que li vem contrariar a tua opinião. A ver vamos, depois dou feedback!
Cara, vou lhe dizer que eu não sou chegado no Clint Eastwood como diretor, sabe? Não criei afinidade com o cinema dele. Não vi A troca e também não estou me movimentando para ver esse aí.
Abs!
Rafael, gostei muito de Gran Torino. Ainda acho Os Imperdoáveis o melhor filme de Clint, mas Gran Torino está lá em cima também. Clint é - sem dúvida - um dos maiores diretores de hoje e seus filmes - como esse - estão construindo um belo retrato da América contemporânea.
Abraçoo!
Vou esperar este filme chegar na locadora ... Esquecido pela academia, espero receber um bom filme de CLint, já que "A Troca" é um caos!
Até dois minutos atrás eu estava com muita vontade de ver o filme. Agora, se não vier outra opção, eu vou! hehehe
Wallace, acho que tinha muito para ser mesmo um grande filme, mas o roteiro por vezes sabota muita coisa. Mas existe ótimas intenções na história. E é interessante você citar Menina de Ouro porque amo esse filme, mas concordo que tenha alguns lugares-comuns. Mesmo assim, a história é forte o suficiente para que esses clichês empalideçam. Mas Gran Torino não me pegou desse jeito. Infelizmente.
Pois é Filipe, muita gente tem adorado o filme. Assista e poste sua opinião no seu blog.
Dudu, já eu sou grande admirador do Clint, daí minha insatisfação por um fime que tinha tudo para ser melhor. Mas aconselho que comece a procurar filmes dele para assistir, em especial Os Imperdoáveis. Talvez você tome gosto.
Ciro, concordo que Clint é um dos grandes cineastas da contemporaneidade, adoro Os Inperdoáveis, mas esse Gran Torino não me marcou tanto assim, mais pelos defeitos de sua narrativa. E bem lebrado você falar da filmografia atual do Clint como montagem de um painel social norte-americano da atualidade. Muito bom. E valeu pela visita ao blog. Passarei no seu espaço.
Cléber, espere mas veja. Talvez você tome gosto.
Elizio, meu velho, a intenção não é fazer com que vocês desistam de assistir aos filmes. Se você tiver a fim de ver, vá lá, independente do meu comentário. Muita gente tem gostado do filme. Vai que volta aquela fase de discordância entre a gente? Aproveita o feriadão.
Rafael, eu também não acho que esse ano é um grande ano para Clint. Achei tanto "A Troca" quanto "Gran Torino" BEM medianos.
De fato Matheus, obras bem fracas. E olha que tem muita gente boa vangloriando os dois filmes, com direito a tachar principalmente Gran Torino de "obra-prima". O Clint é um grande diretor, mas isso não quer dizer que vai acertar a mão em todos os filmes.
Quatro estrelas seria uma nota boa, não? (um pouco de provocação nunca é ruim).
Pontos fortes: O final, o humor centrado, o tema.
Pontos fracos: Fragilidade narrativa.
Quatro estrelas? Exagero demais! Pois é essa fragilidade narrativa que atrapalha o todo, a experiência total de ver o filme. Se em vários momentos o filme te incomoda por determinados motivos (texto fraco, situações forçadas, más atuações), nem um ótimo final consegue salvar o projeto. Mas muita gente vê aí um tipo de despretensão. Não é meu caso. Mas viu só como valeu a pena assistir ao filme!!! Abraço velho!!!
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