quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Curtas

Com o blog novo, quero aproveitar para experimentar coisas novas também. Então pensei em fazer posts com comentários rápidos acerca de impressões sobre alguns filmes que vou vendo pelo caminho, mas que não pretendo escrever textos mais longos. Espero que se torne uma constante.

Brasília 18% (Idem, BRA, 2006)
Dir: Nelson Pereira dos Santos

Nelson Pereira dos Santos é um dos poucos diretores clássicos brasileiros que ainda estão na ativa (mesmo que ele tenha ficado um tempão sem filmar ficção). E me decepcionei com esse filme tão superficial e simplório, embora a intenção de mostrar os bastidores da corrupção do poder no país seja boa. Roteiro fraco que ganha contornos interessantes quando o filme passa a intercalar delírios psicológicos do personagem principal. A maioria dos atores surgem em desempenhos fracos, salvando só a Malu Mader e a principiante Karine Carvalho. Luis Carlos Riccelli que faz o personagem principal é um desgosto de ver. E que idéia é aquela de dar nomes de grandes escritores brasileiros aos personagens? Ridículo.

Pi (Idem, EUA, 1998)
Dir: Darren Aronofsky

Interessante que a primeira vez que eu vi esse longa de estréia do Aronofsky não gostei muito não. Mas da segunda, minha relação com o filme melhorou. É bastante louco o mundo em preto-e-branco e confuso do brilhante matemático Alex (Sean Gullette) que pretende encontrar um padrão numérico para explicar as cotações da bolsa de valores e acredita que a resposta está na decodificação do número Pi (aquele mesmo da área da circunferência das aulas chatas de matemática). O diretor explora a introspecção psicológica (e perturbada) de Alex, criando um filme de corte ágil, cenas desconexas, ruídos estranhos e atmosfera de tensão. A obra possui intensa carga filosófica que parece questionar o sentido da existência, a impotência do homem diante de forças maiores e até mesmo a religiosidade. Algumas cenas podem soar confusas e nos entediar. Mesmo assim, um bom começo para quem iria fazer o excepcional Réquiem para um Sonho.

Possuídos (Bug, EUA, 2006)
Dir: William Friedkin


Do lado de fora de um pequeno quarto de hotel à beira da estrada, alguém bate na porta, mas de dentro o que se ouve são pancadas estrondosas, sons de helicóptero sobrevoando o local e um tremor com de um terremoto. São momentos assim, de forte tensão e teor psicológico, que abalam as mentes dos personagens aprisionados na sua própria paranóia. O que poderia muito bem ser um drama emocional ganha contornos assombrosos e também irreversíveis, principalmente através de atuações tão viscerais como as de Ashley Judd e Michael Shannon. O espectador sai em estado de choque, até porque não é sempre que vemos personagens arrancando os próprios dentes.

PS: Mesmo não tendo visto Tropa de Elite ainda, gostei muito da escolha de O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias como o representante nacional para o próximo Oscar. Estamos bem representados.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Os 10 mais

A Sociedade Brasileira de Blogueiros Cinéfilos (SBBC), recém criada, pretende fazer uma votação entre seus membros para escolher os 10 melhores filmes de todos os tempos. Estou bastante curioso para saber o resultado e deixo aqui a minha modesta contribuição, lembrando da dificuldade de se escolher somente dez e ainda da enorme quantidade de filmes importantes que eu ainda não tive a oportunidade de assistir. De qualquer forma, aí estão os meus dez:


1. Cidadão Kane (Orson Welles)
2. Laranja Mecânica (Stanley Kubrick)
3. Poderoso Chefão: Parte II (Francis Ford Coppola)
4. O Encouraçado Potemkin (Sergei Eisenstein)
5. Aurora (Friedrich Wilhelm Murnau)
6. Gritos e Sussurros (Ingmar Bergman)
7. Táxi Driver (Martin Scorsese)
8. Pulp Fiction (Quentin Tarantino)
9. Terra em Transe (Glauber Rocha)
10. Tempos Modernos (Charles Chaplin)

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Corra, antes que o bicho pegue

Extermínio 2 (28 Weeks Later, ING, 2007)
Dir: Juan Carlos Fresnadillo



Extermínio 2 é a continuação de um filme de terror cuja equipe foi toda modificada. Danny Boyle, que comandou muito bem o primeiro filme (e lançou esse ano o ótimo Sunshine – Alerta Solar), dá lugar ao espanhol Juan Carlos Fresnadillo e embora a mudança seja sentida, essa seqüência consegue a proeza de se equiparar à atmosfera do filme anterior sem parecer um mero caça-níquel, o que é um grande elogio em nossos tempos.

Depois da epidemia de zumbis ter sido controlada em Londres, começa a reconstrução e repovoamento da cidade (que mais uma vez pode ser vista em total abandono). Um homem reencontra seus dois filhos nesse ambiente, mas a descoberta de um outro membro da família infectado traz de volta o vírus, agora se espalhando com mais velocidade e o pesadelo recomeça.

O mesmo ritmo frenético permeia todo o filme. Destaque para a assustadora seqüência inicial do ataque à casa havendo aí um momento de partir o coração. Falando nisso, é a primeira vez que consigo me emocionar de verdade num filme de terror a partir do drama do cara que não conseguiu salvar uma pessoa muito próxima.

O dilema entre ajudar, mas se manter vivo ao mesmo tempo é um fardo com o qual os personagens têm de lidar todo o tempo. Muitos deles parecem surgir como protagonistas, mas acabam ficando no meio do caminho o que nos dá a idéia da vulnerabilidade de todos ali. Outro destaque é uma trilha sonora contida que sabe o momento e o tom certos para entrar em cena.

Com uma cena final enigmática, mas que me encheu de expectativas para uma continuação ainda mais grandiosa, Extermínio 2 é um dos melhores filmes de terror que chegou aos cinemas esse ano (ta difícil de ganhar de Possuídos). Tem personalidade e brilho próprios.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

A graça da tosquice

Saneamento Básico – O Filme (Idem, BRA, 2007)
Dir: Jorge Furtado



Sem dúvida Saneamento Básico é o filme mais metalingüístico lançado nos cinemas nacionais este ano. É cinema brasileiro de qualidade abordando os vários processos que passam pela produção de uma obra cinematográfica da forma mais engraçada possível.

Numa pequena vila gaúcha, o sistema de tratamento de esgoto precisa urgentemente da construção de uma fossa. O único dinheiro, no entanto, que a prefeitura dispõe é uma verba destinada à realização de um vídeo de ficção. Assim, surge a idéia de fazer um filme sobre a obra justamente para que a obra seja realizada. O problema todo é a feitura do vídeo cujos roteiro, direção, atuações, cenografia, figurino, tudo deve ser feito pelos próprios moradores.

Furtado se utiliza do próprio filme para discutir, com humor inteligente, as dificuldades e etapas que permeiam a realização de um filme: a feitura do roteiro, escolha dos atores ideais, locação, e claro montagem, mesmo que aqueles personagens não façam a menor idéia da importância de cada uma dessas etapas. O resultado então é uma coisa tosca, estranha e, justamente por isso, hilária (a forma como as falas são ditas no vídeo é de morrer de rir).

O elenco dá um show de interpretação aliado ao ótimo texto do próprio Furtado. Fernanda Torres e Wagner Moura utilizam toda a expressão corporal em benefício do humor (a dancinha do mostro é hilária e percebam como o olhar dela é expressivo). Camila Pitanga se mostrou uma ótima escolha para viver a "estrela" burrinha que só quer vender sua imagem e Lázaro Ramos aparece como o alter ego do Furtado.

Este filma tudo com muita segurança e desenvolve muito bem cada um de seus personagens. Originalidade é sua marca registrada e isso não falta no filme. Ele cria alguns planos-sequências estáticos, por exemplo, que privilegiam o texto e as atuações, confiando totalmente nesses dois quesitos. Com simplicidade e inteligência, Saneamento Básico é uma das melhores comédias brasileiras do ano.

PS: Um pouco depois do lançamento do filme, assisti na TVE uma entrevista do Jorge Furtado no programa Roda Vida. Dentre outras coisas, ele acentuou a importância de se investir dinheiro público na produção cinematográfica, mesmo sendo cara e sendo o Brasil um país com tantos problemas de infra-estrutura. Assunto complicado.

domingo, 16 de setembro de 2007

Novos caminhos


Bem, depois de uma proveitosa e rica experiência escrevendo no Cinematógrafo XXI junto com minha colega Andressa, decidimos cada qual seguir o seu caminho. E eis que surge aqui um novo espaço.

A Moviola Digital segue a mesma idéia de discutir a Sétima Arte a partir de minha visão pessoal e amadora sobre o assunto, sempre na intenção de provocar reações nos leitores. Estes, inclusive, servindo sempre como incentivadores dessa atividade, com suas participações nos comentários. Quero agradecer inclusive a todos aqueles que acompanharam o nosso trabalho no Cinematógrafo XXI.

Pretendo atualizar com mais freqüência o blog e diminuir mais os textos, além de outras idéias que vão surgindo pelo caminho, como a postagem da lista mensal de filmes. As cotações irão de 1 a 5 estrelas além das meias cotações.

Espero que gostem do espaço novo e continuem interagindo por meio dos comentários. Abraço a todos e sigamos em frente.