domingo, 26 de setembro de 2010

Melhores atuações da década

A Sociedade Brasileira de Blogueiros Cinéfilos (SBBC) encomendou uma votação para escolher as melhores atuações masculinas e femininas do cinema na década passada (o que corresponde aos filmes lançados em seus respectivos países entre 2000 e 2009). Como sofri para selecionar dez nomes. Abaixo, seguem meus votos, em ordem alfabética, para aliviar o sofrimento:


Elas:


Cate Blanchett (O Aviador)

Ellen Burstyn (Réquiem para um Sonho)

Giovanna Mezzogiorno (Vencer)

Hermila Guedes (O Céu de Suely)

Hillary Swank (Menina de Ouro)

Isabelle Huppert (A Professora de Piano)

Kim Hye-ja (Mother – A Busca pela Verdade)

Marion Cotillard (Piaf – Um Hino ao Amor)

Meryl Streep (O Diabo Veste Prada)

Penélope Cruz (Volver)


Por um fio: Laura Dern (Império dos Sonhos), Nicole Kidman (As Horas) e Marcia Gay Harden (O Nevoeiro)


Eles:


Bruno Ganz (A Queda – As Últimas Horas de Hitler)

Christopher Waltz (Bastardos Inglórios)

Javier Bardem (Mar Adentro)

Javier Bardem (Onde os Fracos Não Têm Vez)

Mathieu Amalric (O Escafandro e a Borboleta)

Ryan Goslin (Half Nelson)

Sean Penn (Sobre Meninos e Lobos)

Selton Mello (O Cheiro do Ralo)

Toni Servillo (As Consequências do Amor)

Wagner Moura (Tropa de Elite)


Por um fio: Mickey Rourke (O Lutador), Philip Seymour Hoffman (Capote) e Louis Garrel (Em Paris)

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Curtinhas

Moacir – Arte Bruta (Idem, Brasil, 2005)
Dir: Walter Carvalho


Bela surpresa essa primeira incursão do grande diretor de fotografia brasileiro, Walter Carvalho, como cineasta (mesmo que tenha dividido a direção do ótimo Janela da Alma com João Jardim, mas mais pela concepção visual do filme). Seu documentário, sem grandes pretensões, abraça uma figura exótica para revelar um artista improvável, um homem com traços de esquizofrenia que faz pinturas e desenhos, embora nunca tenha passado por uma escola. "Arte bruta” no jargão psicanalítico representa u tipo de manifestação artística concebida sem nenhuma noção estética. É o tipo de história que vale a pena ser descoberta pela força de seu personagem e da riqueza de seu trabalho.

O melhor do filme é que nunca irá propor uma explicação nem para os problemas mentais de Moacir e, muito menos, para seu visível talento criativo. A observação da arte do personagem nunca é “cienficada”, porque, por si só, ela já é capaz de encantar o espectador. A arte se auto-explica. Walter Carvalho se presta a conhecer Moacir e o estado de pobreza em que vive, valorizando e respeitando demais seu personagem, mesmo quando suas atitudes soem por demais bizarras, estranhas e inconvenientes. No fundo, Moacir é arte pura.


Budapeste (Idem, Brasil/Hungria/Portugal, 2009)
Dir: Walter Carvalho


Não parece ser fácil traduzir Chico Buarque ou pelo menos não sua produção literária, embora sua linguagem pouco convencional não assustou, por exemplo, Ruy Guerra (que fez o dificílimo Estorvo), e nem Walter Carvalho nessa adaptação de Budapeste, um dos melhores livros do cantor-compositor. Mas, apesar das boas intenções e do entendimento pleno do diretor quanto à narrativa, o filme ainda é um corpo estranho, uma espécie de trabalho arriscado numa adaptação cinematograficamente pouco segura que precisa investir em tiques de direção através de momentos rasteiros e “poéticos”.

Leonardo Medeiros vive um ghost writer que vai se tornando obcecado pela capital da Hungria, descoberta acidentalmente durante uma escala forçada, ao mesmo tempo em que vê sua vida amorosa e profissional tomando o rumo da nulidade e insatisfação. Muito disso pelo próprio caráter de anonimato que sua profissão exige, o que lhe corrói enormemente. É um personagem em busca de libertação. E talvez toda essa angústia seja atropelada por um filme que não encontrou uma identidade, ou de um cineasta que não formou um estilo ainda. Não basta ser mecânico na adaptação. E eu realmente acho que Walter Carvalho tenha se esforçado muito para fazer um filme livre de amarras e mais independente, mas, infelizmente, o resultado soa frio e distante demais.


Vencer (Vincere, Itália/França, 2009)
Dir: Marco Bellocchio


A veia politizada do bom cinema italiano parece ter hoje na figura de Marco Bellocchio um de seus pontos de referência em meio à crise do cinema contemporâneo feito no país. Vencer seria uma prova de resistência, muito embora o filme me parece bastante superestimado por aí. A narrativa se mostra muito pontual ao trazer a história de Ida Dalser (Giovanna Mezzogiorno), amante de Benito Mussolini (Filippo Timi), em plena ascensão pelo poder; ela será desprezada, junto com seu filho, pelo futuro dulce fascista e a tentativa de reaproximação será seu intuito de vida.

Mesmo que o filme perca fôlego de tempos em tempos pela várias interrupções (como a passagem dos anos, a quebra da linearidade), o filme vale pela portentosidade de uma trilha sonora sempre evocativa (uma marca registrada do cineasta, vide o ótimo Bom Dia, Noite), pelas imagens de arquivo que evocam uma Itália em ebulição e pelas atuações brilhantes de Timi e, em especial, de Mezzogiorno, com certeza uma das melhores do ano. Seus personagens são defendidos com vigor e determinação, embora a narrativa picotada da história faça o desenvolvimento dos personagens estancarem em vários momentos.


Zona Verde (Green Zone, EUA/França/Reino Unido/Espanha, 2009)
Dir: Paul Greengrass


Zona Verde é a junção das duas boas qualidades dos filmes de Paul Greengrass: a veia política e contestadora (como em seu Urso de Ouro com Domingo Sangrento e o sensacional Voo United 93) e a qualidade de suas fitas de ação (como nos dois últimos filmes da trilogia Bourne). Greengrass tem noção de como manter a tensão através da câmera na mão, da montagem frenética (mas nunca confusa), e de um roteiro que evolui na medida em que seu protagonista se dá conta da farsa na qual está metido. Todos esses recursos não estão ali somente para fazer explodir bombas e pôr carros em perseguição por puro prazer de ver tudo se destruir.

Matt Damon vive o subtenente do exército norte-americano Roy Miller que, logo após a Guerra do Iraque, comanda uma equipe em busca das tão famosas armas de destruição em massa que, como sabemos, não existiam. Toda essa dose de viés político confere seriedade ao longa, ao mesmo tempo que a adrenalina se mantém presente em vários momentos. Essa dose de realismo embutido na história é o grande diferencial dessa produção em meio a tanta bomba feita por aí (alô Encontro Explosivo). E o despertar para a sujeira por trás de todo aquele conflito é mais um belo exemplar de tomada de consciência que o cinema tem nos oferecido.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Moviola Digital – 3 anos




Ainda dá tempo de comemorar os três anos de atividades desse espaço aqui que se tornou um dos prazeres de minha vida. Ganhou roupagem e elementos novos (como a lista de todos os filmes aqui cometados, ainda um work in progress). Os filmes vêm e vão, e com eles surge o senso crítico, a maturidade, a compreensão, o nascimento do novo, o alargar dos horizontes. É isso que faz esse lugar tão especial e tão vivo, pelo menos para mim.

Agradeço a todos que visitam, direta ou indiretamente, o blog, que gostam ou não dos textos publicados aqui, aqueles que comentam constantemente ou os que saem calados, que discordam ou não dos meus pontos de vistas, aqueles que conseguem despertar um certo olhar, os que passam por aqui e não saem os mesmos.

E que venham os filmes, o que desejar mais? Abaixo e acima, dez ótimos filmes que passaram aqui no último ano, e, de alguma forma, me deixaram boas marcas e recordações.





segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Pobreza de espírito

Nosso Lar (Idem, Brasil, 2010)
Dir: Wagner de Assis



Não parece ser fácil escrever sobre Nosso Lar porque o filme não foi feito para alimentar discussões cinematográficas. Não mesmo. E se tenta convencer pelas suas características narrativas, há de se notar um tom moralista que põe muita coisa a perder. O filme é o porta-bandeira de uma doutrina que vende muitas ideias que podem soar absurdas, para não dizer constrangedoras, a olhos não acostumados com os preceitos do espiritismo.

Mesmo assim, não dá para isentar o filme de tantas críticas pelo simples fato de se tratar de um material altamente parcial e feito para agradar um tipo específico do público (que tem lotado as salas de cinema e fazendo do filme o mais recente sucesso de bilheterias). E aí, inevitavelmente, se esbarra no problema daqueles que não aceitam críticas ao filme, pois retrataria com “fidelidade” os dogmas de uma doutrina, ainda mais quando estamos falando de preceitos religiosos.

Mas o pior de tudo não é ter de aceitar as ideias que o filme pretende vender com seu moralismo do bem, suas saídas fáceis para o caminho do bem e da salvação, sua construção portentosa de um mundo perfeito no além, engordado por quilos e quilos de CGI. No fundo, não é preciso aceitar conceitos, mas pelo menos entendê-los e respeitá-los, por mais bobos que possam soar.

O grande problema do filme reside, para mim, numa dramaticidade pobríssima, diretamente proporcional à quantidade de lições de moral que o filme cospe a cada novo passo que o protagonista dá em sua “jornada”. Que me perdoe o Chico Xavier, mas o texto é péssimo (não conheço o material original).

Junta-se a isso atores totalmente mecanizados, a começar pelo protagonista Renato Prieto, tão teatral quanto forçado (os veteranos, claro, são os que melhor se saem bem, como Othon Bastos e Paulo Goulart, sempre cheios de dignidade, e um surpreendente e sereno Fernando Alves Pinto).

Como se não bastasse, e com intuito de elevar o filme ao plano de grande obra cinematográfica, o visual é portentoso, fazendo valer os R$ 20 milhões de reais investidos na obra. Nada contra, se existe ali uma funcionalidade maior do que se exibir, embora cansem pelo exagero (lembrar que os efeitos foram finalizados em Toronto).

Ainda pecando pelo fato de ser didático demais, com um excesso de voz over, o filme parece querer apresentar suas ideias às pessoas (principalmente os não espíritas). Ou seja, um filme-panfleto que peca nem tanto por seu caráter “massageador de ego” dos espíritas convictos, mas por ter esquecido o fator cinema e sua validade artística.

domingo, 12 de setembro de 2010

Morre Claude Chabrol

Que susto tomei hoje com a notícia da morte de Claude Chabrol. O cineasta que inaugurou a Nouvelle Vague com seu longa de estreia, Nas Garras do Vício, e fez parte do grupo de jovens turcos, revolucionando a crítica cinematográfica ao fundarem a clássica Cahiers du Cinéma, tinha uma produção cinematográfica das mais prolíficas. O melhor era que toda essa vitalidade se mostrava perceptível em seus filmes, sempre dirigidos com extrema elegância e vigor criativo.

Apaixonado por Hitchcock, imprimiu em sua filmografia um tom de mistério latente (como em O Açougueiro, para mim, seu melhor filme e mesmo no mais recente A Teia de Chocolate), ao mesmo tempo em que fazia uma crítica mordaz da vida burguesia em toda sua hipocrisia e vaidades (como no maravilhoso Quem Matou Leda? ou no seu Urso de Ouro Os Primos).

E o que dizer da paranoia psicológica do sensacional Ciúme – O Inferno do Amor Possessivo, ou da trama hipnótica e perturbadora de A Dama de Honra, ou olhar político farsesco de A Comédia do Poder? Morre Claude Chabrol, mas não o seu cinema que há de permanecer vivo e atual por muitos e muitos anos.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

3 X Antonioni

Se o tema da incomunicabilidade é recorrente na filmografia do mestre italiano Michelangelo Antonioni, passando por sua Palma de Ouro com Blow Up – Depois Daquele Beijo e pelo sensacional Passageiro: Profissão – Repórter, foi justamente a Trilogia da Incomunicabilidade que lhe conferiu status de gênio. Vamos a eles:


A Aventura (L’Avventura, Itália/França, 1960)


Foi com esse filme que Antonioni alcançou a projeção internacional de grande cineasta, muito embora, quando de seu lançamento no Festival de Cannes, o filme tenha sido apedrejado pelo público, vaiado sem dó; menos pela crítica que já antevia ali um grande artista da imagem. E Antonioni lança aqui as bases para seu cinema anti-narrativo, com um estilo peculiar de falar tanto com muito pouco, ou de deixar transparecer tanta informação interior por meio de gestos e expressões, depositando bastante valor em seus atores. Toda a futilidade da classe burguesa está representada no grupo de amigos que viajam a uma ilha deserta. Quando Anna desaparece de repente, a diversão acaba e o mistério passa a perseguir seu noivo (Gabriele Ferzetti) e sua melhor amiga (Monica Vitti, a musa do diretor).

Nesse processo de busca pela moça, os dois vão acabar se aproximando, embora exista uma grande resistência em iniciar um relacionamento, apesar da atração que um sente pelo outro, enquanto os outros pouco se importam com o resultado das investigações (o caso nunca será solucionado). Nesse sentido, Antonioni parte de uma investigação geral (o vazio da classe burguesa), chegando à incapacidade de comunicar sentimentos, representado pelos dois personagens que ficam à mercê de uma resposta. Resposta essa que nunca virá. O que fica é a desolação dos seres, filmada com tanta intensidade, mas ao mesmo tempo, serenamente. Por isso mesmo que é brilhante.


A Noite (La Notte, Itália/França, 1961)


Se em A Aventura Antonioni partia de um grupo de burgueses para alcançar um casal deles e seus vazios existenciais, em A Noite o cineasta percorre o caminho oposto. Usa um casal como representação de uma classe em devaneio, muito embora o valor humano aqui seja da mesma forma priorizado nesses personagens que procuram um caminho de libertação e entendimento entre si. Nesse caso, temos dois monstros do cinema, Jeanne Moreau e Marcello Mastroianni, vivendo esse casal em crise de relacionamento; vão passar por provações e dúvidas durante uma noite numa festa em meio a tanta gente boçal (enquanto isso, um amigo de ambos se encontra num hospital, em estado terminal, solitário, abandonado pelos amigos).

Talvez um tanto mais denso que os demais da trilogia, nunca saberemos ao certo quais as reais angústias dos dois personagens, tudo é sugerido por um roteiro que se revela nas falas dos personagens, ao decorrer da narrativa. Ele é um escritor de sucesso que não parece mais satisfeito com o reconhecimento, enquanto ela é uma simples sombra do marido. Mesmo as possibilidades que surgem no caminho de ambos (na maioria, interesses amorosos extraconjugais), parecem não preencher um vazio que sempre faz questão de atormentá-los. Enquanto a noite passa, o caminho dos dois parecem seguir direções opostas, quando, mesmo assim, voltam a se encontrar na mesma insatisfação inicial. Triste, triste.


O Eclipse (L’Eclisse, Itália/França, 1962)


Talvez O Eclipse seja o exemplo mais marcante daquilo que significa cinema anti-narrativo dentro da filmografia do Antonioni. Mais do que nos outros filmes, aqui pouquíssimas coisas acontecem, a noção de tempo morto é alargada com o intuito de criar aquela sensação de desamparo que logo no início vai acometer Vittoria (mais uma vez interpretada por Monica Vitti). O filme começa com ela e o marido no que parece o fim do relacionamento (curiosamente ela diz que passaram a noite anterior toda discutindo, numa referência direta ao filme anterior). Ao sair de casa, ela segue, sem rumo, em busca de um amparo e estamos, novamente, no mundo dos vazios.

E esse vazio se estende longamente, nos deixando à mercê de sua jornada. Ela busca a mãe, uma viciada investidora no mercado de ações, sem um minuto para ouvir a filha, tem olhos somente para acompanhar a louca cotação de seus investimentos. E é lá que Vittoria vai encontrar o corretor da bolsa de valores Piero (Alain Delon), com quem passa a ensaiar um relacionamento, mas nada que sugira uma grande transformação em sua vida, inclusive por resistência dele mesmo. Assim, o filme vai se arrasta (e não deixa de ser um tanto cansativo) até alcançar um final enigmático e ao mesmo tempo surpreendente pela resolução repentina. Para Antonioni, as respostas são cada vez mais difíceis de alcançar.

domingo, 5 de setembro de 2010

O peso da perda

Direito de Amar (A Single Man, EUA, 2009)
Dir: Tom Ford



O fato de Tom Ford ser um famoso estilista que estava se enveredando no universo do cinema como diretor (eu, sinceramente, nunca tinha ouvido falar dele) não me parecia um atrativo muito grande para eu assistir a Direito de Amar. Mas acho que eu consegui gostar do filme mais do imaginei, e mais até do que muita gente que o apedrejou por aí, embora o resultado fique só no mediano.

Se de uma forma geral a narrativa é eficiente em sua proposta de transmitir o sofrimento da perda de um amor, o filme ainda tem aquele ar de direção novata que precisa afirmar que sabe fazer cinema e não está ali por puro capricho. Talvez por isso o filme insista numa narrativa não-linear, movimentos sinuosos de câmera, mudanças da palheta de cores reforçadas por flashbacks introspectivos, trilha sonora que faz questão de soar mais alta desde o início do filme, direção de arte e figurinos que insistem em se fazer presentes.

Não que esses quesitos sejam indispensáveis ao filme, e muito menos que sejam mal pensados ou fora de propósito; a fotografia, por exemplo, acompanha o estado de espírito da situação, seja o tom acinzentado para apresentar os dias melancólicos do personagem, seja o tom ensolarado dos flashbacks em que dois parceiros viviam felizes (mesmo um preto-e-branco do passado é radiante). O problema é que tudo soa como uma construção um tanto premeditada com o intuito de reforçar o filme como uma peça de arte genuína, seu valor estético dentro da feira de vaidades industrial que é o cinema.

Mas o filme ganha pela sutileza com que nunca soe previsível e nem forçado. Os caminhos trilhados pelo professor universitário que acaba de receber a notícia de que seu amado parceiro morreu em um acidente de carro são ao mesmo tempo doloridos, mas fazem todo o sentido para um personagem que precisava esconder e lidar com essa situação numa época (precisamente a década de 60, tão libertária nesse sentido) em que o homossexualismo não tinha a abertura que vem conquistando aos poucos (e que nem é tão aceito assim nos dias de hoje).

De qualquer forma, por mais que o tema seja bastante relevante ao diretor, um dos pontos positivos do filme é que isso nunca é usado como fator de compaixão. Transparece somente a dor que corrói o personagem.


Nesse sentido, é belíssima a atuação contida de Colin Firth, na medida exata da discrição num personagem que, na maior parte do tempo, está prestes a explodir. Com certeza, Tom Ford encontrou no ator um dos grandes pilares de seu filme, que eleva bastante a experiência de assisti-lo. E como se não bastasse há ainda outra performance à altura das melhores do ano, cortesia de Julianne Moore, atriz competente (que nem sempre acerta), fazendo aqui muito com o pouco tempo que tem na tela e a personagem complexa que lhe foi dada.

Ela é a fiel confidente, mas também a mulher que sempre o amou. O melhor momento do filme é o encontro em que os dois repassam suas vidas e avaliam o que poderia ter sido dos dois caso tomassem rumos diferentes (e convergentes). Mais adiante, uma outra possibilidade vai se apresentar ao caminho do protagonista, para além de sua decisão de se matar.

Ao final, Direito de Amar surpreende pela sensibilidade e ainda é bastante sincero e coerente para um personagem errante. Tom Ford mostra que, apesar de haver saídas, nem sempre o caminho é tão simples e fácil de alcançar.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Filmes de agosto


1. Pandorum (Christian Alvart, EUA/Alemanha, 2009) *½

2. O Incrível Exército de Brancaleone (Mario Monicelli, Itália/França/Espanha, 1966) ****

3. Encontro Explosivo (James Mangold, EUA, 2010) *

4. A Morte Num Beijo (Robert Aldrich, EUA, 1955) ****

5. Quem Matou Leda? (Claude Chabrol, França/Itália, 1959) ****½

6. A Caixa (Richard Kelly, EUA, 2009) **½

7. Os Primos (Claude Chabrol, França/Alemanha, 1959) ****

8. Shrek Para Sempre (Mike Mitchell, EUA, 2010) **

9. O Bem-Amado (Guel Arraes, Brasil, 2010) **

10. Os Mercenários (Sylvester Stallone, EUA, 2010) **

11. A Origem (Christopher Nolan, EUA/Reino Unido, 2010) ***½

12. Uma Noite em 67 (Renato Terra e Ricardo Calil, Brasil, 2010) ***½

13. Vencer (Marco Bellocchio, Itália/França, 2009) ***½

14. A Noite (Michelangelo Antonioni, Itália/França, 1961) ****½

15. O Eclipse (Michelangelo Antonioni, Itália/França, 1962) ***


Revisões:

16. Os Incompreendidos (François Truffaut, França, 1959) *****

17. Laranja Mecânica (Stanley Kubrick, Reino Unido/EUA, 1971) *****

18. Oldboy (Park Chan-wook, Coreia do Sul, 2003) *****

19. Pickpocket – O Batedor de Carteiras (Robert Bresson, França, 1959) ****

20. A Aventura (Michelangelo Antonioni, Itália/França, 1960) ****½

21. Hiroshima Meu Amor (Alain Resnais, França, 1959) *****