O Ditador (The Dictator,
EUA, 2012)
Dir:
Larry Charles
Sacha
Baron Cohen continua sua missão de propagar o politicamente incorreto através
dos personagens inusitados que vem fazendo em seus filmes. Voltando
a tocar em questões políticas, como em Borat
- O Segundo Melhor Repórter do Glorioso
País Cazaquistão Viaja à América, filme que o tornou conhecido pela galhofa que perpetra contra o governo
norte-americano, o ator aparece agora transformado no general Aladeen.
Se
especialmente em Borat, e em menor medida também em Brüno, havia um tom de humor ácido que
vai ficando cansativo e agressivamente pastelão até o final daquele filme, a nuance
aqui é outra. O Ditador, ao investir
melhor numa trama levemente mais clássica, sem improvisos, parece mais
bem organizado na desorganização que o personagem faz ao chegar à América.
Interessante
essa escolha de formato porque ele perde o que de melhor havia nos dois
trabalhos anteriores, a estética do documentário falso. Mas ao mesmo tempo ganha
um texto um pouco mais controlado, com boas piadas, embora exageros aqui e ali
não deixam de marcar presença (a cena do parto seria o exemplo mais latente nesse
sentido, perde a graça à medida em que a coisa vai ficando mais estúpida e nonsense). Também o fato de Baron Cohen
já ser uma ator mais conhecido dificulta que ele possa tirar sarro e graça com
a estupidez média do norte-americano nas ruas.
De
qualquer forma, o farsesco é uma regra seguida com afinco pelo filme. Começa
pelo país de origem de Aladeen, a República de Wadiya, claramente um reduto árabe fictício onde o
general abusa de seu poder ditatorial. Ao chegar aos Estados Unidos, é traído
pelo tio Tamir (Bem Kigsley), substituído por um sósia e precisa retomar seu
posto com a ajuda de uma ativista social (Anna Faris) e um expatriado (Jason Mantzoukas).
Embora
algumas pequenas participações soem tão decepcionantes (como a de Megan Fox), são
compensadas por outras mais espirituosas (Edward Norton numa pontinha), e
por momentos bem engraçados (Aladeen descobrindo a masturbação – “Que bruxaria
é essa?”, ele diz – é impagável).
Mas
o melhor de O Ditador está guardado
para o final, uma alfinetada política muito bem situada em meio à comédia geral
do filme. Ao se apegar a esse personagem condenável e nos fazer torcer por ele
na busca de reconquistar seu poder, o filme bate forte no ideal de democracia desenhado
como um sistema de possibilidades de corrupção e favorecimento de poucos. Sem
histrionismos ou exageros cômicos, e ainda munido de discurso politizado, O Ditador promete uma boa nova fase para
esse humorista.
2 comentários:
Olá, parceiro, depois de umas pequenas férias, O FALCÃO MALTÊS está de volta, disposto a continuar celebrando sua paixão pelo cinema clássico.
Realmente o Cohen não me convence. É muito caricato.
Cumprimentos cinéfilos!
O Falcão Maltês
Antonio, os outros filmes dele me soam mais cansativos, e no final ficam forçadísismos. Desse gosto do tom geral.
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