A Busca (Idem, Brasil,
2013)
Dir:
Luciano Moura
Quando o filme do estreante no longa-metragem Luciano Moura foi
exibido no Festival de Sundance ano passado, o título era outro. Chamava-se “A
Cadeira do Pai”, enunciado talvez mais pertinente e menos genérico que apontava
para a questão central da história: as relações entre pai e filho em estado de
distanciamento. O que o filme põe em questão é a necessidade vital do encontro
entre esses pares, apesar de não ultrapassar muito esse objetivo.
Mudando o título para A Busca, uma opção mais comercial, é
interessante notar como a história começa como um drama familiar e se
transforma num road movie ocasional. Isso porque quando o
filho de Theo (Wagner Moura) e Branca (Marina Lima) desaparece, em meio ao
processo de separação e desentendimento dos pais, descobre-se que o garoto
partiu numa jornada fora da cidade, montado a cavalo. Theo parte então à
procura de seu filho, num processo que também envolve seus embates com o
próprio pai.
Como drama que busca dar vazão e consistência aos conflitos
daquela família, A Busca é, ao mesmo tempo, um trabalho sutil
que foge do sentimentalismo puro, mas também não deixa de ser frustrante na não
resolução dos maiores problemas de seus personagens. Não há aqui grandes
conversas e discussões de relação que fazem lavar a roupa suja de situações tão
complicadas – os pais do garoto não sabem se se amam ou se odeiam. Há certa
sutiliza em não banalizar esses conflitos, não torná-los tão simples de resolver,
ainda mais utilizando como desculpa a fuga do garoto, uma situação de risco que
acaba aproximando a todos.
Mas nesse tratamento singular, na opção em deixar muita
coisa em aberto, talvez um modismo relutante de certos filmes contemporâneos,
principalmente quando os personagens chegam ao lugar que objetivam, o filme
parece não conseguir avançar em suas proposições dramáticas. É como se a
história se furtasse dos embates que ela mesma propõe no seu enredo e
terminasse mal resolvida.
Para sanar esses problemas, Moura aposta na força de seus
atores, e Wagner Moura é o destaque óbvio pela forma como equilibra o desespero
de um pai preocupado e o autocontrole em descobrir e seguir os rastros do
garoto fujão. E caso Lima Duarte, numa participação ao final do filme, tivesse
mais tempo em tela, entregaria uma atuação bem mais marcante. Toda sua
composição é singela, mas transparece uma emoção fortíssima por um reencontro
inesperado.
Mesmo assim, ainda incomoda no filme a forma como os
caminhos percorridos por Theo e, principalmente, as pessoas que ele encontra em
sua desesperada jornada são conformados pelo roteiro para que ele sempre tenha
um nova informação sobre os rumos seguidos pelo filho, num acúmulo incrível de
coincidências. Sem falar em alguns momentos constrangedores, como o pernoite na
festa hippie em que Theo ajuda a realizar um parto. Sem essas
facilidades, a narrativa certamente sairia do caminho pretendido, a busca se
extraviaria, e tudo isso para que o filme se encerre no momento mais promissor.
3 comentários:
Para mim o pior ainda é ele andar de moto com a costela quebrada. hehe. Mas, acho um filme problemático em alguns pontos, começa muito bem e termina perdido.
A minha única curiosidade com esse filme responde pelo nome de Wagner Moura. Fora isso, nada me atraiu. Estou curioso pela forma como dividiu os críticos. Me parece muito um filme de Breno Silveira, e, com exceção de "Gonzaga", eu gostei muito dos filmes desse diretor.
Abs!
Amanda, o filme tem uma série dessas forçadinhas de roteiro, caso contrário não consegue seguir em frente. Gosto de um final que não cai na choradeira ou no sentimentalismo do reencontro de todos, mas também sinto que falta uma coisa ali.
Elton, não sei se emula um Breno Silveira porque não há sentimentalismos aqui, o filme é muito contido nesse sentido. Wagner Moura está bem, como de costume, mas os caminhos que seu personagem faz, acho problemático em muitos momentos.
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