Sob o Mesmo Céu (Aloha, EUA,
2015)
Dir:
Cameron Crowe
O
flerte de Cameron Crowe com a comédia ou o drama romântico geralmente rende
bons frutos (há algo de singelo em Tudo
Acontece em Elizabethtown e certas fagulhas românticas em Quase Famosos). O maior problema de Sob o Mesmo Céu é que parecem coexistir
muitos filmes aqui, sendo o envolvimento amoroso conturbado de seus personagens
o mais interessante deles, muitas vezes deixado de lado para se concentrar em
outras frentes.
O
filme investe em discussões como o direito de terra dos nativos do Havaí, a exploração
do céu e do espaço sideral via militarismo da superpotência norte-americana,
com direito a lançamento escuso de sonda espacial suspeita. São questões
que trariam ao filme certa importância social e política, mas têm um tratamento
tão rápido e mesmo confuso que o longa mais derrapa em promover esse tipo de relevância.
Parece
uma tentativa de não soar óbvio, de não seguir um padrão que caia na armadilha
fácil de um subgênero tão desgastado como o que envolve uma espécie de quarteto
amoroso. Brian (Bradley Cooper) é um militar bem-sucedido que retorna ao seu
posto no Havaí e reencontra Tracy (Rachel McAdams), sua antiga paixão agora casada
e mãe de duas filhas. Ao mesmo tempo conhece e se envolve com a colega de farda
super esforçada Allison Ng (Emma Stone).
Há
algo incomum na maneira como Crowe, também roteirista aqui, escreve e apresenta
os diálogos. No primeiro encontro dos personagens o texto soa confuso, meio
desordenado, enquanto a câmera faz um travelling
circular estranho em volta dos atores. Parece que a história vai desandar total
nos minutos seguintes, o que fica só na impressão.
Apesar
disso, há uma estranheza no ar que não deixa de conter mais uma vez um vontade
de fazer diferente, embora embaralhe todas as situações num texto por vezes apressado.
É pior quando investe numa trama de conspiração e tons políticos, envolvendo
diretamente Brian, muito embora não pareça levá-la tão a sério porque seus
desdobramentos não sugerem consequências drásticas.
Dessa
forma, os conflitos amorosos latentes ali naqueles personagens ganham
tratamento de escanteio. O filme deixa para o final momentos mais emocionantes,
como o segredo que Tracy carrega, e também mais engraçados, como a interação
muda entre Brian e o marido de sua antiga paixão. Sob o Mesmo Céu consegue se livrar do desastre que poderia ser, mas
sem imprimir uma marca consistente.
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