O Caçador de Pipas (The Kite Runner, EUA, 2007)
Dir: Marc Forster


É sempre assim. Toda vez que um livro faz bastante sucesso, logo Hollywood se apressa para adaptar para a telona. Sei que esse tipo de comparação – livro/filme - é injusta, existem particularidades em cada linguagem, mas é aí que reside todo o problema: será que a adaptação é mesmo verdadeira (os responsáveis têm apreço pela história e acham que daria um bom filme) ou é só para pegar carona no sucesso da obra original (money, money, money!)?
O Caçador de Pipas, infelizmente, me parece pertencer a esse segundo grupo. Infelizmente porque o livro é ótimo, singelo mas nunca cai no dramalhão (as páginas finais são excelentes).
No filme, temos a história do garoto afegão Amir, que possui uma forte amizade com o filho do empregado da casa de sua rica família, o fiel Hassan, e será responsável por um ato de “covardia” que vai abalar a amizade de ambos. Anos depois, refugiado nos EUA e com uma promissora carreira de escritor, surge uma oportunidade de Amir se redimir. A história revela mais reviravoltas do que isso, e seria estragar as surpresas se eu contasse mais.
Igualmente a
O Amor nos Tempos do Cólera, outra adaptação de uma obra literária, o que mais senti falta em
O Caçador de Pipas foi de um realizador com personalidade para adaptar o material. “Esquemático” é um adjetivo que se adequa aos dois filmes. Marc Forster até que faz bons filmes, mas são trabalhos bastante destoantes entre si e ele não conseguiu deixar uma marca ainda. Dessa forma, o filme cai no melodrama fácil, de forma fria e distante, soando maniqueísta às vezes. Não consegui me identificar com o drama dos personagens, embora seja algo forte.
Falado quase totalmente em árabe (algo que poucas vezes se respeita em Hollywood quando um filme se passa num país de outro idioma),
O Caçador de Pipas pelo menos tenta recriar com fidelidade o Afeganistão ainda livre do terrível regime do taliban. A música de Alberto Iglesias (recentemente indicada ao Oscar) ajuda bastante nesse sentido. Uma pena que com uma história tão emocionalmente carregada nas mãos, Forster tenha se rendido ao dramalhão.