Dir: Woody Allen

Talvez
por isso, Para Roma, Com Amor (título
bobinho, esse) esteja mais próximo de Você
Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos, por acaso um dos filmes mais fracos
do cineasta nos últimos anos. A fragmentação das histórias parece a maior
proximidade, embora aqui os arcos narrativos criados pelo diretor-roteirista
nunca irão se encontrar. Independentes entre si, alguns funcionam melhores que
outros.
Roberto
Benigni, por exemplo, soa totalmente descartável como um italiano
classe média comum, que, confundido com uma grande personalidade, passa a ser
perseguido por paparazzis desvairados.
A crítica à mídia italiana e o estrelismo que ela propaga é uma boa cutucada,
mas se torna cansativa e perde a graça. Graça que esbanja no seguimento em que
o próprio Allen vive um americano que vai conhecer a família do genro na Itália
e descobre o grande talento de cantor lírico que o sogro da sua filha tem,
mesmo que só funcione debaixo do chuveiro. Esses são os momentos de risadas
mais inspiradas do filme, com as tiradas e o timming
do elenco funcionando perfeitamente.

Há
ainda as desventuras de um casal interiorano (Alessandra Mastronardi e
Alessandro Tiberi) que se perdem nas ruas de Roma e encontram possibilidades
outras de casos amorosos, apesar da inocência de ambos. Destaque aqui para a
voluptuosidade de Penélope Cruz como a prostituta que, acidentalmente, confunde
o rapaz com seu próximo cliente.

Como
seus outros filmes dessa fase europeia, Allen continua lançando seu olhar de
turista culto por uma cidade rica em substrato cultural e intelectual, passando
pelo cinema, música erudita e pela arquitetura portentosa de Roma, dentre outras
referências artísticas que são a cara do cineasta nova-iorquino. Para Roma, Com Amor é mais um passo
seguro de sua filmografia, confirmação de que a idade tem feito muito bem
a esse autor norte-americano.