quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Menos seriedade

As Tartarugas Ninja (Teenage Mutant Ninja Turtles, EUA, 2014)
Dir: Jonathan Liebesman


Sempre houve nas histórias das Tartarugas Ninja um tom cômico muito aguçado, quase abobalhado mesmo na forma como conduzia sua história absurda – tartarugas mutantes que cresceram no bueiro, sob vigilância e ensinamentos de uma ratazana mais velha e sábia, lutando contra o crime e a opressão numa grande metrópole.

Há no próprio título original do filme, reforçado em mais de uma das falas dos personagens, a referência ao fato dos protagonistas serem adolescentes, aderindo a esse mundo teen de agradabilidade e diversão (uma maneira também de mirar nesse público atual mais jovem que fareja esse tipo de produto nos cinemas).

Daí que o fator adrenalina do filme, ainda que bem trabalhado nas cenas de maior ação, e a rigidez de uma trama com planos mirabolantes, apostando na insistência em soar gravemente importante, parecem o ponto fraco do projeto. Mesmo a formatação do antagonista clássico, o Destruidor, ganha peso, tanto na caracterização física como na malvadeza. O maior entrave do filme, portanto, é se levar a sério demais.

O filme também tenta se sustentar com um roteiro fraco em diálogos e se apega a coincidências frágeis para ligar os personagens. Quem mais sofre com isso é a jornalista April (Megan Fox) quando se revela sua participação na própria salvação dos experimentos que deram origem àqueles seres geneticamente modificados.

Leonardo, Raphael, Donatello e Michelangelo funcionam muito bem como grupo de jovens que tomam para si uma grande responsabilidade, ainda que mantenham o tempo todo o espírito de chacota. A cena do rap no elevador é bem característica nesse aspecto, e engraçada também. Já os personagens humanos são mais rasos, encontrando em April a personagem que descobre a existência surreal daquelas criaturas e todo um universo mirabolante em torno deles (por mais que as explicações estejam calcadas nas ciências.

Almejando um espacinho ali entre as franquias de super-heróis que têm dado certo no cinema recente – e talvez já estejam saturando o universo dos blockbusters –, As Tartarugas Ninja poderiam ser um produto diferenciado, pegando carona no efeito Guardiões da Galáxia – que entende muito bem o seu lugar nessa seara, diferenciando-se pelo seu teor de autoparodização. Mas pelo menos não é a bomba pela qual tantos esperavam.

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