Lucy (Idem, França,
2014)
Dir:
Luc Besson
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Besson
utiliza esse plot quase como uma desculpa para exagerar na pancadaria, estilizada
ao extremo, lembrando um pouco Johnnie To, mas sem a mise-en-scène elaborada (estamos falando do diretor de Nikita – Criada para Matar). É na
contagem progressiva aos 100% que a história ganha ritmo cada vez mais
frenético, como se injetasse mais adrenalina a cada sequência, e a personagem
se vê cada vez mais próxima de algo superior. O filme não tem medo de especular
sobre o Tempo como fator preponderante para a condição
de existência humana, elevando sua protagonista a uma curiosa aproximação a algo
próximo de um deus. Ou melhor, Deusa.
Planeta dos
Macacos: O Confronto
(Dawn of the Planet of the Apes, EUA, 2014)
Dir:
Matt Reeves
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Vivido pelo sempre ótimo Andy Serkis, revestido por um recurso digital mais uma
vez de encher os olhos, Caesar, em contato com um grupo de humanos remanescentes
que precisam de auxílio, permanece dividido entre ajudá-los ou não, sem trair seu
grupo, sua nova família, lugar que reconhece como seu. Matt Reeves assume a direção de um filme que, além de toda a discussão em torno do que há de dignidade,
bondade e hombridade em humanos e primatas, funciona muito bem como produto de aventura,
tendo o que dizer sobre a condição humana.
Vidas
ao Vento (Kaze Tachinu, Japão, 2013)
Dir: Hayao Miyazaki
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Mas Jirô não imaginava que suas invenções seriam
utilizadas para fins bélicos, num momento em que o mundo enfrentava os
conflitos armados da Guerra Mundial. Estão no filme as contradições sociais de
um Japão assolado pela pobreza enquanto o governo investe milhões em máquinas
de guerra. O longa também passeia pelo melodrama com muita facilidade, de forma
sempre contida. Os versos “O vento se ergue / devemos tentar viver”, do poeta e
filósofo francês Paul Valéry, funcionam como guia que mantém o protagonista preso
a seus desejos. Nesse tom de lirismo em tempos de guerra, Vidas ao Vento é uma bela ode aos sonhos pessoais, ainda que
esbarrem nas prepotências do destino.
Jogos Vorazes: A
Esperança – Parte 1
(The Hunger Games: Mockingjay – Part 1, EUA, 2014)
Dir:
Francis Lawrence
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Mais
complexo é o que acontece, internamente, com a protagonista. Ainda que se torne
um ícone de um momento decisivo em que a sublevação das massas precisa de um
herói (no caso, uma heroína), Katniss (a sempre ótima Jennifer Lawrence) ainda
não esqueceu sua lealdade (algo mais?) a Peeta (Joh Hutcheson), agora uma espécie de
prisioneiro fantoche na Capital. Há ainda sua aproximação com Gale (Liam
Hemsworth) e o receio de estar sendo manipulada pela presidenta Alma Coin
(Julianne Moore). Por fazer parte da nova modinha de dividir seus últimos
filmes em dois, esse aqui acaba cansando pela sensação de enrolação com que a
trama avança, algo que deve tomar maior fôlego no próximo, promissor e último
episódio da série.
A Família Bélier
(La Famille Bélier, França, 2014)
Dir: Eric Lartigau
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Muito da graça aqui vem especialmente do pai
e da mãe (vividos pelos ótimos Karin Viard e François Damiens), suas excentricidades, brigas e desentendimentos ampliados pelos trejeitos exagerados tão comuns
às pessoas surdas-mudas. Mas o roteiro enfraquece quando aposta em certos conflitos,
como o pai que se candidata a prefeito da cidade, o caso amoroso da menina com
seu companheiro de canto, ou a aposta num professor com personalidade ranzinza
(Eric Elmosnino). Nesse caminho fácil em que o filme explora as brigas em família
e as pequenas rebeldias da adolescência, torna-se previsível e, para coroar,
termina da forma mais chorosa possível.
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