Há
tempos que não tínhamos um Oscar cheio de dúvidas e riscos. E há tempos não
tínhamos uma festa tão chata e sem grandes atrativos. Noite longa com premiados
duvidosos, a começar por Argo e seu
thriller político que, apesar de bom filme, correto, não me parece nada tão
grandioso assim. A Hora Mais Escura,
totalmente esnobado, é muito mais interessante, para ficar num concorrente e no
mesmo gênero. Mas o filme de Bem Affleck foi comprado pela indústria, mesmo com
a ausência do rapaz em direção, e isso bastou para sua vitória.
Emmanuelle
Riva e sua atuação poderosa perdeu para a queridinha Jennifer Lawrence, demonstrativo
do poder dos Weinstein, espécie de prêmio consolação para O Lado Bom da Vida. Anne Hathaway ganhou por uma atuação cheia de
tiques e cálculos e Daniel Day-Lewis, incrível e sutil como Lincoln, já estava
fadado a receber sua terceira estatueta, mesmo concorrendo com o monstro que é
Joaquin Phoenix. Também Christopher Waltz, mesmo que reprisando seu papel no
último filme de Tarantino, teve uma vitória merecida, mas a revelia da derrota
de outro monstro, Philip Seymour Hoffman. Mas foram dois prêmios justíssimos.
Uma
pena que o roteiro complexo de A Hora
Mais Escura tenha perdido justamente para o filme de Tarantino que mais se
excede no texto, e ainda teve Argo,
franco favorito na categoria de roteiros adaptados, apesar do bom trabalho,
vencendo de As Aventuras de Pi e Indomável Sonhadora, ainda que o forte
desse filme indie seja a direção.
Nessa categoria, com a ausência de Affleck, as portas pareciam abertas para
Steven Spielberg, mas com que surpresa não vi o nome de Ang Lee ser anunciado
como vencedor!
A impressão final é de que o ano poderia ter sido bem
melhor em termos de filmes indicados. O Mestre,
por exemplo, um dos melhores dessa temporada, poderia muito bem roubar grande
parte dos principais prêmios da noite. Mas estamos falando de mercado,
indústria, mídia e glamour. Cinema é outra coisa.
5 comentários:
Também acho que A Hora Mais Escura foi o grande esnobado... era o meu preferido em várias categorias, inclusive melhor filme. De qualquer forma, gosto de Argo. O único que eu não gostaria que vencesse era Lincoln.
Jennifer Lawrence está em alta mesmo e a atuação dela é acima da média em O Lado Bom da Vida, mas o que a Emmanuele Riva fez em Amour é algo antológico.
E eu sou daqueles que preferiam o monstro Joaquin Phoenix!
Bela análise!
Abraços.
Emmanuele Riva foi meu luto da noite. Uma pena mesmo não ter levado. Mas, é como você disse, é indústria, mercado, política, festa. O cinema fica em segundo plano.
Como só vi Argo até agora, não tinha favoritos e achei graça no resultado. Acho que só vou me revoltar à medida em que for assistindo aos outros concorrentes...
Verdade. O Mestre é mais filme que a maioria desses filmes do Oscar. Mas também, um filme com Philip Seymour Hoffman e Joaquin Phoenix babando na tela teria que ser muito avacalhado para ser ruim.
Bruno, também gosto de Argo, mas essa vitória engrandece demais um filme que é só bom.
Amanda, também ficaria de luta pela esnobada à Riva, mas estamos falando de um outro conceito de premiação. Não dá pra fugir muito disso.
Também acho, Stella. Gosto demais de Amor e Indomável Sonhadora, veja que filmes bons. Pior mesmo foi um dos grandes filmes do ano passado, O Mestre, nem estar concorrendo.
Pedro, babando na tela, é ótimo, hehe. Mas os caras estão sensacionais mesmo, assim como o trabalho do PTA continua intenso.
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