
O poder e influência da família Barreto no meio cinematográfico parece ser inversamente proporcional ao talento de seus diretores em construir obras eficientes, ou o mínimo interessantes. Lula, O Filho do Brasil chegou aos cinemas como a mais cara que o país já produziu, muito embora é tomada por uma palidez que só reforça o caráter meramente comercial da história.
Se por um lado é bastante emblemático que o filme, visivelmente parcial (embora não há mal algum nisso), seja lançado ainda durante o mandato de seu biografado e em pleno ano eleitoral, parece haver uma pensada estratégia em encher os cinemas com o mesmo povo que compareceu em massa nas urnas para eleger e re-eleger o atual presidente.
Questiona-se: por que contar essa história? Porque é a história de um homem que venceu na vida, e venceu com o apoio de grande parte dos brasileiros. Não que eu duvide da validade da trajetória de vida de Lula. De fato, é um feito e tanto para uma pessoa que cresceu naquelas condições chegar ao cargo de chefia da República.
E aí vem um dos grandes entraves da obra: com uma história tão rica, porque o filme se limitou a ser tão chapado? Sim, porque todo o filme exala um tom burocrático ao simplesmente retratar os principais acontecimentos na vida de Lula, sem maiores desdobramentos que enriqueceriam a narrativa, quase como se não houvesse maior interesse por aquilo que está sendo mostrado, pelo simples fato do filme ser sobre quem é e ponto.Outra questão emblemática é falar da limitação de Fábio Barreto num momento em que o diretor se encontra em estado grave de saúde. Mas é evidente sua falta de talento em criar essas nuances e fugir da biografia convencional. Parece quem nem é ele o responsável pela incrível cena do comício no estádio de futebol onde Lula fala a uma multidão, se microfone, e suas palavras precisam ser repassadas em coro para os operários que estão mais atrás.
Além disso, parece uma grande salvação que Glória Pires esteja no elenco porque, apesar do texto fraquíssimo que tem em mãos, ela consegue fazer milagre, muito embora sua personagem não consiga fugir do estereótipo da supermãe batalhadora. Talvez ela seja a verdadeira heroína do filme.