
Baixio das Bestas (PE/BR, 2007)
Dir: Cláudio Assis

Estava com certa expectativa em relação a Baixio das Bestas que não sei se atrapalhou na apreciação do filme. Sei que o resultado me pareceu um tanto pretensioso e até certo ponto vazio em sua atmosfera carregada. De forma bastante crua e visceral, o diretor Cláudio Assis expõe a exploração sexual da mulher tendo como ambiente a região canavieira da Zona da Mata pernambucana.
Dir: Cláudio Assis

Estava com certa expectativa em relação a Baixio das Bestas que não sei se atrapalhou na apreciação do filme. Sei que o resultado me pareceu um tanto pretensioso e até certo ponto vazio em sua atmosfera carregada. De forma bastante crua e visceral, o diretor Cláudio Assis expõe a exploração sexual da mulher tendo como ambiente a região canavieira da Zona da Mata pernambucana.

Aí que se desenrolam as estórias paralelas. Enquanto Auxiliadora (Mariah Teixeira) é usada à força por seu avô para ganhar dinheiro com a venda de seu corpo de menina, um trio de prostitutas (Dira Paes, Hermila Guedes e Marcélia Cartaxo) servem os homens do local entre eles um jovem mimado (Caio Blat) e o lunático Everardo (Matheus Nachtergaele), além dos que trabalham no canavial.
Diante disso, os personagens surgem com uma ferocidade dramática que se acentua nas constantes cenas de sexo/estupro/orgia. Mas o grande problema é que esse tipo de situação satura o filme, pois elas se repetem até o fim. O filme todo se compõe de momentos em que as personagens são abusadas o que leva a um discurso praticamente vazio, embora a discussão sobre a exploração da figura feminina esteja lá. Acredito que os realizadores perderam uma ótima oportunidade de discutir o tema a fundo.
A iluminação do filme traz um tom escuro que acentua a perversidade e a sujeira de toda aquela situação. Mas uma coisa que me agradou bastante foi o comportamento da câmera. Composto de planos-sequência estáticos, a história se desenvolve como se fossemos meros observadores daquela situação enquanto nos é cuspido uma bruta realidade.
Baixio das Bestas é um retrato cru de uma situação que não parece ter solução, como indica a própria cena final, e seria muito complexo tentar chegar a uma solução. Seu maior mérito é mostrar o quanto o ser humano pode ser bestial ao revelar seu instinto mais animalesco. Em determinado momento do filme, um personagem reclama do cheiro fétido do lugar, e seu companheiro diz se tratar do cheiro do engenho, ao que o outro responde: “Que nada, isso aí é a podridão do mundo”.