domingo, 14 de junho de 2015

Festival Varilux – Parte I


Diário de uma Camareira (Journal d’une Femme de Chambre, França/Bélgica, 2015)
Dir: Benoît Jacquot



Benoît Jacquot é o tipo de cineasta que faz filmes padrões, sem muita pretensão, mantendo certo nível de qualidade na encenação, mas sem apresentar g
randes novidades. Consegue feitos bem bons, como em Adeus, Minha Rainha, e outros mais decepcionantes como nesse Diário de uma Camareira.

Acompanhamos o percurso da jovem e bela Célestine (Léa Seydoux), camareira agenciada por uma senhoria em Paris, que pula de emprego a emprego em casas de família. Sua postura e olhar altivos sugerem uma personalidade arisca, esperta, uma mulher que mesmo em situação subalterna não está disposta a se rebaixar, embora engula, a contragosto, alguns sapos por aí. Um emprego numa casa campestre no interior da França é seu novo campo de batalha.

O filme transcorre com certa segurança na maneira com que Jacquot faz desenrolar os acontecimentos, apesar de apostar no lugar comum: a patroa (Clotilde Mollet) é severa e insiste em lhe dar ordens despropositais, somente para testá-la e cansá-la; o patrão (Hervé Pierre) é um fanfarrão que tenta abusar dela. Célestine ainda conhece o misterioso guarda-caça Joseph (Vincent Lindon), por quem manterá uma relação de atração.

Mas por muitas vezes o roteiro aponta caminhos que desviam daquele cenário que vai se desenhando ali. O filme insiste em inserir flashbacks que mostram Célestine em outros empregos, quebrando a empatia que vínhamos estabelecendo com o envolvimento dos personagens naquela casa, ainda que nem fossem assim tão fortes e interessantes.

Outros assuntos também povoam a narrativa (os casos de estupro na região, a aproximação de Célestine com pessoas de outra casa), tudo muito estranho e distante dos propósitos finais com que ela será confrontada (final esse repentino e nada surpreendente pela maneira como que é dado). 

Curiosamente, estreou há pouco tempo no Brasil filme anterior do cineasta, 3 Corações, com problemas semelhantes de ritmo e roteiro frouxo. Por trás da mão segura do diretor, o roteiro aposta em muitos elementos, sem conectá-los tão bem assim no todo, deixando para trás sensação de história rasa, apesar das potencialidades que seu material possui.

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