Super
Nada (Idem, Brasil, 2012)
Dir: Rubens Rewald
Como um
palhaço triste que faz alegrar as pessoas, Gustavo (Marat Descartes) vive de
performances teatrais e de rua, ganhando dinheiro em encenações fajutas,
ensaiando apresentações, à espera de uma grande oportunidade. E ela vem, mas
como convite para uma participação no programa cômico de TV “Super Nada”, um desses
bem decadentes e de comédia ridícula, mas do qual Gustavo é fã confesso. Além
disso, não há muitas pretensões na vida desse homem. Antes de sucesso, ele quer
sobreviver de sua arte.
Daí
que Super Nada é um filme tristíssimo na forma como equilibra
o cômico e o dia a dia pouco engraçado do protagonista, afogado em dívidas e com
problemas no relacionamento com a namorada (Clarissa Kiste). Através da
comédia, a narrativa revela a vida sem grandes perspectivas de um artista
querendo ser maior.
É
também um filme que evidencia o corpo enquanto linguagem, mas também como
sustento. É como uma versão masculina do ótimo Riscado, em que uma
personagem sobrevivia do trabalho de atriz em pequenos bicos, sempre na
iminência de conseguir algo maior. O corpo na tela ganha outra dimensão, maior, decisiva, porque é de seu desempenho que depende o sucesso do artista.

Mas Super Nada não se limita a acompanhar
essa rotina de sobrevivência e ganha outros contornos à medida que o personagem
entra num turbilhão de erros e desvios de caminho, sempre tentando fazer o
melhor, mas trocando os pés pelas mãos. Mesmo assim, o diretor Rubens Rewald
não cai na tragédia pura; pelo contrário, faz um filme hilário que acaba se
tornando uma comédia de erros ao mesmo tempo engraçada e também melancólica.
Entre o real e o fingimento, Super Nada é
um brinde à comédia, à performance do corpo, mas também filma com desenvoltura
um personagem na corda bamba, fazendo os outros rirem enquanto ele mesmo tenta
se sustentar para não cair.