Procedimento Operacional Padrão (Standart Operating Procedure, EUA, 2008)
Dir: Errol Morris

Primeiro documentário a ser incluído na competição do Festival de Berlin, em 2008, Procedimento Operacional Padrão (vencedor do Grande Prêmio do Júri) se concentra nas barbaridades que o exército norte-americano praticava com detentos da prisão iraquiana de Abu Ghraib, durante a Guerra do Iraque. Os fatos vieram à tona por conta das absurdas fotos de tortura e humilhação que foram divulgadas pela mídia, escandalizando o mundo e denegrindo de vez a imagem das Forças Armadas dos EUA. O filme faz um apanhado mais amplo da situação e mostra como as fotos (e também as torturas) não se limitaram às mostradas em rede mundial. Interessante notar como a maioria dos depoimentos são dos soldados que tiraram ou participaram das foto e consequentemente foram julgados (com penas bem variadas e nem todas tão justas). Assim, somos apresentados a pontos de vistas que não se eximem da culpa, mas transparecem a crueldade irracional daqueles atos, muito embora não se esconda que a situação era largamente conhecida por todos, inclusive pelas altas patentes militares. Porém, mesmo com um tema de grande relevância, o documentário não passa do convencional e só prende a atenção pelos depoimentos, como os de Lynndie England que acabou se tornando a mais conhecida pelas fotos (ela aparece puxando um prisioneiro pela coleira numa delas). Há algumas pequenas dramatizações no filme, mas nunca soam com ar de artificialidade. Se uma imagem vale mais do que mil palavras, imagina o quanto mais de mil imagens são capazes de dizer.
30 Dias de Noite (30 Days of Night, Nova Zelândia/EUA, 2007)
Dir: David Slade

30 Dias de Noite é um embuste. O roteiro tenta manipular uma atmosfera de terror ao mesmo tempo se esforçando para o espectador não perceber os furos de roteiro deixados pelo caminho. Um deles diz respeito a um ponto central do filme: a passagem do tempo. Em Barrow, no Alasca, durante o inverno, a cidade permanece 30 dias sob total escuridão; num desses períodos, o local vai ser atacado por uma leva de vampiros, sedentos de sangue, forçando as pessoas a se esconderem o máximo possível. Por mais que os vampiros tenham poderes sobre-humanos, a narrativa possui elipses de tempo de 10 dias em que nada acontece, já que os personagens são encontrados na mesma situação. Então, qual o perigo que essas criaturas oferecem? Isso diminui bastante a força dramática do filme que não consegue transmitir um tom de perigo. Eben (Josh Hartnett) é o xerife local que vai tentar enfrentar as criaturas e ainda salvar sua ex-mulher da ameaça mortal. De fato, uma experiência vazia a quem busca bons sustos.
Se Eu Fosse Você 2 (Idem, Brasil, 2008)
Dir: Daniel Filho

O pior em relação a esse filme é que eu até dei umas risadas durante a projeção. Mas quando a gente sai do cinema e põe a mão na consciência, percebe o quanto de descabimento existe numa história que forja o riso o tempo todo, numa repetição do que Daniel Filho já havia feito no filme anterior. Temos aqui a mesma história do casal Helena e Cláudio (Glória Pires e Tony Ramos, bons atores) que troca de corpos. Daí surgem as caricaturas mais óbvias da mulher durona e do homem afeminado, esse último o mais adorado pelo público pois as pessoas ainda conseguem ver graça num homem se comportando como mulher. Mas é aí que o filme revela um erro crasso: Helena, quando ainda estava em seu corpo, não era afeminada como quando passa a ocupar o corpo de Cláudio. Mas isso não parece preocupar os roteiristas porque a graça está nos trejeitos, e quase ninguém percebe isso. O filme precisa disso para arrancar risos escrachantes da plateia. A maior frustração, no entanto, é pensar que esse é o filme brasileiro mais assistido da pós-Retomada. A força do cinema nacional reside nos filmes mais alternativos, tipo de obra que passa longe do grande público.
Dir: Errol Morris


30 Dias de Noite (30 Days of Night, Nova Zelândia/EUA, 2007)
Dir: David Slade


Se Eu Fosse Você 2 (Idem, Brasil, 2008)
Dir: Daniel Filho

