sábado, 27 de julho de 2013

Super excesso

O Homem de Aço (Man of Steel, EUA, 2013)
Dir: Zack Snyder


Numa comparação que se estabelece mais pelo contexto de produção de um blockbuster, O Homem de Aço tem problemas parecidos com os de O Cavaleiro Solitário: ambos são filmes inchados, grandiloquentes, que se esforçam para elevar a cada nova cena o nível de desafio no embate que seus heróis enfrentam, tudo em prol de mais quebradeira, explosão e muito barulho.

Para além da ideia desnecessária de recontar a gênese do Superman (aqui vivido insossamente por Henry Cavill), uma outra mania contemporânea terrível sob a desculpar de “atualizar” a história para o público atual, O Homem de Aço acaba se perdendo justamente na construção desse personagem que é cheio de dilemas interessantes.

E no fundo, essas questões que envolvem a mitologia do personagem estão todas lá, principalmente a posição de se aceitar como humano ou como herói protetor do planeta Terra, a utilidade que faz de seus poderes (e o dilema de poder abdicar deles) e a curiosidade de saber de onde veio e quem são seus verdadeiros pais. O pior é quando as conversas com o pais adotivos (e mais adiante com seu verdadeiro genitor) ganham ares de lição de moral que surgem já desde o início do filme.


E mais que isso, parece que não existe um equilíbrio interessante na maneira como roteiro e montagem apresentam e correlacionam essas questões. Idas e voltas no tempo, por mais que tentem dar uma dinamizada na ação, quebram não só o ritmo do filme como um todo, mas não ajudam muito na constituição do drama que o herói vive. A terça parte final da narrativa, como de costume, tentaria compensar isso ao se entregar à ação mais desenfreada que esse tipo de filme pede. 

Apesar da Lois Lane de Amy Adams ganhar uma personalidade mais forte e decidida, sua relação com Clark/Superman parece mais um ensaio do que promete se fortalecer mais adiante. Isso porque o filme promete franquia, quase que uma regra de ouro do produto hollywoodiano de super-heróis, com a tendência de querer ser ainda mais grandiloquente que o filme anterior. É essa fixação que tanto diminui filmes como esse.

3 comentários:

BRENNO BEZERRA disse...

O "Super-Homem" sempre foi o super-herói que eu menos gostei. Sabia que eu ia também achar esse filme uma m..., mas não sei porque ainda quis crer que poderia estar errado. Número exagerado de tragédias, coisas acontecendo rápido demais... Eu, hein!?

Wallace Andrioli Guedes disse...

Assino embaixo, Rafael. Me irritou demais essa mistura da narrativa à lá Nolan com uma estética quase Michael Bay.

Rafael Carvalho disse...

Brenno, desde o início, com todo o material que tinha saído sobre ele, eu sempre esperei um filme acima da média. Foi uma grande decepção, culpa dessa vontade louca dos blockbusters atuais em ser tão grandiloquentes.

Boa definição, Wallace. Pena que seja pra identificar uma mistura que desandou muito.