Mais Forte que
Bombas
(Louder Than Bombs, Noruega/França/ Dinamarca, 2015)
Dir:
Joachim Trier
Depois
de ter angariado maior reconhecimento com seu segundo longa-metragem, Oslo, 31 de Agosto, o cineasta norueguês
Joachim Trier aposta mais uma vez no drama intimista em Mais Forte que Bombas. O filme marca a primeiro produção do
cineasta em língua inglesa, com elenco multinacional, transição que muitos cineastas vem fazendo no mundo artístico (em Cannes, onde o filme estreou ano
passado, outros diretores repetiram o feito, como os italianos Paolo Sorrentino
e Mateo Garrone, respectivamente com A
Juventude e Conto dos Contos, o
mexicano Michel Franco, com Chronic, além
do grego Yorgos Lanthimos apresentado seu The
Lobster).
Se
no filme anterior, Trier conseguia ser duro, ainda que conservasse o carinho
por seu protagonista, indo pelo caminho do realismo mais cru, nesse novo filme as
angústias continuam pairando de modo muito mais frontal a vida de uma família
estilhaçada por um brutal acidente no passado.
Um
pai (Gabriel Byrne) tem dificuldades em se relacionar com seu filho
adolescente, o introspectivo Conrad (Devin Druid). O filho mais velho, Jonah (Jesse
Eisenberg), volta para casa um tanto insatisfeito no casamento e encontra um
lar dilacerado. Mas o fantasma que ronda esse núcleo familiar é a morte da mãe
e esposa Isabelle (Isabelle Huppert), famosa fotógrafa que ganhou notoriedade denunciando
os abusos contra refugiados na guerra do Afeganistão.
Na
verdade, o filme lança mão de flashbacks
que marcam os últimos dias da fotógrafa, sua relação com a família e mesmo o
impacto das crueldades do mundo no seu estado psicológico. Outro agravante é
que o jornalista e melhor amigo de Isabelle, Richard (David Strathairn), pretende
escrever um artigo que discute os motivos da morte da fotógrafa, sendo que o
filho mais novo desconhece a versão sobre um possível suicídio.
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Em
certa medida, o filme até se conforta nessa estrutura plácida, espécie de
calmaria que esconde as dores e angústias dos personagens, prestes a explodir.
Por vezes, isso se torna uma opção fácil para o diretor, e o filme perde um
tanto da força emotiva em que se ampara. Quem consegue garantir a sustentação
desse relevo emocional é o elenco, todos defendendo muito bem seus personagens.
Curioso
pensar no título original do filme que perdeu um tanto de sentido na tradução
para o português: “louder than bombs” sugere um simbolismo com a ideia de um
som estrondoso, em contraponto ao intimismo dos sentimentos que não deixa de
apontar para uma espécie de grito sufocado. Por dentro há inquietação nos personagens,
mas sem a necessidade de explosão.
Em
alguns momentos, o filme investe na estratégia dos pontos de vista dos três
personagens que relembram a mãe e esposa, mas o recurso logo é deixado de lado.
O filme pouco ganha com isso, muito embora seja latente ali como cada um
daqueles três homens evocam lembranças distintas, mas que estão encerradas num
mesmo conflito familiar, num mesmo campo minado a ponto de estourar.
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