O Homem de Aço (Man of Steel,
EUA, 2013)
Dir:
Zack Snyder
Numa
comparação que se estabelece mais pelo contexto de produção de um blockbuster, O Homem de Aço tem problemas parecidos com os de O Cavaleiro Solitário: ambos são filmes
inchados, grandiloquentes, que se esforçam para elevar a cada nova cena o nível
de desafio no embate que seus heróis enfrentam, tudo em prol de mais quebradeira,
explosão e muito barulho.
Para
além da ideia desnecessária de recontar a gênese do Superman (aqui vivido insossamente por Henry Cavill), uma
outra mania contemporânea terrível sob a desculpar de “atualizar” a história
para o público atual, O Homem de Aço acaba
se perdendo justamente na construção desse personagem que é cheio de dilemas
interessantes.
E
no fundo, essas questões que envolvem a mitologia do personagem estão todas lá,
principalmente a posição de se aceitar como humano ou como herói protetor do planeta
Terra, a utilidade que faz de seus poderes (e o dilema de poder abdicar deles) e
a curiosidade de saber de onde veio e quem são seus verdadeiros pais. O pior é
quando as conversas com o pais adotivos (e mais adiante com seu verdadeiro genitor)
ganham ares de lição de moral que surgem já desde o início do filme.
E
mais que isso, parece que não existe um equilíbrio interessante na maneira como
roteiro e montagem apresentam e correlacionam essas questões. Idas e voltas no
tempo, por mais que tentem dar uma dinamizada na ação, quebram não só o ritmo
do filme como um todo, mas não ajudam muito na constituição do drama que o
herói vive. A terça parte final da narrativa, como de costume, tentaria
compensar isso ao se entregar à ação mais desenfreada que esse tipo de filme pede.
Apesar
da Lois Lane de Amy Adams ganhar uma personalidade mais forte e decidida, sua
relação com Clark/Superman parece mais um ensaio do que promete se fortalecer
mais adiante. Isso porque o filme promete franquia, quase que uma regra de ouro
do produto hollywoodiano de super-heróis, com a tendência de querer ser ainda
mais grandiloquente que o filme anterior. É essa fixação que tanto diminui filmes como esse.
3 comentários:
O "Super-Homem" sempre foi o super-herói que eu menos gostei. Sabia que eu ia também achar esse filme uma m..., mas não sei porque ainda quis crer que poderia estar errado. Número exagerado de tragédias, coisas acontecendo rápido demais... Eu, hein!?
Assino embaixo, Rafael. Me irritou demais essa mistura da narrativa à lá Nolan com uma estética quase Michael Bay.
Brenno, desde o início, com todo o material que tinha saído sobre ele, eu sempre esperei um filme acima da média. Foi uma grande decepção, culpa dessa vontade louca dos blockbusters atuais em ser tão grandiloquentes.
Boa definição, Wallace. Pena que seja pra identificar uma mistura que desandou muito.
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