Diário de uma
Camareira
(Journal d’une Femme de Chambre, França/Bélgica, 2015)
Dir:
Benoît Jacquot
Benoît Jacquot é o tipo de cineasta que faz filmes padrões, sem muita pretensão, mantendo certo nível de qualidade na encenação, mas sem apresentar grandes novidades. Consegue feitos bem bons, como em Adeus, Minha Rainha, e outros mais decepcionantes como nesse Diário de uma Camareira.
Acompanhamos
o percurso da jovem e bela Célestine (Léa Seydoux), camareira agenciada por uma
senhoria em Paris, que pula de emprego a emprego em casas de família. Sua
postura e olhar altivos sugerem uma personalidade arisca, esperta, uma mulher
que mesmo em situação subalterna não está disposta a se rebaixar, embora engula,
a contragosto, alguns sapos por aí. Um emprego numa casa campestre no interior
da França é seu novo campo de batalha.
O
filme transcorre com certa segurança na maneira com que Jacquot faz desenrolar os
acontecimentos, apesar de apostar no lugar comum: a patroa (Clotilde Mollet) é severa
e insiste em lhe dar ordens despropositais, somente para testá-la e cansá-la; o
patrão (Hervé Pierre) é um fanfarrão que tenta abusar dela. Célestine ainda conhece o
misterioso guarda-caça Joseph (Vincent Lindon), por quem manterá uma relação de
atração.
Mas
por muitas vezes o roteiro aponta caminhos que desviam daquele cenário que vai
se desenhando ali. O filme insiste em inserir flashbacks que mostram Célestine em outros empregos,
quebrando a empatia que vínhamos estabelecendo com o envolvimento dos
personagens naquela casa, ainda que nem fossem assim tão fortes e
interessantes.
Outros
assuntos também povoam a narrativa (os casos de estupro na região, a aproximação
de Célestine com pessoas de outra casa), tudo muito estranho e distante dos propósitos
finais com que ela será confrontada (final esse repentino e nada
surpreendente pela maneira como que é dado).
Curiosamente, estreou
há pouco tempo no Brasil filme anterior do cineasta, 3 Corações, com problemas semelhantes de ritmo e roteiro frouxo. Por
trás da mão segura do diretor, o roteiro aposta em muitos elementos, sem
conectá-los tão bem assim no todo, deixando para trás sensação de história rasa, apesar das potencialidades que seu material possui.
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