O Último Desafio (The Last
Stand, EUA, 2012)
Dir:
Kim Jee-woon
Como
confirmação do retorno de Arnold Schwarzenegger ao cinema e ao filão de filmes
de ação a que ele pertence (há pelo menos mais outros três filmes em fase de
finalização com ele programados para os próximos anos), O Último Desafio consegue ser mais do que caprichosas boas-vindas. O
indício dessa volta já estava plantada lá em Os Mercenários e sua continuação recente, embora ali se tratava de um
pastiche dos filmes de ação de tempos atrás. Agora ele protagoniza um belo
exemplar do gênero, uma grata surpresa neste início de ano.
Mas
na verdade, O Último Desafio começa
como dois filmes distintos. De um lado tem-se o registro cômico de uma cidade
interiorana em que a força policial vive em estado de quase apatia, muito pela
aparente ausência de perigo. É onde vive o xerife Ray Owens (Schwarzenegger),
ainda na ativa e no comando apesar da idade avançada para a profissão.
No
outro polo, temos um cenário de ação ultramoderno em que um perigoso
contrabandista (Eduardo Noriega)
foge enquanto é levado a uma outra prisão e passa a ser caçado pelo FBI em
missão de alto risco. Ele dirige um carro com motor superveloz, o que dificulta
sua perseguição; seu plano é pegar um desvio pela cidade do xerife Owens a fim
de despistar a força policia e chegar ao México.
Quando
esses dois filmes se encontram, os choques poderiam ser desastrosos. Mas o
barato aqui é notar o equilíbrio que ambos os registros passam a manter,
permanecendo as altas doses de adrenalina e de bom humor, tudo muito vibrante e
empolgante. É um ótimo filme pipoca, conduzido pela mão certeira do cineasta
coreano Kim Jee-woon, em seu primeiro longa nos Estados Unidos.
É
bastante simbólico que o personagem de Schwarzenegger represente a resistência
da ação quando todos já o podiam imaginar fora de forma. É exatamente a imagem
do herói destemido construída ao logo de tanto tempo que ele tenta resgatar
através desse xerife. Só que aqui, esse homem sente a idade, é falível, lutando
também contra a ação da ferrugem no próprio corpo, o que torna a coisa toda
mais empolgante e cheia de tensão. O destemor em proteger sua cidade e fazer cumprir
a lei é o que lhe move.
Para
além disso, o retorno de Schwarzenegger é dos mais bem-vindos porque o filme
tem senso exato de ação e adrenalina, permeada por um humor ligeiro, inofensivo,
mas que funciona muito bem na equação a que o filme se propõe. Consegue levar a
sério o drama de todos os personagens, sem concessões, ao mesmo tempo em que os
usa como alívio cômico quando precisa. Entre a ação e a comédia, o filme sempre
encontra o tom certo e nem sempre há bons exemplares dessa roupagem no âmbito do cinema comercial.
2 comentários:
Que boa sugestão, Rafael! Tomara que esteja levando em um cinema perto de casa. Sempre gostei do Schwarzenegger e fico feliz que ele tenha um retorno à altura. Um abraço, S.
Pois é Stella, esse filme é pra quem gosta mesmo de ação, e não poderia ser um retorno melhor para um grande astro do gênero.
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