sábado, 4 de maio de 2013

Festival Varilux de Cinema Francês – Cores de sempre



Além do Arco-Íris (A Bout du Conte, França, 2012)
Dir: Agnès Jaoui


Agnès Jaoui é diretora e roteirista de um filme espirituoso e muito bem escrito chamado O Gosto dos Outros, sua estreia na direção. Daí que esse seu novo projeto aparece como uma grande decepção porque não consegue criar personagens pelos quais o espectador consiga ter muita empatia. É difícil se importar com os seus dramas e conflitos, num filme mais bobinho.

Não que pareça pretensão criar situações complexas e personagens com grandes dilemas. Na verdade, essa é uma boa característica dos filmes da diretora, sempre escritos em parceria com seu marido, Jean-Pierre Bacri (ambos atores também): os conflitos estão no plano do cotidiano, como se o espectador pudesse se enxergar naqueles personagens ou, pelo menos, acreditar que eles sejam como nossos vizinhos, parentes ou amigos, em situações muito próximas que possam ocorrer no dia a dia.

Mas os esforços de se fazer comédia aqui só rendem alguns momentos realmente inspirados, enquanto acompanhamos um mosaico de histórias de personagens que se cruzam. Essa é a base estrutural do roteiro, tendo os enlaces amorosos como mote principal da vida de homens e mulheres errantes pelo mundo em busca de conforto no coração.

Casais se apaixonam e se separam. Homem sofre na convivência com os filhos da nova namorada, enquanto seu filho só lhe procura, acanhadamente, para pedir dinheiro, músico apaixonado por uma bela garota que mais tarde vai se encantar por um charmoso, mas mau caráter, produtor musical. A filha de um casal se torna católica fervorosa e reclusa, enquanto a mãe tenta aprender a dirigir com esse mesmo homem cujo filho lhe pede grana. Tudo se entrelaça.

Há também na história um interessante flerte com o conto de fadas, o que dota o filme desse tom assim leve, despretensioso. Ícones como o do príncipe encantado ou da Cinderela (aqui trocando de papeis com um rapaz) surgem numa roupagem mais adulta, ainda que os personagens e seus conflitos se encontrem num nível raso, talvez até propositalmente. Mas é o filme que perde com essa escolha.

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