Dir: Nelson Pereira dos Santos


Interessante que a primeira vez que eu vi esse longa de estréia do Aronofsky não gostei muito não. Mas da segunda, minha relação com o filme melhorou. É bastante louco o mundo em preto-e-branco e confuso do brilhante matemático Alex (Sean Gullette) que pretende encontrar um padrão numérico para explicar as cotações da bolsa de valores e acredita que a resposta está na decodificação do número Pi (aquele mesmo da área da circunferência das aulas chatas de matemática). O diretor explora a introspecção psicológica (e perturbada) de Alex, criando um filme de corte ágil, cenas desconexas, ruídos estranhos e atmosfera de tensão. A obra possui intensa carga filosófica que parece questionar o sentido da existência, a impotência do homem diante de forças maiores e até mesmo a religiosidade. Algumas cenas podem soar confusas e nos entediar. Mesmo assim, um bom começo para quem iria fazer o excepcional Réquiem para um Sonho.
Possuídos (Bug, EUA, 2006)
Dir: William Friedkin Do lado de fora de um pequeno quarto de hotel à beira da estrada, alguém bate na porta, mas de dentro o que se ouve são pancadas estrondosas, sons de helicóptero sobrevoando o local e um tremor com de um terremoto. São momentos assim, de forte tensão e teor psicológico, que abalam as mentes dos personagens aprisionados na sua própria paranóia. O que poderia muito bem ser um drama emocional ganha contornos assombrosos e também irreversíveis, principalmente através de atuações tão viscerais como as de Ashley Judd e Michael Shannon. O espectador sai em estado de choque, até porque não é sempre que vemos personagens arrancando os próprios dentes.
PS: Mesmo não tendo visto Tropa de Elite ainda, gostei muito da escolha de O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias como o representante nacional para o próximo Oscar. Estamos bem representados.