Wolverine
Imortal
(The Wolverine, EUA/Austrália, 2013)
Dir:
James Mangold

O
maior pecado do longa está somente nas diversas reviravoltas que a história vai tirando da manga, nunca satisfeita com suas intrigas estabelecidas, sempre pronta
para sacar mais algumas. Não chega a quebrar o ritmo, mas já vai casando lá
pelo fim do filme. A cultura japonesa surge como marca interessante aqui,
contrapondo tradição e o aparato hype-tecnológico contemporâneo. Mas a cereja
do bolo é mesmo a cena pós-créditos, retomando a relação com os outros filmes
do universo mutante e apontando para direções bem interessantes a serem conferidas em X-Men: Dias de um Futuro
Esquecido. Não chega a ser
um grande filme pipoca, mas a contar com a leva deste ano, está bem acima de
muitos.
Uma História de
Amor e Fúria
(Idem, Brasil, 2012)
Dir:
Luiz Bolognesi

O
intuito com essa nova história é de estar do lado dos oprimidos e renegados de
nossa sociedade, aqueles que encontram pouco espaço nos livros de História. Incomoda
certo ar de peninha para com esses personagens, eles que parecem reencarnar a
cada novo segmento como casal (ganhando vida a partir das vozes de Camila
Pitanga e Rodrigo Santoro) que precisa lutar contra forças sócio-políticas
repressoras. O filme tem ritmo, o problema é quando cada segmento parece
reprisar o anterior em sua estrutura narrativa, mudando somente o pano de
fundo. De qualquer forma, é um projeto corajoso e louvável pelos riscos que
corre. E correr riscos é sempre bom no cinema nacional.
2 Mais 2 (Dos Más Dos,
Argentina, 2011)
Dir:
Diego Kaplan

A
história funciona como uma iniciação ao swing, a prática da troca de casais que
Diego e Emília (Adrián Suar e Julieta Díaz) descobrem ser uma atividade comum
entre seus melhores amigos, Richard e Betina (Juan Minujín e Carla Peterson). Eles
então ficam tentados a experimentar a coisa, com toda a sorte de confusões que a
situação pode gerar. Talvez o mais interessante nesse conflito seja a reticência
de Diego e a tentativa de convencê-lo a aceitar o swing como algo interessante, vantajoso para a relação do casal e
longe de moralismos. Não existe chacota, mas sim uma busca pela aceitação de uma
certa liberação dos desejos e atos sexuais. O filme diverte na mesma medida em
que não ofende, e isso é uma grande qualidade.
Mekong Hotel (Idem,
Tailândia/França, 2012)
Dir:
Apichatpong Weerasethakul
Existe
uma interessante dualidade entre o cotidiano dos personagens e a natureza
fantástica (ou fantasmagórica) que eles assumem, representantes de um espírito
carnívoro que toma posse do corpo das pessoas. É diferente de seu filme mais
famoso, Tio Boonme que Pode Recordar
Vidas Passadas, em que o tom religioso-fantástico se revela
assustadoramente diante de nossos olhos. Aqui não, o fantástico assalta a vida cotidiana, e nada no filme parece se abalar com essa presença, por mais
que as cenas mostrem as pessoas se alimentando de vísceras, como animais
carniceiros. A música doce e melancólica que permeia todo o filme é o
indicativo do ritmo banal, apesar do surreal das situações. O Mekong Hotel do título, mais que um lugar, é um
estado de ser e estar.