tag:blogger.com,1999:blog-65057830946634027752024-03-14T01:28:39.935-03:00Moviola DigitalRafael Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/05372450325576675074noreply@blogger.comBlogger798125tag:blogger.com,1999:blog-6505783094663402775.post-61387289850256381212018-10-01T20:45:00.001-03:002018-10-01T20:47:03.703-03:00Site novo!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-2f7ryhBZoTE/W7KxhI5Xd_I/AAAAAAAAEkQ/OpFqi_H_7W0cNcS42bHtwF3G0vYgR34GgCLcBGAs/s1600/5855838_keep_calm_estamos_de_mudana.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="700" data-original-width="600" height="320" src="https://2.bp.blogspot.com/-2f7ryhBZoTE/W7KxhI5Xd_I/AAAAAAAAEkQ/OpFqi_H_7W0cNcS42bHtwF3G0vYgR34GgCLcBGAs/s320/5855838_keep_calm_estamos_de_mudana.png" width="274" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: x-large;">Mudamos de endereço, galera. O Moviola Digital agora é site (já não era sem tempo!). Acessa lá: </span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: x-large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: x-large;"><a href="http://www.movioladigital.com.br/">http://www.movioladigital.com.br/</a><br /><br /></span></div>
Rafael Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/11163246316381681861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6505783094663402775.post-89139674286253586532018-05-06T17:58:00.000-03:002018-05-06T17:58:05.732-03:00A Cidade do Futuro (2016)<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-2iPLIJs5ko4/Wu9r5EpdwPI/AAAAAAAAEXA/VupobKaOKsMqpUOMaAyccEnS8UBhJmXfwCLcBGAs/s1600/Cidade%2Bdo%2BFuturo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="360" data-original-width="640" height="180" src="https://1.bp.blogspot.com/-2iPLIJs5ko4/Wu9r5EpdwPI/AAAAAAAAEXA/VupobKaOKsMqpUOMaAyccEnS8UBhJmXfwCLcBGAs/s320/Cidade%2Bdo%2BFuturo.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Serra
do Ramalho é uma cidade do interior baiano criado pelo regime militar para
abrigar as famílias que foram realocadas de suas terras por conta da criação da
barragem de Sobradinho, no norte do Estado. É ali que os jovens Milla, Gilmar e
Igor vão formar uma família que curtocircuita certos protótipos instituídos
socialmente. Há nessa proposição de <i>A Cidade do Futuro</i> duas
dimensões políticas que se entrecruzam: a vida das famílias marcada pelo
peculiar passado de formação da cidade; e a força afetiva que une o trio
protagonista na criação de laços familiares inusitados.</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"> </span></div>
<o:p></o:p><br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Há,
portanto, uma política dos afetos a confrontar toda uma política social enraizada
no interior do sertão. Mesmo com suas repreensões e modos de direcionar
costumes e comportamentos, tais aspectos não impedem que novas configurações familiares floresçam como ordem natural das coisas. Faz muito sentido que seja exatamente num lugar como esse que o tipo de luta travada pelos personagens ganhe
lugar, como modo de apontar uma ruptura impensável ali justo quando as circunstâncias são as mais adversas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Gilmar
e Milla são professores de uma escola secundária, grandes amigos. Ele mantém
uma relação escondida com o jovem Igor enquanto ela troca carícias com uma
menina, embora não esconda seu desejo por meninos também. Ao aparecer grávida,
aparentemente de Gilmar, Milla oferece uma oportunidade para que os três sigam
juntos um caminho de companheirismo e fortalecimento de um laço familiar
incomum, não sem antes sofrem todo tipo de represálias conservadoras por parte
dos moradores locais, as famílias de cada um inclusas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">É
certo que tais caminhos surgem no filme sem grande planejamento. A própria
consolidação desse formato de convivência será alinhada pelos personagens aos
poucos, no decorrer da narrativa, não sem as dúvidas e incertezas, também em
confronto com os valores locais de um lugar onde os preconceitos são sempre
intensificados, enraizados, e com poucas possibilidades de diálogo entre as
pessoas. Além disso, é muito interessante presenciar o manejo de uma
realidade sertaneja isenta dos clichês que esse espaço geográfico costumeiramente
recebe quando representado em tela (nem tudo é seca, pobreza e fome; tem balada, piscina e videogame no
sertão baiano).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-ZWZVRURc1m4/Wu9r4xhI10I/AAAAAAAAEW8/nF_5qN4tyTU3WCK3axcCpqk8E78qm9_jgCLcBGAs/s1600/Cidade%2Bdo%2BFut.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="901" data-original-width="1600" height="180" src="https://1.bp.blogspot.com/-ZWZVRURc1m4/Wu9r4xhI10I/AAAAAAAAEW8/nF_5qN4tyTU3WCK3axcCpqk8E78qm9_jgCLcBGAs/s320/Cidade%2Bdo%2BFut.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Como
narrativa, <i>A Cidade do Futuro</i> é mesmo um tanto direto, mais
elíptico do que lacunar, o que por vezes o torna inconstante. O enredo desenha
um caminho que parece natural e coeso no percurso dos personagens, esse já
tortuoso por si só por conta das escolhas que fazem. Mesmo assim, o filme não
se priva de certos atropelos, como a inclusão das entrevistas com pessoas que
relatam a experiência de expulsão de Sobradinho, sendo o tom documental já tão
presente durante toda a projeção, reiterando uma experiência histórica já
dimensionada antes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Entre
um arco dramático bem desenhado e a necessidade de não parecer nunca
calculado, <i>A Cidade do Futuro</i> talvez careça de maior força da
surpresa, da pulsão pelas consequências que as atitudes dos personagens
provocam, ou mesmo na vitalidade jovial que existe em <i>Depois da Chuva</i>,
sendo este novo filme tão combativo enquanto proposta que exige postura
afirmativa. É como se o filme estivesse sempre pronto para arriscar, mas se
detivesse a todo instante.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Há
no jogo de encenação de Cláudio e Marília uma concepção muito clara e segura de
tempo narrativo. O <i>timming</i> das cenas nunca é apressado e existe mesmo uma
atenção que a câmera detém nos atores antes ou depois de uma fala ou ação. É como
se o filme perseguisse um sentimento interior dos personagens ao captá-los
nesses momentos de introspecção, na iminência da ação. Apesar disso, falta aos
atores responder melhor a essa abordagem, a esse namoro com a câmera, o que acaba
emperrando também o ritmo do filme.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Há
algo como um entrave ali, uma barreira que não impede o filme de manter uma
coesão estética, mas não o permite se entregar mais. Isso encontra eco nas
atuações um tanto travadas do elenco, algo que os diretores moldaram tão bem no
já citado longa anterior. Talvez o fato dos atores refletirem na tela sua
própria trajetória de vida, ao mesmo tempo em que formatam uma ficção, tenha inibido
uma entrega maior, como que criando um espaço intermediário de representação entre
o naturalismo e o amadorismo. Na tentativa de encontrar seu lugar de
afirmação, <i>A Cidade do Futuro</i> concentra-se no rompimento
social, sem que venha acompanhado de um salto formal.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">A Cidade do
Futuro</span></b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">
(Idem, Brasil, 2016) <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Direção:
Cláudio Marques e Marília Hughes<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Roteiro:
Cláudio Marques<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-AwT2DCks7uc/Wu9r4FoyetI/AAAAAAAAEW4/pxIcphcQUz4KmKDDAWTYbYA029pYUuUTwCLcBGAs/s1600/3.gif" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16px; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="15" data-original-width="67" src="https://2.bp.blogspot.com/-AwT2DCks7uc/Wu9r4FoyetI/AAAAAAAAEW4/pxIcphcQUz4KmKDDAWTYbYA029pYUuUTwCLcBGAs/s1600/3.gif" /></a></div>
Rafael Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/11163246316381681861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6505783094663402775.post-36155759753193629292018-04-06T19:19:00.000-03:002018-04-06T19:19:04.612-03:00TROPYKAOS (2015)<br />
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-70p09WOBCaY/WsfxahyI96I/AAAAAAAAEUU/24xfORKT2j84eoYM0lx5aQDsboWikWZfACLcBGAs/s1600/tropykaos-1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="624" data-original-width="1000" height="199" src="https://3.bp.blogspot.com/-70p09WOBCaY/WsfxahyI96I/AAAAAAAAEUU/24xfORKT2j84eoYM0lx5aQDsboWikWZfACLcBGAs/s320/tropykaos-1.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
</div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<i><span style="color: black; font-family: ""serif"","serif";">TROPYKAOS</span></i><span style="color: black; font-family: ""serif"","serif";">, escrito assim mesmo em
caixa alta e com caracteres que remetem a uma proposta cinemanovista-tropicalista,
antes mesmo de indicar uma maior predileção por certa marginalidade do cinema
brasileiro, mais no espírito do que no resultado final em tela, parece guardar
um grito na garganta. Quem o solta é o diretor baiano Daniel Lisboa, nesse seu
primeiro longa-metragem, com direito a excessos, para o bem e para o mal.</span><span style="color: black; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<o:p></o:p>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="color: black; font-family: ""serif"","serif";">É como
se o título traduzisse uma atitude de ímpeto diante de certos desconfortos do
mundo atual, muito pertinente também à força bruta que o filme quer transmitir,
embora nem sempre seja feliz nesse sentido. Mesmo assim, trata-se de um
trabalho de realização realmente pulsante, com muita vontade de se jogar em
questões muito particulares, ainda que para isso sacrifique certa cadência
narrativa em prol de uma atmosfera de inquietação constante.</span><span style="color: black; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<o:p></o:p>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="color: black; font-family: ""serif"","serif";">Trata-se
de um conto com algo de fabular, ainda que calcado na realidade de uma Salvador
presente como urbes caótica, lugar capaz de provocar inquietações e anseios – o
Centro Histórico da cidade funcionando como espaço quase <i>underground </i>num
universo de paranoias que ali se instala. <i>TROPYKAOS</i> tenta dar
conta da dimensão mental e física de Guima (Gabriel Pardal), um homem
atormentado pelo sol causticante da soterópolis baiana. Fotossensibilidade e
calor intenso perseguem o personagem que, numa tentativa de fuga, quase se
enclausura em casa e nas próprias experiências com drogas.</span><span style="color: black; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<o:p></o:p>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="color: black; font-family: ""serif"","serif";">Porém,
a vontade impetuosa de registrar e construir esse universo no qual Guima está
inserido, ou antes aprisionado, acaba limitando o filme às próprias cercanias
que cria para si mesmo. O início contém umas das melhores cenas do longa:
Guima, andando angustiado pela rua, não suporta o calor e enfia a cabeça na
caixa de isopor com gelo e água de um vendedor ambulante. É nesse início também
que, conversando com uma médica, ele a explica sua condição de impossibilidade
diante da superpotência solar. É certo que o filme entrega de bandeja, desde
já, uma constatação que esse personagem já tem sobre si mesmo.</span><span style="color: black; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="color: black; font-family: ""serif"","serif";"><br /></span></div>
<o:p></o:p>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-dAxRH4gkVKg/Wsfxa66_TqI/AAAAAAAAEUY/Jq-aZ0u8fs4ylwA9JgHVGtFvEjPSvQtgQCLcBGAs/s1600/captura-de-tela-2015-11-17-acc80s-15-52-54.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="352" data-original-width="629" height="179" src="https://4.bp.blogspot.com/-dAxRH4gkVKg/Wsfxa66_TqI/AAAAAAAAEUY/Jq-aZ0u8fs4ylwA9JgHVGtFvEjPSvQtgQCLcBGAs/s320/captura-de-tela-2015-11-17-acc80s-15-52-54.png" width="320" /></a></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="color: black; font-family: ""serif"","serif";">É
então que <i>TROPYKAOS</i> passa a girar em torno de um mesmo eixo
que consiste em martelar a mesma incapacidade de Guima em conviver com o calor
insuportável e suas tentativas de se aliviar sempre que pode. O apreço especial
pelo sonhado ar condicionado é mais do que compreensível. É aqui também que o
filme soa muito confortável e descolado, e mesmo orgulhoso, em poder falar de
“raios ultraviolentos”, de “ar condicionado craniano” ou de Guima não estar
“geneticamente preparado para viver nessa cidade”. A frase nem é feliz pela
conotação de perigos racistas que possa carregar, mas tudo isso funciona mais
como efeito de discurso do que como problemática trabalhada no filme.</span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="color: black; font-family: ""serif"","serif";">No
entanto, é também essa entrega de cabeça que acaba revelando momentos de pulsão
que fazem a história soltar aos olhos. A cena do bar, caricata na postura mesmo
de seus personagens, termina de forma reveladora – a poesia como outra
ferramenta, ou arma, de compreensão de um estado de espírito atribulado –,
assim como também termina de modo surpreendente certa cena de sexo. Situações
como a da explosão do caixa eletrônico e mesmo as cenas surreais na
igreja-seita, capitaneada por figuras tão esdrúxulas, parecem demonstrar ali a
sobreposição de uma letargia narrativa, apesar de carecerem de uma continuidade
que nem sempre tem a mesma força de tom. Ainda assim, é aí que o filme revela
suas maiores forças de imagem e atmosfera, de cinema.</span><span style="color: black; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<o:p></o:p>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="color: black; font-family: ""serif"","serif";">Não é
com uma textura de imagem mais suja e uma verve mais porralouca que Lisboa se
aproxima de um teor marginal enquanto estética. Isso por conta mesmo da
presença de uma fotografia mais que solar de Pedro Urano, além do nível
caprichado de produção como um todo. Mas é na aproximação com certo espírito da
geração superoitista baiana, explicitamente referenciada nas presenças de
Edgard Navarro e Bertrand Duarte, que o filme alcança essas alusões e
tornam-nas como parte integrante dessa história de inquietações e intrigas
interiores – ainda que uma dimensão social não seja relegada a segundo plano,
pois ela também não ajuda a limitar e combater essas aflições.</span><span style="color: black; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<i><span style="color: black; font-family: ""serif"","serif";">TROPYKAOS </span></i><span style="color: black; font-family: ""serif"","serif";">se sai melhor como realização
quando se permite certas pirações que fazem total sentido dentro da proposta
simbólica do filme. </span><span style="color: black;">É o mal dos trópicos,
que enlouquece, ilumina e aquece, ainda que mais pela força de seus atos
enquanto modo de coação do que como tentativa de mudar alguma coisa no mundo
concreto. Mais até para que se aceite consigo mesmo a essência do caos.</span><span style="color: black; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<b><span style="color: black; font-family: ""serif"","serif";">TROPYKAOS</span></b><span style="color: black; font-family: ""serif"","serif";"> (Idem, Brasil, 2015) </span><span style="color: black; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<o:p></o:p>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="color: black; font-family: ""serif"","serif";">Direção:
Daniel Lisboa<o:p></o:p></span></div>
<o:p></o:p>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="color: black; font-family: ""serif"","serif";">Roteiro:
Daniel Lisboa<o:p></o:p></span></div>
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-cLZZYTCdCko/WsfxaDBcZgI/AAAAAAAAEUQ/cdNZDa6yIOIxTYPC7WiuuugKsbMTwM_PACLcBGAs/s1600/3.gif" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="15" data-original-width="67" src="https://3.bp.blogspot.com/-cLZZYTCdCko/WsfxaDBcZgI/AAAAAAAAEUQ/cdNZDa6yIOIxTYPC7WiuuugKsbMTwM_PACLcBGAs/s1600/3.gif" /></a><br />
<br />
Rafael Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/11163246316381681861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6505783094663402775.post-79632633438380413682018-01-19T19:42:00.001-03:002018-01-19T19:42:51.036-03:0021ª Mostra de Cinema de Tiradentes<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-tDB0nEQfvCo/WmJ0FtOmA-I/AAAAAAAAEN4/oWpleBJ0XsUPANmWVRTAT9L3IPCPmJmrACLcBGAs/s1600/Banner.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="244" data-original-width="1600" height="60" src="https://2.bp.blogspot.com/-tDB0nEQfvCo/WmJ0FtOmA-I/AAAAAAAAEN4/oWpleBJ0XsUPANmWVRTAT9L3IPCPmJmrACLcBGAs/s400/Banner.jpg" width="400" /></a></div>
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br />E
lá parto eu para as belas Minas Gerais, sempre acolhedoras, rumo a mais uma
Mostra Tiradentes, a minha quarta edição consecutiva. Dessa vez, porém, o
desafio é maior: chego como júri oficial da Mostra, responsabilidade grande e
delicada, dada a importância da Mostra hoje no cenário nacional. <sup><o:p></o:p></sup></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">O
evento abre o calendário de mostras e festivais no Brasil e tem sua programação
de filmes e debates voltado para o cinema brasileiro. É mesmo incrível como a Mostra
construiu e consolidou ao longo dos anos um olhar muito arguto e abrangente para
certo cinema brasileiro que, em certa medida, passa ao largo da mídia e das
salas comerciais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">O
longa baiano <i>Café com Canela</i>, de
Glenda Nicácio e Ary Rosa – eles que são mineiros de nascimento, uai, mas
baianos de coração – abre os trabalhos nesta sexta à noite. A exibição do filme
é parte ainda da homenagem ao ator carioca Babu Santana, quase 20 anos de carreira
que se celebra em Tiradentes com exibição de outros de seus trabalhos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">“Chamado
realista” é a temática eleita para se discutir e reverberar durante esses dias
de convívio intenso com o cinema brasileiro – nós que sempre tivemos uma propensão
muito grande ao realismo no cinema, para além do que esse termo pode significar
e representar e ser ampliado nas discussões. Haverá ainda uma mostra paralela
com o mesmo nome a fim de repensar o tema, como a presença do curta baiano <i>Mamata</i>, de Marcus Curvelo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">E
há muita coisa espalhada pela programação da Mostra que vai até o sábado, 27. </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">A
programação completa do evento pode ser acessada no <a href="http://mostratiradentes.com.br/inicio">site oficial</a>. Quem venham
os filmes, pois.</span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Embebido de
Recôncavo <br /><br /><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-H344FERfDvQ/WmJ0Fvl2AMI/AAAAAAAAEN8/60q1KArFzSU5eMsxTGll0EpSu3g33FEuwCLcBGAs/s1600/cafe-com-canela-3-2-1024x576.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="576" data-original-width="1024" height="180" src="https://1.bp.blogspot.com/-H344FERfDvQ/WmJ0Fvl2AMI/AAAAAAAAEN8/60q1KArFzSU5eMsxTGll0EpSu3g33FEuwCLcBGAs/s320/cafe-com-canela-3-2-1024x576.jpg" width="320" /></a></div>
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Curioso
pensar que um filme como Café com Canela, tão embebido de Recôncavo baiano, é
dirigido por essa dupla nascida aqui mesmo, em Minas. Egressos do Curso de
Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Recôncavo (UFRB), Glenda e Ary
estudaram e não saíram de lá. Fundaram ali uma produtora, e Café com Canela é o
primeiro longa fruto dessa parceria. Como caminho dos mais naturais, o filme reflete
a cultura e o cotidiano do interior baiano, tão marcados por traços de
ancestralidade que rodeiam cidades como Cachoeira, São Félix e Muritiba.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Acompanhamos
a história de duas mulheres marcadas pelo luto. Margarida (vivida pela atriz do
Bando de Teatro Olodum, Valdinéia Soriano, melhor atriz no Festival de Brasília)
vive reclusa em casa mesmo depois de passado tanto tempo da morte de seu filho
pequeno; já Violeta (Aline Brunne, em seu primeiro trabalho como atriz) mora
com o marido e dois filhos, cuida da avó adoentada e batalha para vender de
porta em portas as coxinhas que ela mesma faz. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Demora
um tempo até que essas personagens se encontrem na trama linear do filme, tempo
aproveitado para se construir na tela um espírito de convivência interiorana,
um universo muito peculiar daquele lugar, além de apresentar outros
personagens, como o médico Ivan (Babu Santana) que vive com um companheiro mais
velho que ele (Antônio Fábio); e também a extrovertida Cidão (Arlete Dias), um
dos alívios cômicos do filme.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Mas
é quando Violeta e Margarida se encontram, por acaso, e descobrem que a mais
nova foi aluna de Margarida no colégio, o longa ganha outra cadência. Violeta
enxerga na dor do luto de Margarida uma barreira a ser quebrada, um modo de
libertação necessário, tarefa que ela toma para si com afinco. Nasce uma
amizade e com ela uma celebração da vida, com todos os seus percalços.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">É
muito curioso olhar para um filme de pequeno porte como esse, em termos de
produção, apostando no risco da entrega a uma história que vende afetuosidade,
mais que tudo – algo que poderia estar desgastado no cinema brasileiro
contemporâneo, mas que encontra potência ainda aqui. Há pontos de fragilidade
visíveis na narrativa: os diálogos por vezes marcados demais, tangenciando
certo suingue caricato da prosódia baiana, a se escorar em falas comuns ou
marcadas de ingenuidade – como na cena do diálogo sobre o cinema ou o do “brinde
à vida”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Em
outros casos, as opções de encenação apontam para vícios de diretores
iniciantes, como a divisão da tela em espacialidades diferentes, as cenas
iniciais que são, na verdade, tomadas do fim da história, ou um plano subjetivo
de um cachorro que surge inesperadamente em momento de maior emoção. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Existe,
no entanto, nessas escolhas, um ímpeto de dar a cara a tapa e de não se acanhar
perante tais procedimentos quando eles parecem mesmo sinceros, o que poderia
ser visto também como exigências por um cinema formalmente moldado nos ditames
clássicos padronizados. O filme prefere abraçar um romantismo naïf porque o
sentido do gesto narrativo está a serviço daquilo que a história representa, mais
uma vez, o lugar da afeição e da cumplicidade entre os personagens.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Glenda
já disse que o filme fala de “personagens urgentes, carregando consigo vozes
ancestrais que ainda aguardam seu momento de falar. Ou melhor, aguardavam,
porque agora é hora”. E o que se vê em tela é a potencialidade de sujeitos e
histórias há muito marginalizados no processo de constituição do cinema
brasileiro. É o cinema do Recôncavo baiano pulsando e apontando para caminhos
diversos, de contestação via afetos, ainda que o filme bambeie sobre suas
próprias limitações, mas equilibrando suas forças de mobilização.</span></div>
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>Rafael Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/11163246316381681861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6505783094663402775.post-21424284349638557252018-01-06T15:13:00.000-03:002018-01-07T11:51:52.155-03:00Melhores e piores de 2017<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">Fechamos
mais um ano cinematográfico tendo muitos bons filmes para festejar. Em 2017 também
fui a muitos festivais e tivemos um cardápio variado e, mais uma vez, rico de
produções contemporâneas. Não dá pra </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">reclamar. Dos filmes que estrearam no
Brasil comercialmente, vi exatos 166 títulos. A partir deles, lanço aqui minha
lista de melhores e piores. Sem mais delongas:</span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">1. Bom
Comportamento<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-3YfOi65wFO0/WlEQ7xynylI/AAAAAAAAEMg/2Dw7UkNTzLQwjbtmp3_QiWKEY9E3r2T2gCLcBGAs/s1600/Klawans_Good-Time.jpg" imageanchor="1" style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16px; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="907" data-original-width="1440" height="201" src="https://3.bp.blogspot.com/-3YfOi65wFO0/WlEQ7xynylI/AAAAAAAAEMg/2Dw7UkNTzLQwjbtmp3_QiWKEY9E3r2T2gCLcBGAs/s320/Klawans_Good-Time.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Porque
há mesmo uma pureza no gesto de enfrentar a tudo e todos em benefício dos que
amamos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">2. Manchester à
Beira-Mar<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-plp0avpXMC0/WlEN8IicbBI/AAAAAAAAEMU/29A0PGJE3n4DUXIWRF4bTW33Bii6S9VeQCLcBGAs/s1600/manchester-by-the-sea-1-full.jpg" imageanchor="1" style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16px; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="675" data-original-width="1200" height="180" src="https://3.bp.blogspot.com/-plp0avpXMC0/WlEN8IicbBI/AAAAAAAAEMU/29A0PGJE3n4DUXIWRF4bTW33Bii6S9VeQCLcBGAs/s320/manchester-by-the-sea-1-full.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Porque
mesmos os pequenos passos dados adiante significam muito.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">3. A Cidade Onde
Envelheço<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-jgjfl5TQEkU/WlEQ9MkTEdI/AAAAAAAAEMk/KVPHUTeGSyYUtSiSesLMK3F-Ky-jikNSwCLcBGAs/s1600/19f15a_e1794c3883f941a3a7306aa454a42e9c.jpg" imageanchor="1" style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16px; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="931" data-original-width="1600" height="186" src="https://4.bp.blogspot.com/-jgjfl5TQEkU/WlEQ9MkTEdI/AAAAAAAAEMk/KVPHUTeGSyYUtSiSesLMK3F-Ky-jikNSwCLcBGAs/s320/19f15a_e1794c3883f941a3a7306aa454a42e9c.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Porque
importante é onde, em nós, a casa mora. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">4. Corra!<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-INGKxZyuBu0/WlEN4JmcEaI/AAAAAAAAEME/6uzbiRAKqOIp9bJUmeDJvxNch3oEzKJgwCLcBGAs/s1600/Get-Out.jpg" imageanchor="1" style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16px; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="795" data-original-width="1600" height="159" src="https://1.bp.blogspot.com/-INGKxZyuBu0/WlEN4JmcEaI/AAAAAAAAEME/6uzbiRAKqOIp9bJUmeDJvxNch3oEzKJgwCLcBGAs/s320/Get-Out.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Porque
a sana de subjulgar esconde a ânsia de nunca perder os privilégios de classe.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">5. Fragmentado<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-sVYrQzPtzXI/WlEN4MMCwjI/AAAAAAAAEMI/YlBQpX9j2oEDWDwslYLuWew5lurliJ_ygCLcBGAs/s1600/18-split.w710.h473.2x.jpg" imageanchor="1" style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16px; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="733" data-original-width="1100" height="213" src="https://4.bp.blogspot.com/-sVYrQzPtzXI/WlEN4MMCwjI/AAAAAAAAEMI/YlBQpX9j2oEDWDwslYLuWew5lurliJ_ygCLcBGAs/s320/18-split.w710.h473.2x.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Porque
é sempre possível ver no outro oposto um reflexo de si mesmo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">6. O Ornitólogo<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-h2M-906zapM/WlEN5eQT9JI/AAAAAAAAEMQ/6fi4rpLc0EoIHkJCd1qQMzuJlU-IBz68ACLcBGAs/s1600/ornithologist-1600x900-c-default.jpg" imageanchor="1" style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16px; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="1600" height="180" src="https://3.bp.blogspot.com/-h2M-906zapM/WlEN5eQT9JI/AAAAAAAAEMQ/6fi4rpLc0EoIHkJCd1qQMzuJlU-IBz68ACLcBGAs/s320/ornithologist-1600x900-c-default.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Porque
o corpo é sagrado e profano, e a vida é um calvário.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">7. Moonlight: Sob
a Luz do Luar <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-SDibePV55KE/WlENDtLjshI/AAAAAAAAELw/3c3IFA2JiBka1KyQtyO5FxC1SNzfkkthwCLcBGAs/s1600/ad_234908624-e1487004604539.jpg" imageanchor="1" style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16px; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="1055" data-original-width="1600" height="211" src="https://3.bp.blogspot.com/-SDibePV55KE/WlENDtLjshI/AAAAAAAAELw/3c3IFA2JiBka1KyQtyO5FxC1SNzfkkthwCLcBGAs/s320/ad_234908624-e1487004604539.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Porque
os desejos nos definem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">8. Z – A Cidade
Perdida <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-HdvLGVy9abc/WlENDACUD1I/AAAAAAAAELs/_uvD2rrvM0UJAUDrwR8S3Pv-inzHNHsUACLcBGAs/s1600/p04yc8m8.jpg" imageanchor="1" style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16px; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="1280" height="160" src="https://3.bp.blogspot.com/-HdvLGVy9abc/WlENDACUD1I/AAAAAAAAELs/_uvD2rrvM0UJAUDrwR8S3Pv-inzHNHsUACLcBGAs/s320/p04yc8m8.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Porque
as obsessões também nos desenham. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">9. Jonas e o
Circo sem Lona<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-Wl25accpWqA/WlENEVn6CwI/AAAAAAAAEL0/0LxjnN1C-TQF0JfvmGIUYEwwgzPeDhrEQCLcBGAs/s1600/Jonas_e_o_Circo_Sem_Lona.jpg" imageanchor="1" style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16px; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="1600" height="180" src="https://4.bp.blogspot.com/-Wl25accpWqA/WlENEVn6CwI/AAAAAAAAEL0/0LxjnN1C-TQF0JfvmGIUYEwwgzPeDhrEQCLcBGAs/s320/Jonas_e_o_Circo_Sem_Lona.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Porque
os filmes têm fim; a vida tem fim e recomeço. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">10. Toni Erdmann<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-hIqoI_UfMxc/WlENBhay5PI/AAAAAAAAELk/f0e3XuQd00o11ZTf31qa0xewsDtm_Q6ugCLcBGAs/s1600/TONIERDMANN2050.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="995" data-original-width="1600" height="199" src="https://3.bp.blogspot.com/-hIqoI_UfMxc/WlENBhay5PI/AAAAAAAAELk/f0e3XuQd00o11ZTf31qa0xewsDtm_Q6ugCLcBGAs/s320/TONIERDMANN2050.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Porque
é preciso despir-se do que já fomos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">11. Paterson<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">12. No Intenso
Agora <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">13. O Estranho
que Nós Amamos<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">14. Eu Não Sou
Seu Negro<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">15. Corpo
Elétrico<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">16. Star Wars –
Os Últimos Jedi <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">17. O Filho de
Joseph <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">18. Martírio<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">19. Logan<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">20. John From</span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">No outro lado da
moeda, os piores: <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-IWXcgMnX8Z0/WlENBzsJnEI/AAAAAAAAELo/IrQAqOQ-y30OXeb7awerX3GaWdkvs14_gCLcBGAs/s1600/Gostosas-3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="512" data-original-width="1024" height="160" src="https://3.bp.blogspot.com/-IWXcgMnX8Z0/WlENBzsJnEI/AAAAAAAAELo/IrQAqOQ-y30OXeb7awerX3GaWdkvs14_gCLcBGAs/s320/Gostosas-3.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">1. Gostosas,
Lindas e Sexies<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">2. Manifesto <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">3. Lion <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">4. mãe!<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">5. Real – O Plano
por Trás da História <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">6. Muito
Romântico <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">7. Boneco de
Neve<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">8. Rodin <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">9. A Morte te Dá
Parabéns</span></b></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">10. Cães Selvagens</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-weight: 700;"><br /></span></div>
Rafael Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/11163246316381681861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6505783094663402775.post-75465178703351194742017-10-20T19:31:00.000-03:002017-10-24T01:16:28.314-03:0041ª Mostra Internacional de Cinema São Paulo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-i573OIY3fYg/We68ZnNdM_I/AAAAAAAAEFw/YDRlXkAuvMMkEDsa-y6W07IXcR5KzXT6ACLcBGAs/s1600/41-Mostra-Internacional-de-cinema-sp.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1476" data-original-width="1000" height="320" src="https://4.bp.blogspot.com/-i573OIY3fYg/We68ZnNdM_I/AAAAAAAAEFw/YDRlXkAuvMMkEDsa-y6W07IXcR5KzXT6ACLcBGAs/s320/41-Mostra-Internacional-de-cinema-sp.jpg" width="216" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">E
cá estou eu em mais uma Mostra Internacional de Cinema São Paulo, minha quinta
vez em terras paulistanas para acompanhar e me embrenhar nesse mundaréu de
filmes. A maratona é louca, mas muito prazerosa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Este
ano quem assina a identidade visual é o artista chinês Ai Weiwei, que também
abre o evento com a exibição de seu documentário <i>Human Flow – Não Existe Lar
se Não Há para Onde Ir</i>, filme
sobre a questão pulsante dos refugiados no mundo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic;">Homenagens para os grandes cineastas franceses
Agnès Varda e Paul Vecchiali e ainda para o suíço Alain Tanner, com direito a
retrospectiva de suas obras. Os dois primeiros apresentam também seus filmes
mais recentes. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">A
Suíça, aliás, é o país escolhido como foco do evento que recebe na programação
uma diversidade de filmes recentes feitos no país. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Dos
filmes badalados, de cineastas conhecidos, que foram exibidos nos festivais
mais importantes do mundo, passando por aquele filme que poucos têm referência,
de lugares remotos, tem de tudo na Mostra SP. É se jogar nos filmes.</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"> </span></div>
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Faço
cobertura para o Jornal A Tarde (<a href="http://atarde.uol.com.br/cinema/noticias/1905275-filmes-de-edgard-navarro-e-helena-ignez-sao-apresentados-na-mostra-sp?status=1&nocache">matéria de abertura</a> já está no ar) e vou
escrevendo sobre outros títulos aqui. O tempo não para.</span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Rafael Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/11163246316381681861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6505783094663402775.post-28893341197907789222017-09-30T21:38:00.000-03:002017-10-10T05:11:26.814-03:00Festival de Brasília – Parte X<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-0UE8SDRaacU/WdvRyDhOgWI/AAAAAAAAEEA/ANIfgCW_IykJL9lTB77u3_Nk7yCWP37XQCLcBGAs/s1600/Banner.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="450" data-original-width="1538" height="116" src="https://3.bp.blogspot.com/-0UE8SDRaacU/WdvRyDhOgWI/AAAAAAAAEEA/ANIfgCW_IykJL9lTB77u3_Nk7yCWP37XQCLcBGAs/s400/Banner.png" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Arábia</span></b><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"> (Idem, Brasil,
2017)</span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Dir:
Affonso Uchoa e João Dumans<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-DEpAn3Kmq1s/WdvRx-Fqt9I/AAAAAAAAED8/TgFjxQKEWp00lqNqoYA7fr14ocCszsS8QCLcBGAs/s1600/4.gif" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="15" data-original-width="67" src="https://4.bp.blogspot.com/-DEpAn3Kmq1s/WdvRx-Fqt9I/AAAAAAAAED8/TgFjxQKEWp00lqNqoYA7fr14ocCszsS8QCLcBGAs/s1600/4.gif" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-47n-nmkFnC4/WdvRysXAVwI/AAAAAAAAEEE/aic6uszLYHwTL8btFOd_JRPNFXkwrXerwCLcBGAs/s1600/ARABIA_still_carlao_TIFF-2-1024x576.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="576" data-original-width="1024" height="180" src="https://4.bp.blogspot.com/-47n-nmkFnC4/WdvRysXAVwI/AAAAAAAAEEE/aic6uszLYHwTL8btFOd_JRPNFXkwrXerwCLcBGAs/s320/ARABIA_still_carlao_TIFF-2-1024x576.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Adirley
Queirós, ao apresentar no festival, um dia antes, seu <i>Era uma Vez Brasília</i>, falou sobre sua descrença na narrativa
convencional e nos modos cada vez mais comuns de contar histórias, incômodo que
fica impresso no seu </span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">filme. Trata-se de provocação válida, que encontra
cabimento dentro de sua proposta autoral, conceitual e política do próprio
cinema. Mas eis que no último dia da mostra competitiva chega-nos um filme
como <i>Arábia</i> para reafirmar o poder da
narrativa, da palavra, da ação em subsequência, surpreendendo ainda por
encontrar afeto na vida e pensamento de um operário, personagem facilmente secundarizado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Dirigido
por Affonso Uchoa e João Dumans, <i>Arábia</i>
trouxe um respiro muito bem-vindo para uma seleção de longas cheia de tropeços
em Brasília, ainda que os filmes suscitassem questões importantes a serem
debatidas – e foram, alguns com mais força que outros. <i>Arábia</i> também toca em questão crucial:
a difícil vida de trabalhadores braçais que passam de emprego em emprego nas
fábricas e regiões operárias, encarnada aqui na trajetória errante de Cristiano </span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">(Aristides
Souza). Antes de chegar a ele, o filme começa na Vila Operária de Ouro Preto,
onde um garoto vive com o irmão mais novo. Um dia, ele encontra um caderno
esquecido de um dos operários. Naquelas páginas está o relato em primeira
pessoa de Cristiano, rememorando as voltas que deu e as experiências de uma
vida, suas complexidades e frustrações.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Os
diretores oferecem um olhar muito bucólico para esse personagem e o
universo em que está inserido. Assim como acontece em <i>Café com Canela</i>, o protagonista nunca é visto pela chave do clichê
e do que se espera de um operário (rudeza, pouca inteligência, falta de
criticidade), tipo de estereótipo a que personagens assim estão sendo sempre representados
nas telas e ficções. Cristiano tem sonhos, aspirações, pulsões amorosas, mas
também uma passagem pela cadeia – sua narrativa começa logo após ele
conseguir escapar da prisão – além de outras complicações que virão a seguir no
seu caminho tortuoso – o filme nunca o endeusa. Tudo isso passa pelas projeções
de si que ele perfaz em sua escrita simples, mas repleta de sinceridade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">A
forte base literária do filme preenche a narrativa de uma poesia do mundano, o
que faz de <i>Arábia</i> uma espécie de
crônica da luta constante desse homem na tentativa de se manter de pé, de
seguir em frente tentando se firmar no mundo enquanto este mesmo mundo quer colocá-lo para baixo. Há ali uma poética do proletariado, no sentido de
dar forma a uma veia criadora de subjetividades, um sujeito literário que vemos
nascer para fazer uma autoficção muito particular. Podemos mesmo questionar as
camadas de ficcionalização que existem nessa operação em que o filme nos coloca:
um menino com referências literárias lê a narrativa que um outro desconhecido
escreveu de si próprio e que se transforma na tessitura fílmica.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Porém,
apesar dessas camadas formais, o filme está menos preocupado com a proposição
de uma narrativa que discuta suas nuances, ou seja, com uma metanarrativa
fílmico-literária, e muito mais interessado no substrato moral e íntimo que dê
conta de forjar a identidade do protagonista, através de uma aparente
banalidade de seu cotidiano. É quando o ordinário se torna pulsante, sem abandonar
a cadência naturalista que dita o ritmo do filme. Aristides Souza, ator
não-profissional, dá corpo e voz para esse jovem homem do trabalho, e é
importante destacar essas duas dimensões de sua atuação. Primeiro porque <i>Arábia</i> concentra-se muito no texto em voz
<i>off</i> do próprio Cristiano, dando consistência
aos testemunho de suas aventuras errantes; mas é também muito forte a presença
de Aristides em tela como imagem e semblante do jovem à procura de seu lugar
no mundo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Aristides já estava lá no longa anterior que Uchoa havia dirigido, o ótimo <i>A Vizinhança do Tigre</i>, documentário que olha
para os jovens de uma periferia de Belo Horizonte muito próximos do crime e da
violência urbana. É curioso pensar que ator e personagem se confundem no novo
filme, espécie de prolongamento ficcional do que seriam os caminhos de oportunidades
a serem perseguidos por alguns daqueles jovens. Agora, junto com Dumans, Uchoa avança
na proposição de dar a ver um espaço de conquistas e subjetividades muitas
vezes negadas a tais personagens, que crescem como pulsão de vida e resistência sob dura realidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">No
final do filme, depois de passar por muitos empregos e percorrer muito chão,
Cristiano expõe o desejo de explosão da fábrica onde está trabalhando, uma vontade
de libertação catártica que ganha dimensão figurada, mas não menos prenhe de
desejos de fuga de uma estrutura aprisionadora (e esse é um mesmo gesto
simbólico que Adirley Queirós já havia empreendido no memorável final de <i>Branco Sai, Preto Fica</i>, coisa que ele
não conseguiu construir ou avançar em seu último trabalho). Mas se no filme
brasiliense havia ira e vontade de enfrentamento, em <i>Arábia</i> há dissabor pelo tanto de esforço e luta que ainda serão
exigidos desse personagem, enquanto o filme é ainda capaz de buscar
confortá-lo. Não é um equilíbrio fácil de conseguir, mas sempre muito prazeroso
de testemunhar.</span></div>
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>Rafael Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/11163246316381681861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6505783094663402775.post-77429323252817954022017-09-30T11:30:00.000-03:002017-10-08T13:01:57.952-03:00Festival de Brasília – Parte IX<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-G4rjYDLXChE/WdpLNDqN5OI/AAAAAAAAEDc/p8FvR7Xp4-cKkdrZ6WryE5I0PR5clu-pACLcBGAs/s1600/Banner.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="450" data-original-width="1538" height="116" src="https://2.bp.blogspot.com/-G4rjYDLXChE/WdpLNDqN5OI/AAAAAAAAEDc/p8FvR7Xp4-cKkdrZ6WryE5I0PR5clu-pACLcBGAs/s400/Banner.png" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Era Uma Vez
Brasília</span></b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">
(Idem, Brasil, 2017) <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Dir:
Adirley Queirós <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-aR5VCqMdYdY/WdpLNO0CK0I/AAAAAAAAEDY/jlIN5kuuPdQaGDVE--ay3rLYTWs0_EolwCLcBGAs/s1600/2%2Bhalf.gif" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16px; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="15" data-original-width="67" src="https://4.bp.blogspot.com/-aR5VCqMdYdY/WdpLNO0CK0I/AAAAAAAAEDY/jlIN5kuuPdQaGDVE--ay3rLYTWs0_EolwCLcBGAs/s1600/2%2Bhalf.gif" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-STuUdD180MY/WdpLNzf6kFI/AAAAAAAAEDg/C67Gq_VqSlAcrj_kdQFbaqsB1ggtq5-IQCLcBGAs/s1600/ERA%2BUMA%2BVEZ%2BBRASILIA_1-2-1024x576.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="576" data-original-width="1024" height="180" src="https://3.bp.blogspot.com/-STuUdD180MY/WdpLNzf6kFI/AAAAAAAAEDg/C67Gq_VqSlAcrj_kdQFbaqsB1ggtq5-IQCLcBGAs/s320/ERA%2BUMA%2BVEZ%2BBRASILIA_1-2-1024x576.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Há
sempre um filme brasiliense na mostra competitiva do Festival de Brasília, o que
muitos chamam de cota. Mas um filme de Adirley Queirós não é cota, está longe
disso. Estaria longe também por ser “um filme da Ceilândia” e não de Brasília,
como gosta de tratar o próprio diretor, fazendo referência à região
administrativa do Distrito Federal onde mora e de onde produz um discurso politizado
e contundente através de suas obras. Claro que há nisso um fator de provocação
inerente ao cinema de Adirley como forma de entendimento do seu lugar de fala e
também com a finalidade de tensionar noções como a de espaço e mobilidade civil na região do
Distrito Federal.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Era uma Vez
Brasília</span></i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">
talvez esteja imbuído, em certa medida, desse propósito de pensar um espaço onde determinados sujeitos estão inseridos e, dessa vez, meio que aprisionados,
estanques, pelas confluências políticas do país e o estado de crise política
atual que compartilhamos. Mas quando o longa se bastar somente ao retrato desta situação, o
filme empaca, inexplicavelmente, no meio do caminho. Causou certo mal estar a
sessão no festival, certamente por conta das altas expectativas e interesse que o
trabalho de Adirley provoca em um público mais atento ao cinema independente, mas também por toda uma incompletude que o filme desvela
porque constrói uma preparação de forças, uma concentração de energia, que
nunca se liberta de todo, nunca se torna (re)ação, nunca ganha corpo e explode. Permanece engasgada com a gente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">O
ponto de partida é genial: conta a história do agente intergaláctico WA4
(Wellington Abreu) que recebe a missão de assassinar o presidente Juscelino
Kubitschek no dia da inauguração de Brasília. Por algum erro, acaba aportando
nos dias atuais, em Ceilândia, logo após o golpe que destituiu Dilma Roussef da
presidência da República. Enquanto ele não chega, acompanhamos as interações
entre dois remanescentes desse mundo aparentemente distópico e esvaziado que é
a Brasília da Era Temer – a sinopse também anuncia: “Este é um documentário
gravado no ano 0 P.G. (Pós Golpe), no Distrito Federal e região”. Andreia (Andreia
Vieira) e Marquim discutem sua realidade e a necessidade de tomada de posição.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Assim
como no filme anterior de Adirley, <i>Branco
Sai, Preto Fica</i> – que inclusive venceu o Festival de Brasília em 2014 –, o
novo trabalho do diretor utiliza as marcas do cinema de ficção científica para
dimensionar uma atmosfera pós-apocalíptica a fim de fazer um retrato paródico,
de fortes cores politizadas, do que se vive hoje em termos de arbitrariedade no
Brasil. Também serve como representativo do lugar de deslocamento das periferias em relação aos centros
de poder, algo que Ceilândia exemplifica muito bem em meio a toda a situação de
crise e caos político que acompanhamos dia a dia, estarrecidos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Adirley
considera seu filme um documentário, apesar das fortes marcas de fabulação, talvez
por reproduzir, a seu modo, um sentimento atual de desânimo e desamparo frente
às crises e encaminhamentos políticos do Brasil de hoje. O filme tem a
consciência de construir algo desestabilizador como narrativa e proposta de
ação política, jogando a responsabilidade para o espectador. É clara a
proposição do realizador em criar um espaço de deslocamento, de estranheza, via
marcas do <i>sci-fi</i>, mas especialmente
através da cadência do tempo estendido e das ações inconclusas, fincadas no
plano das ideias e sugestões. Ao mesmo tempo, tal postura pode ser vista também
como incapacidade de construir algo para além de “denúncia” de certa inércia. Ainda
mais se pensarmos em <i>Era uma Vez Brasília</i>
como um claro prolongamento conceitual de seu petardo anterior, um filme muito
mais ativo e mesmo explosivo como posicionamento declarado, e que não precisava
esquivar-se da ação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Das
muitas cenas emblemáticas do filme – o churrasco na nave, o pouso, a preparação
na arena de luta – há uma em que Marquim mira com sua arma em direção ao
Congresso Nacional, distante no horizonte, e finge atirar no lugar, ação sem
efeito prático. Adirley, que já explodiu o Congresso no filme anterior, não
quer repetir o gesto, até por</span>que o compasso do novo filme é outro, subentende
outra postura – diferente da anterior por ser agora da ordem da ilustração (como
uma observação do que acontece hoje no país, essa inércia absurda), quando
antes era da ordem da proposição (mesmo que simbolicamente, era uma chamada à ação).<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"> </span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">Mas
é a força do tempo que incide sobre o novo filme a responsável por uma mudança
de humores e disposições. O gesto de distensão do tempo, da tensão e do sentimento
de angústia, ao não ganhar corpo e atitude, é o que faz de <i>Era uma Vez Brasília</i> um filme estranhamente conformado já que sua
composição narrativa, posta em atitude de inoperância desde o início, não consegue
fugir de um duvidoso movimento circular que corre o risco de não ter fim e se
encerrar em si mesmo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;"><br /></span></div>
Rafael Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/11163246316381681861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6505783094663402775.post-13682865789373790282017-09-28T21:32:00.000-03:002017-10-08T21:10:08.413-03:00Festival de Brasília – Parte VIII<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-aUS0hUMbnn8/WdnUWKu7deI/AAAAAAAAEC0/CXuZ2vSqQLYc3ark-q9GkDGN5R8M1-XAgCLcBGAs/s1600/Banner.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="450" data-original-width="1538" height="116" src="https://3.bp.blogspot.com/-aUS0hUMbnn8/WdnUWKu7deI/AAAAAAAAEC0/CXuZ2vSqQLYc3ark-q9GkDGN5R8M1-XAgCLcBGAs/s400/Banner.png" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Por Trás da
Linha de Escudos</span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">
(Idem, Brasil, 2017)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Dir:
de Marcelo Pedroso<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-ohxzLa47f_8/WdnUWGYVJqI/AAAAAAAAEC4/LSIBx5dOt7M5eMLemQXP_FFtupxoAzJ8QCLcBGAs/s1600/2.gif" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="15" data-original-width="67" src="https://3.bp.blogspot.com/-ohxzLa47f_8/WdnUWGYVJqI/AAAAAAAAEC4/LSIBx5dOt7M5eMLemQXP_FFtupxoAzJ8QCLcBGAs/s1600/2.gif" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-ANlnzAfaMnI/WdnUWSkSeAI/AAAAAAAAEC8/DCCeulLqyoYWWEtxUgXGliXvO3s53LjoQCLcBGAs/s1600/POR-TR%25C3%2581S-DA-LINHA-DE-ESCUDOS-3_Cr%25C3%25A9dito-Divulga%25C3%25A7%25C3%25A3o-4-1024x576.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="576" data-original-width="1024" height="180" src="https://1.bp.blogspot.com/-ANlnzAfaMnI/WdnUWSkSeAI/AAAAAAAAEC8/DCCeulLqyoYWWEtxUgXGliXvO3s53LjoQCLcBGAs/s320/POR-TR%25C3%2581S-DA-LINHA-DE-ESCUDOS-3_Cr%25C3%25A9dito-Divulga%25C3%25A7%25C3%25A3o-4-1024x576.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Por Trás da
Linha de Escudos</span></i><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">,
de Marcelo Pedroso, é mais um filme exibido no Festival de Brasília a
compartilhar certa dificuldade de lidar com situações de diálogo com o “outro
lado”, barreira que tem se intensificado nos tempos sombrios atuais, provocando
nas pes</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">soas tal incapacidade dialógica, especialmente na esquerda brasileira e
sua inabilidade de ação. Ou, no caso do diretor aqui, de movimento em falso,
ainda que a partir de boas intenções.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Pedroso
adentra o Batalhão de Choque da polícia militar de Pernambuco para conversar e entender
esses profissionais e seu modo de pensamento – em suas falas, o diretor posiciona-se
claramente como um militante de esquerda. O Choque é uma
unidade policial de elite responsável por conter e controlar as manifestações constitucionais
com mais peso e virulência – seu lema é “vencer sempre”. O filme já havia sido
apresentado na Bahia na programação do CachoeiraDoc. Em Brasília, as mesmas
questões suscitadas antes voltaram agora em dimensão maior. Pedroso fez um
filme com o intuito de se aproximar do inimigo, de entender o outro, mas
fracassa visivelmente e se enrola em um emaranhado de equívocos e proposições a
que o filme se lança, mas não consegue sustentar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">O
diretor se coloca como personagem do filme – e por vezes como homem em crise, a
partir de encenações de si mesmo para a câmera – enquanto busca interagir e
conversar com alguns membros do Choque, assumindo um lugar de permissão para se
trafegar e interagir naquele espaço. No entanto, rompendo certa expectativa, o
diretor evita qualquer tipo de questionamento mais incisivo para aquelas
pessoas das quais ele conquista certa proximidade. E se Pedroso assume uma
postura não combativa, até por ter sido “acolhido” na “casa do inimigo”, ele
acaba tornando-se sujeito passivo diante da possibilidade de troca que surge
ali entre lados antes antagônicos. É certo ainda que essa dimensão polarizada é
desnivelada pela própria incapacidade do cineasta em reverter a situação ou,
antes disso, de se colocar nas discussões a partir dos seus princípios, mesmo que não sejam
compartilhados por aquelas outras pessoas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Isso
porque as coisas se põem, no início do filme, de modo muito claro para todos ali. Numa
das primeiras cenas, Pedroso conversa sobre as manifestações no
contexto do movimento Ocupe Estelita e diz que ele participou das ações; pergunta ao
policial se ele reconhece alguém da equipe do filme que estava lá e a resposta
é positiva. As cartas estão na mesa, nada precisa ser falseado ou omitido – ou
pelo menos é o que o filme talvez prometa nessa sequência. Mas em seguida o que
presenciamos abobados é o acanhamento em levar adiante tal clareza de posições,
a partir da chance de ouro que o cineasta conquista de se tornar um pouco mais
próximo daquelas pessoas e daquele universo peculiar, cheio de nuances e complexidades
– as conversas com a cabo Talita, por exemplo, são riquíssimas e muito
reveladoras do que o Choque pode representar para eles, e ela fala com muita
sinceridade sobre os sentimentos que seu ofício lhe provoca; mas quando Pedroso
tenta ir mais fundo e questioná-la, ela rapidamente vira o jogo, devolve a
pergunta e é Pedroso quem se vê confrontado na cena. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Aliás,
é possível passar o filme todo esperando que Pedroso faça uma única pergunta a
algum dos policias: por que vocês atiram spray de pimenta em alguém que está
parado e sentado no chão? – cena de fato ocorrida nos embates do Ocupe Estelita e que é mostrada no filme. Mas esse questionamento nunca chega. Ao contrário,
o cineasta participa de experiências de treinamento junto com o batalhão em
provas de resistência a gás lacrimogêneo, pega em arma para atirar em um alvo e
ainda promove uma sessão de ioga com outros policiais. Há nisso um gesto de
aproximação, mas também de total falta de tato por aquilo que representam como
imagens dóceis e amansadas, enquanto o que está em jogo é a violência e a
truculência desproporcionais da polícia quando se deparam com os manifestantes
nas ruas. Há algo de estranho nisso tudo, porém o filme não parece
desconfortável com isso, ou pelo menos não leva tal desconforto adiante a fim
de aprofundar os dilemas que se põem ali.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Daí
que o filme se dirige cada vez mais para o discurso simplista da humanização
dos policiais, do entendimento de uma estrutura política maior que rege o
trabalho daqueles sujeitos, da condição do trabalhador que recebe ordens
verticais, quando não apostando em alegorias e performances infantis e ingênuas
– usando, mais uma vez a bandeira nacional, como ele já havia feito em <i>Brasil S/A</i>. E isso nada
mais é do que reforçar um discurso oficial que se blinda o tempo todo de
responsabilidades duras pelas ações violentas em que o Choque age e das quais somos
testemunhas em muitos exemplos que nos chegaram aos olhos ultimamente. Daí que
se pergunta: o que o filme ganha com essa escolha? Mais do que um espaço de
neutralidade, <i>Por Trás da Linha de
Escudos</i> acaba sendo desfavorável para o realizador, para seu ponto de
vista, para sua proposta na medida em que os policias acabam dobrando o
cineasta na frente da câmera.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"> </span></div>
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Poucos
dias antes, no Festival de Brasília, <i>Construindo
Pontes</i>, outro filme produzido a partir de um encontro de lados antagônicos,
uma filha e um pai, sendo ela a própria diretora do filme, Heloísa Passos, apresentou
essa mesma dificuldade. Enquanto o pai defendia calmamente o projeto político
dos militares durante a Ditadura, Heloísa não conseguia estabelecer um diálogo
de contraposição que não fosse calcado na ira e na destemperança. Refugia-se,
ao fim, no afeto – afinal não se pode esquecer que aquele é seu pai – para
terminar o filme de modo aparentemente apaziguador. Não há de se negar a
coragem de Pedroso em apostar em tal empreendimento de encontro. Mas se os
movimentos que <i>Por Trás da Linha de
Escudos</i> parece querer promover são todos castrados, vemos o filme andar para
trás e não adiante.</span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
Rafael Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/11163246316381681861noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-6505783094663402775.post-23249150196817921702017-09-28T08:50:00.000-03:002017-10-07T09:05:04.577-03:00Festival de Brasília – Parte VII<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-vuyRqchEo6w/WdjCigJlb4I/AAAAAAAAECg/PRbdlUdRp7M385oFVqlv2rUycI_9U9KpwCLcBGAs/s1600/Banner.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="450" data-original-width="1538" height="116" src="https://4.bp.blogspot.com/-vuyRqchEo6w/WdjCigJlb4I/AAAAAAAAECg/PRbdlUdRp7M385oFVqlv2rUycI_9U9KpwCLcBGAs/s400/Banner.png" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">O Nó do Diabo</span></b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> (Idem, Brasil,
2017)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Dir:
Ramon Porto Mota, Gabriel Martins, Ian Abé e Jhésus Tribuzi<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-Qu_lcOqpE_g/WdjCiS9dg5I/AAAAAAAAECc/el5E5kWPKmQ8jemGi7TmcIYffKJ3u8jhACLcBGAs/s1600/3.gif" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="15" data-original-width="67" src="https://4.bp.blogspot.com/-Qu_lcOqpE_g/WdjCiS9dg5I/AAAAAAAAECc/el5E5kWPKmQ8jemGi7TmcIYffKJ3u8jhACLcBGAs/s1600/3.gif" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-esGaT_i-Bvg/WdjCi4DqeyI/AAAAAAAAECk/lZRlIUudM7YzyxxRkaa7scr5D74bmgT2gCLcBGAs/s1600/FOTOSTILL-02-NO-DO-DIABO-2-1024x611.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="611" data-original-width="1024" height="190" src="https://2.bp.blogspot.com/-esGaT_i-Bvg/WdjCi4DqeyI/AAAAAAAAECk/lZRlIUudM7YzyxxRkaa7scr5D74bmgT2gCLcBGAs/s320/FOTOSTILL-02-NO-DO-DIABO-2-1024x611.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">O
filme é episódico, mas mais do que buscar uma unidade entre os segmentos, <i>O Nó do Diabo</i> quer contar uma mesma
história, pretensi</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">osamente a história da incorporação da população negra no
cenário sociopolítico brasileiro através dos tempos. São cinco partes, a
começar num futuro super próximo (2018) e que vai regredindo a tempos de
outrora. Fora isso, é moldado a partir de um mergulho profundo nos gêneros de
horror, <i>trash </i>e <i>gore </i>e que ajudam a formar
também essa unidade em termos de conceito e construção estética. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Não
deixa de ser corajoso e desafiante que o filme se proponha a fazer tal estudo
social via marcas de gênero que tanto têm servido para espelhar as mazelas e
todo tipo de arbitrariedades políticas em sociedades no mundo todo. Na verdade,
é importante se questionar: o filme parte do horror para fazer crítica social
ou o inverso? O que veria primeiro nas intencionalidades do grupo de quatro
realizadores que se juntaram para articular e produzir esse corpo estranho da
filmografia brasileira? Sim, porque existe um claro trabalho em conjunto senão
na direção dos segmentos, na concepção dos roteiros de cada parte que são,
geralmente, assinados por mais de uma pessoa – às vezes pelos quatro juntos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Também
vale destacar que, de certo modo, os diretores paraibanos Ramon Porto Mota, Ian
Abé e Jhésus Tribuzi encabeçam o projeto por serem eles mais próximos e
visivelmente apaixonados pelo cinema de horror, sendo o filme feito no seio da
produtora que eles fundaram em sociedade, a Vermelho Profundo. O mineiro
Gabriel Martins foi convidado a entrar no time. Curiosa essa escolha que, a
despeito das proximidades e amizades entre eles, chama
atenção por Gabriel ser o único negro dentre os realizadores, e sem um
histórico de produção no cinema que caminhasse por esse gênero – e mais
curioso ainda é poder afirmar que o segmento que ele dirige é mesmo o melhor dos cinco.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Parece-nos
importante fazer tais considerações porque <i>O
Nó do Diabo</i> é claramente um filme que busca pensar a figura do sujeito
negro a partir de um ponto de vista pouco usual: são protagonistas em quase
todos os episódios, sujeitos e não mais objetos das ações dos costumeiros
personagens brancos. É como se o filme buscasse contar a história da escravidão
no Brasil e suas perceptíveis consequências sociais enraizadas na sociedade
atual partindo do olhar e dos dilemas desses personagens, geralmente usados
como coadjuvantes em outras narrativas – algo que inevitavelmente tomou conta
do fenômeno de discussão sobre o tema a partir dos debates em torno de certos
filmes no Festival de Brasília (sim, estou falando de <i>Vazante </i>e <i>Café com Canela</i>).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Porém, se
o gesto de colocar em cena esse viés da história é algo a ser louvado, o filme não
está isento de outros enviesamentos que lhe são consequentes. A utilização do
horror acaba reforçando, via marcas do gênero, um imaginário de dor e
sofrimento a que o corpo negro é sujeitado há muito tempo. Nesse sentido, o
filme parece partir do terror para se chegar a essa discussão social, mas
estando o gênero à frente de tudo; ele é quem rege os movimentos e passos que o
filme segue ao redor das micro-histórias que conta e de um macrocosmo que busca
atingir.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Ora,
o terceiro episódio do filme – que se passa em 1921 –, por exemplo, dirigido
por Ian Abé, traz duas irmãs que ainda são tratadas como escravas na
fazendo de um rico proprietário – de sobrenome Vieira, presente em todos os
segmentos e sempre interpretado pelo mesmo ator, o ótimo Fernando Teixeira. Ou
mesmo a parte dirigida por Martins (que se passa em 1987) coloca o casal de
protagonista em uma situação de coação, violência e degeneração do corpo quando
eles pedem emprego numa estranha casa rural em meio a um engenho decadente onde os senhores e a própria casa começam a persegui-los e maltratá-los,
invocando uma força maligna que emana de sua essência. Não se trata aqui de esconder
a força da violência, de negá-la ou negligenciá-la como dado histórico mesmo, mas de sempre voltar a ela
como subterfúgio imprescindível para falar desses sujeitos, de suas vivências e
passagem pela História do Brasil.</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"> </span></div>
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Os
diretores e roteiristas precisam explorar a figura da dor e do sofrimento
do corpo negro, potencializados agora pelas marcas e “exigências” do filme de
terror <i>trash</i> e <i>gore</i> a que o filme se filia. Daí que pensar as mazelas sociais que
a escravidão deixou como herança maldita começa a parecer, no filme, um mero
capricho, tal qual um bônus, a partir do momento em que o filme se mostra muito
encantado pelo próprio fetiche de se estar fazendo cinema de gênero no Brasil –
algo que vem crescendo a partir de outras experiências parecidas e
bem-sucedidas, como o trabalho de Rodrigo Aragão e sua trilogia <i>trash</i> total (<i>Mangue Negro</i>, <i>A Noite do Chupa-Cabras</i>
e <i>Mar Negro</i>), ou de filmes como <i>O Diabo Mora Aqui</i>, de Dante Vescio e Rodrigo
Gasparini. <i>O Nó do Diabo </i>pode claramente ser posto ao lado dessas produções em
termos conceituais, mas na tentativa de dar um passo adiante, acaba se enrolando
e correndo o risco de reforça aquilo que pretendia denunciar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
Rafael Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/11163246316381681861noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6505783094663402775.post-9754087511531481342017-09-27T23:18:00.000-03:002017-10-07T08:51:42.642-03:00Festival de Brasília – Parte VI<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-mjESaingzzk/WdGhUHQNvLI/AAAAAAAAEB0/4AFFpGsyTQMFGNhYE2_8C8qXhh5NmrodwCLcBGAs/s1600/Banner.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="450" data-original-width="1538" height="116" src="https://1.bp.blogspot.com/-mjESaingzzk/WdGhUHQNvLI/AAAAAAAAEB0/4AFFpGsyTQMFGNhYE2_8C8qXhh5NmrodwCLcBGAs/s400/Banner.png" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Construindo
Pontes</span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">
(Idem, Brasil, 2017)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Dir:
Heloisa Passos<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-F8tekW3prbc/WdGhTyXapXI/AAAAAAAAEBs/4rcfWRvSRP0eKisPgWXbWtaD9xtqzc_CQCLcBGAs/s1600/2.gif" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="15" data-original-width="67" src="https://4.bp.blogspot.com/-F8tekW3prbc/WdGhTyXapXI/AAAAAAAAEBs/4rcfWRvSRP0eKisPgWXbWtaD9xtqzc_CQCLcBGAs/s1600/2.gif" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-fbRWQs-BXd0/WdGhUO60iiI/AAAAAAAAEBw/xyL_kPrFK9c6-8GXLBuPqMANQCqaCkrQwCLcBGAs/s1600/construindo-pontes-2-2-1024x566.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="566" data-original-width="1024" height="176" src="https://4.bp.blogspot.com/-fbRWQs-BXd0/WdGhUO60iiI/AAAAAAAAEBw/xyL_kPrFK9c6-8GXLBuPqMANQCqaCkrQwCLcBGAs/s320/construindo-pontes-2-2-1024x566.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br />Construindo
Pontes</span></i><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">
é mais um filme do Festival de Brasília feito a partir do encontro de um outro
estranho, avesso ou distante de si mesmo – o anterior
foi <i>Música para Quando as Luzes se Apagam</i>,
e ainda viria pela frente <i>Por Trás da
Linha de </i></span><i>Escudos</i>. Curiosamente, todos esses filmes parecem fracassar na
tentativa de acessar o outro, uns pela timidez da operação narrativa (caso de
<i>Música...</i>) os outros dois por fraquejarem quando mais se precisava de incisão e
jogo de cintura de seus realizadores-personagens para lidarem com as barreiras
que se erguem para eles na proposta de encontro-confronto a que eles mesmos se
sujeitam.<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"> </span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">O
filme de Heloísa opera a partir do encontro de lados antagônicos </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 16px;">–</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"> nesse caso dela
mesma com o próprio pai, homem de idade que nos tempos áureos trabalhou como
engenheiro para o governo militar. O filme documenta o dia a dia de convívio entre
eles e logo alcança os embates ideológicos que surgem naturalmente: ela possui
posições esquerdistas e liberais enquanto ele nutre princípios conservadores;
ele defende que os militares possuíam um projeto político de país e ela rebate
sobre os presos, mortos e as perseguições da Ditadura; não há lugar para meios
termos. É claro que o cenário desse fogo cruzado familiar é o Brasil cindido em
dois dos dias atuais, o país dos “coxinhas” versus “petralhas”, das polarizações
simplistas que o filme contribui para reforçar e que ganhou força no seio de
muitas famílias. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Construindo
Pontes</span></i><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">,
no entanto, parte de um princípio de “solidariedade” na medida em que o filme
claramente busca atrair, em sua maioria, um público que vá se identificar com a
realizadora e suas posições e opiniões. Talvez por isso ela não se esforce para
encontrar uma forma cinematográfica para esse embate e acredita que basta
filmar discussões intermináveis e improdutivas sobre assuntos políticos que, de
pronto, colocam divergências entre eles e que fazem o pai disparar frases “polêmicas”
na tentativa de defender o governo militar. Nesse sentido, a diretora parece
pressupor uma vitória dela de antemão, uma simpatia já ganha do público em
relação à sua posição naquele jogo, </span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">ainda mais por conta dos “impropérios”
proferidos pelo pai.</span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Por
outro lado, a estratégia parece cair por terra porque é evidente como é
fácil para o pai tirar a filha do sério. Parece que ela perde todas as discussões
na medida em que fica constantemente irritada com as opiniões dele, enquanto o homem demonstra calma e autocontrole o tempo todo – e certamente esse é um forte fator de
irritabilidade para a filha. O que seria um filme de embates e
discussões duras torna-se uma briga familiar rasa e desinteressante em
que ninguém ali está a fim de ceder e ouvir o outro. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Nesse
sentido, não dá para não lembrar do ótimo <i>Os
Dias com Ele</i>, documentário de Maria Clara Escobar, que opera na mesma chave
de oposições entre o pai e a filha diretora, tão mais potente na maneira como fricciona
uma relação complicada e cheia de nuances, inclusive na dimensão da imagem, daquilo
que está no campo e no extracampo fílmico. O longa de Heloísa está longe de alcançar
tal sutileza e oferecer camadas outras que possam dar conta da dificuldade que
é acessar o outro, o contrário, sendo ele uma figura tão próxima de si.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"> </span></div>
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Sem
conseguir estabelecer um diálogo de contraposição que nãos seja a partir da ira
e da destemperança, <i>Construindo Pontes</i>
refugia-se no afeto – afinal não se pode esquecer que aquele é seu pai – para
terminar o filme de modo aparentemente apaziguador. Não quero aqui negar a
possibilidade de afeição que possa existir ali, mas parece mais um gesto
derrotista do filme diante de sua incapacidade de ação. Há, claro, uma cisão
que se mantém entre os dois até o final (a divergência na escolha da paisagem para
terminar o filme, o modo de filmar e andar pelos trilhos do trem), mas também essas
cenas não escapam da tentativa de abrandar o que era embate entre eles, o que
pode até mesmo negar tudo o que vimos antes. Essa ideia de fracasso em relação a um
propósito vislumbrado, mas nunca alcançado, pode ser pensada a partir de uma
significação do título que não se cumpre no filme: a diretora até tenta erigir
essa ponte em direção ao pai, mas o alicerce não resiste à primeira passagem.</span></div>
Rafael Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/11163246316381681861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6505783094663402775.post-21941376290255615972017-09-24T16:37:00.000-03:002017-09-29T08:55:22.641-03:00Festival de Brasília – Parte V<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-JDQGczjBDoM/Wc4y_LegEFI/AAAAAAAAEBE/LEhKkhgFTxkQWYO6xFd0EzvWERAEqJBCgCEwYBhgL/s1600/Banner.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="450" data-original-width="1538" height="116" src="https://4.bp.blogspot.com/-JDQGczjBDoM/Wc4y_LegEFI/AAAAAAAAEBE/LEhKkhgFTxkQWYO6xFd0EzvWERAEqJBCgCEwYBhgL/s400/Banner.png" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Café com Canela</span></b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> (Idem, Brasil,
2017)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Dir:
Ary Rosa e Glenda Nicácio <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-mKtIiKU9s_s/Wc40KAYU0ZI/AAAAAAAAEBM/I0NCqIuVj5M6NOxTTAPMwq-5F-ezLBsYgCLcBGAs/s1600/3.gif" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="15" data-original-width="67" src="https://2.bp.blogspot.com/-mKtIiKU9s_s/Wc40KAYU0ZI/AAAAAAAAEBM/I0NCqIuVj5M6NOxTTAPMwq-5F-ezLBsYgCLcBGAs/s1600/3.gif" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-cl0XPJqIFf8/Wc40Kew0FoI/AAAAAAAAEBQ/8peTMsFgCqkVEStWF9_UiwkItHMw-dLGgCLcBGAs/s1600/cafe-com-canela-3-2-1024x576.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="576" data-original-width="1024" height="180" src="https://1.bp.blogspot.com/-cl0XPJqIFf8/Wc40Kew0FoI/AAAAAAAAEBQ/8peTMsFgCqkVEStWF9_UiwkItHMw-dLGgCLcBGAs/s320/cafe-com-canela-3-2-1024x576.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">“Olhem
para mim, eu sou de Cachoeira”. Assim começa o texto de apresentação de Glenda
Nicácio, uma das diretoras do longa <i>Café
com C</i></span><i style="font-size: 12pt;">anela</i><span style="font-size: 12pt;">, dirigido em parceria com Ary Rosa. O filme celebra afetos e
encontros e teve uma recepção mais do que calorosa do público que lotou o Cine
Brasília.</span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">O
filme está embebido do Recôncavo baiano. Glenda e Ary são egressos do Curso de
Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Recôncavo (UFRB) e fundaram ali
uma produtora. <i>Café com Canela</i> é o
primeiro longa da dupla e, caminho dos mais naturais, reflete a cultura e o cotidiano
do interior baiano, tão marcados por traços de ancestralidade que rodeiam cidades
como Cachoeira, São Félix e Muritiba.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Acompanhamos
a história de duas mulheres marcadas pelo luto. Margarida (vivida pela atriz do
Bando de Teatro Olodum, Valdinéia Soriano) vive reclusa em casa mesmo depois de
passado tanto tempo da morte de seu filho pequeno; já Violeta (Aline Brunne, em
seu primeiro trabalho como atriz) mora com o marido e dois filhos, cuida da avó
adoentada e batalha para vender de porta em portas as coxinhas que ela mesma
faz. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Até
demora um tempo para que essas personagens se encontrem na trama linear do
filme, tempo aproveitado para se construir na tela um espírito de convivência
interiorana, além de apresentar outros personagens, como o médico Ivan (Babu
Santana) que vive com um companheiro mais velho que ele (Antônio Fábio); e
também a extrovertida Cidão (Arlete Dias), um dos alívios cômicos do filme.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Mas
é quando Violeta e Margarida se encontram, por acaso, e descobrem que a mais
nova foi aluna de Margarida no colégio, o filme ganha outra cadência. Violeta
enxerga na dor do luto de Margarida uma barreira a ser quebrada, um modo de
libertação necessário, tarefa que ela toma para si com afinco. Nasce uma
amizade e com ela uma celebração da vida, com todos os seus percalços.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">É
muito curioso olhar para um filme de pequeno porte como esse, em termos de
produção, que chega à mostra competitiva do Festival de Brasília apostando no
risco da entrega a uma história que vende afetuosidade, mais do que tudo. Há
pontos de fragilidade visíveis na narrativa: os diálogos por vezes marcados
demais, tangenciando certo suingue caricato da prosódia baiana, e que se
escoram em falas comuns ou marcadas de ingenuidade – o diálogo sobre o cinema
ou o “brinde à vida”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Em
outros casos, as opções de encenação apontam para vícios de diretores
iniciantes, como a divisão da tela em espacialidades diferentes, as cenas
iniciais que são, na verdade, tomadas do fim da história, ou um plano subjetivo
de um cachorro que surge inesperadamente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Mas
existe também, nessas escolhas, um ímpeto de dar a cara a tapa e de não se
acanhar perante tais procedimentos quando eles parecem mesmo sinceros – e
nenhum deles comprometem o desenrolar do filme –, o que poderia ser visto
também como exigências por um cinema formalmente moldado nos ditames clássicos
padronizados. O filme prefere abraçar um romantismo naïf porque o sentido do
gesto narrativo está a serviço daquilo que a história representa (mais uma vez,
o lugar da afeição e da cumplicidade entre os personagens).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">O
filme ganhou outro respiro no Festival de Brasília por conta das discussões
sobre a representação de personagens negros e escravos, especialmente pelo
filme “Vazante”, de Daniela Thomas, apresentado dias antes e que desceu muito
mal com um tipo de abordagem ainda datada sobre corpos negros expostos em cena.
<i>Café com Canela</i>, por outro lado,
oferece uma resposta muito imediata e direta e aponta para um tipo de
tratamento outro, através de uma subjetividade rica de personagens
costumeiramente relegados a uma posição secundária nos filmes.</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"> </span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">A
diretora Glenda Nicácio já havia antecipado essas questões na apresentação
quando disso que o filme falava de “personagens urgentes, carregando consigo
vozes ancestrais que ainda aguardam seu momento de falar. Ou melhor, aguardava,
porque agora é hora”. E o que se vê em tela é a potencialidade de sujeitos e
histórias há muito marginalizados no processo de constituição do cinema
brasileiro. É o cinema do Recôncavo baiano pulsando e apontando para caminhos diversos,
de contestação via afetos, ainda que o filme bambeie sobre suas próprias
limitações, mas equilibrando suas forças de mobilização.<o:p></o:p></span></div>
Rafael Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/11163246316381681861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6505783094663402775.post-83245034973518087602017-09-24T08:49:00.000-03:002017-09-29T08:49:52.161-03:00Festival de Brasília – Parte IV<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-JDQGczjBDoM/Wc4y_LegEFI/AAAAAAAAEA8/fhLUgA2ljQQvl5HxffCkn4wJbkqKYtq3QCLcBGAs/s1600/Banner.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="450" data-original-width="1538" height="116" src="https://3.bp.blogspot.com/-JDQGczjBDoM/Wc4y_LegEFI/AAAAAAAAEA8/fhLUgA2ljQQvl5HxffCkn4wJbkqKYtq3QCLcBGAs/s400/Banner.png" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Pendular</span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"> (Idem, Brasil,
2017)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Dir:
Julia Murat<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-4gBx16rBrpQ/Wc4y-y01oCI/AAAAAAAAEA4/5VwrFgfu-30VNDjc6XGnk-SWXi4hIWoKQCLcBGAs/s1600/2.gif" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="15" data-original-width="67" src="https://1.bp.blogspot.com/-4gBx16rBrpQ/Wc4y-y01oCI/AAAAAAAAEA4/5VwrFgfu-30VNDjc6XGnk-SWXi4hIWoKQCLcBGAs/s1600/2.gif" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-K2wtflZqjog/Wc4y_Y-MJsI/AAAAAAAAEBA/87jAJYnv4WYfM57uAeJdxrjNWLYmFiz3ACLcBGAs/s1600/pendular-4-1024x683.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="683" data-original-width="1024" height="213" src="https://2.bp.blogspot.com/-K2wtflZqjog/Wc4y_Y-MJsI/AAAAAAAAEBA/87jAJYnv4WYfM57uAeJdxrjNWLYmFiz3ACLcBGAs/s320/pendular-4-1024x683.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Logo
na primeira cena de <i>Pendular</i>, um
casal </span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">(vividos por Raquel Karro e Rodrigo Bolzan) divide em duas partes, com
fita adesiva colada ao chão, um galpão que será o local de trabalho dos dois.
Ela é dançarina e coreógrafa, ele é artista plástico. Parecem bem confortáveis
e felizes com esse acordo tácito de repartir o mesmo espaço do ofício,
respeitando um o lugar do outro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Mas
é claro que essa situação não vai se mostrar tão simples e harmoniosa assim.
Para além das desavenças normais do cotidiano de qualquer casal, a história
deles é contraposta ou somada aos processos de criação artística com que os
dois estão lidando no momento e que exigem demandas e disposições diferentes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">A
diretora Julia Murat compõe com muita delicadeza e sinceridade essa atmosfera
tão particular em que o lugar do trabalho encontra-se com o da intimidade. Essa
aproximação faz pensar na intimidade que existe no ato de produzir arte e na
posição tão subjetiva e sensível que a arte exige do artista, de modos
distintos para cada linguagem e produto. Por outro lado, o filme se coloca em
posição de muito encantamento por esse processo criativo, e aquilo que se
constrói como conflito entre os personagens acaba caindo no lugar comum do
relacionamento que caminha para a crise. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Pendular</span></i><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"> corre o risco,
desde o início, de se fechar em uma estrutura narrativa que dê voltas ao redor
dos dramas dos dois protagonistas envoltos em conflitos que também estão muito
internalizados – e surge daí, talvez, uma dificuldade de acessar a essência
desses embates por eles se esconderem muito sob uma subjetividade particular.
Não demora muito para que ele diga a ela que precisa de mais espaço, e as
negociações a partir daí se tornam mais complicadas, atingindo a privacidade de
ambos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">O
filme chega a estabelecer uma estrutura de vai e volta na medida em que as
discussões mais diretas do casal são equilibradas com as pazes feitas no dia
seguinte, até se chegar a um ponto limite, e com direito a muitas doses de sexo
– algumas muito explícitas na maneira de demonstrar a profusão sexual que
existe entre eles; afinal, eles podem até brigar, mas transam bem intensamente, que fique claro.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Nesse
sentido, o sexo funciona muito como reflexo da potência do corpo, palavra-chave
desse filme. Todos os movimentos que o filme faz passa pela consciência
concreta da existência de corpos em choque ou em efusão criativa, à flor da pele, o que atinge o próprio trabalho artístico de ambos – e se a dança é muito explícita nesse
sentido, as esculturas dele possuem algo de robusto que remete a uma concretude
corporal. <i>Pendular</i> é, portanto, um
filme muito físico e ao mesmo tempo por demais “subjetificado”, quase que enfeitiçado
demais pela beleza e pureza do que compõe como movimento daqueles corpos em
relação às disputas de espaço e às sentimentais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Ao
mesmo tempo, eu realmente vejo uma delicadeza sincera no filme, uma
sensibilidade notável ali que passa por esse processo duplo, arte e
entrosamento a dois. Mas é o que também me joga em um lugar de distanciamento
pelo filme operar sempre no limite da aceitação desse jogo que se opera entre
os personagens, sem ir muito a fundo neles a não ser pela exploração do drama
do casal – para ser mais claro: as DRs, que poucas vezes saem do lugar do banal
–, tornando-o frio em certo sentido ou com a sensação de que já vimos isso antes
e sabemos como vai terminar.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"> </span></div>
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Esse
é o mesmo problema que eu sinto com o filme anterior da cineasta, <i>Histórias que Só Existem Quando Lembradas</i>,
muito cativante na sua proposta de aproximação entre realidades distintas que
se opera entre os personagens do filme, mas ancorando-se em uma premissa que
parece bastar enquanto gesto de delicadeza e captação de sensibilidades, atuado
pela cineasta e pela protagonista ao viajar para um lugar remoto no interior do
país a fim de fotografar pessoas isoladas. Os personagens de <i>Pendular</i> talvez experimentem, por outras
vias, um tipo de isolamento que o filme tenta dar substância, por mais próximos
que estejam um do outro – tão longe, tão perto... –, mas corre o risco de
afetar a própria experiência do espectador com um afastamento indesejado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
Rafael Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/11163246316381681861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6505783094663402775.post-77146865991800173342017-09-22T17:54:00.000-03:002017-09-22T17:54:11.687-03:00Festival de Brasília – Parte III<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-khyBFR5Rg9E/WcV4C-eqX5I/AAAAAAAAEAI/-nn18Zhe1RoVkcCFAMKUtAVA_FZfcrRKwCLcBGAs/s1600/Banner.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="450" data-original-width="1538" height="116" src="https://1.bp.blogspot.com/-khyBFR5Rg9E/WcV4C-eqX5I/AAAAAAAAEAI/-nn18Zhe1RoVkcCFAMKUtAVA_FZfcrRKwCLcBGAs/s400/Banner.png" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Vazante </span></b><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">(Idem, Brasil,
2017)</span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Dir:
Daniela Thomas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-gRRpV2NQ60g/WcV4C9T2BjI/AAAAAAAAEAA/guG9Qs9n7es3jEN5Nt2IwN5z0ao35N89gCLcBGAs/s1600/3%2Bhalf.gif" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="15" data-original-width="67" src="https://1.bp.blogspot.com/-gRRpV2NQ60g/WcV4C9T2BjI/AAAAAAAAEAA/guG9Qs9n7es3jEN5Nt2IwN5z0ao35N89gCLcBGAs/s1600/3%2Bhalf.gif" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-h6GchI_okDM/WcV4C5Y0EQI/AAAAAAAAEAE/wty6Ml0IiJ0LLQ6QDAsLhF-eZQZj-etlQCLcBGAs/s1600/VAZANTE-RICARDO-TELLES_01-4-1024x683.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="683" data-original-width="1024" height="213" src="https://3.bp.blogspot.com/-h6GchI_okDM/WcV4C5Y0EQI/AAAAAAAAEAE/wty6Ml0IiJ0LLQ6QDAsLhF-eZQZj-etlQCLcBGAs/s320/VAZANTE-RICARDO-TELLES_01-4-1024x683.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><i>Vazante</i>,
de Daniela Thomas, passou pela competição do Festival de Brasília e causou alvoroço ao retratar uma história colonial que intensifica a discussão sobre a representação de negros e escravos no cinema – algo que também pode ser
pensado junto a <i>Diários de Classe</i>, de
Maria Carolina Silva e Igor Souza, apresentado na mostra Esses Corpos Indóceis,
como consequência social contemporânea do violento processo de escravidão que
marca a história de formação do Brasil.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Na
trama, Antônio (Adriano Carvalho) é um tropeiro que mora na região de
Diamantina, início do século XIX, quando a exploração de diamante e ouro encontrava-se
já em decadência na região. Ao chegar de viagem, descobre que sua esposa
grávida morreu no parto junto com o bebê. Ele busca, então, outra esposa
naquele núcleo familiar para não perder os laços que se formariam ali. E essa
busca acaba envolvendo, afetuosa e sexualmente, também os escravos explorados
naquele ambiente, de modos distintos e indiretos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Em
certo sentido essa trama remete a uma novelinha de reviravoltas e pequenas
surpresas – que explodem mais no final, é verdade – e que expõem os anseios de
uma gama de personagens, especialmente pela garantia de uma posição de status
frente ao declínio econômico naquele momento histórico. Há as garotas mais
jovens que miram no casamento como modo de conquista de um lugar de privilégios
enquanto Antônio busca constituir uma família e propagar seu sangue e nome. O filme
caminha para o entrelaçamento de destinos com as cores trágicas de uma sociedade
fundada através da violência, da sujeição e do poder controlador do
patriarcado. Mas é certo também que Daniela Thomas tem um olhar muito cauteloso
para a composição de cenas e para a percepção de um tempo depurado na cadência daquela
época, o que eleva esse enredo de tramas cruzadas. É sensível a maneira gradual
como as situações tomam corpo e caminham para um desfecho que tem a pretensão
de dizer algo sobre a constituição do povo brasileiro. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Curiosamente
<i>Vazante</i> faz um paralelo muito rico
com outro filme recente ambientado na mesma época histórica: <i>Joaquim</i>, de Marcelo Gomes, já lançado nos cinemas brasileiros. No filme de Gomes, o retrato que se faz é da
constituição dos podres poderes políticos que formaram as instituições públicas
brasileiras e suas marcas de dominação e corrupção. Já o filme de Thomas
reconstrói toda essa atmosfera sociopolítica para, de modo representativo,
alcançar um princípio chave de formação da identidade brasileira que é a
mistura de raças.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">O
ponto maior de discussão que aplacou os ânimos do público em Brasília foi a
maneira ainda distante e pouco subjetivada e nuançada com que os personagens
negros foram retratados. Por outro lado, a diretora defende que o longa parte
justamente do sistema patriarcal – portanto do ponto de vista dos senhores da
casa grande – para revelar as relações de poder e hierarquia tão presentes à
época. Mais uma vez os escravos são personagens secundários, reflexo de um
olhar ainda dominado pelos cânones usuais de quem teve o privilégio de escrever
e contar a (H)história. Há de se discutir os detalhes de representação da
cultura negra trazida pelos escravos africanos e de como isso é posto na
narrativa, mas vale lembrar também que o filme opera a partir de um entendimento
consciente desse lugar de exposição que parte de outro princí</span>pio e de outro ponto
de vista. Ser pouco subjetivo não significa necessariamente ser equivocado ou
desrespeitoso, mas parcial. E, no fundo, tal escolha – que pode ser mesmo
instintiva – serve muito bem àquilo que o filme quer oferecer como reflexão e
entendimento da formação de um povo.<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"> </span></div>
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Vazante</span></i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> faz ainda um
belo e caprichado retrato da época colonial – e vale lembrar toda a trajetória anterior
de Thomas como diretora de arte. O filme é muito vistoso e detalhado nesse
sentido, e a bela fotografia em preto-e-branco só reforça um sentimento de decadência
que se mistura à falência de uma tentativa de imposição social sobre
circunstâncias de realidade que fogem a um controle dos que dominam o poder. Mas
mais do que somente construir uma atmosfera, o filme busca investigar certa
gênese social capaz de explicar tanta coisa do Brasil de hoje, com suas mazelas
e desigualdades expostas, e isso é uma sempre bem-vinda qualidade dos bons
filmes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
Rafael Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/11163246316381681861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6505783094663402775.post-11335839335878032712017-09-21T03:57:00.000-03:002017-09-21T03:57:41.925-03:00Festival de Brasília – Parte II<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-lasMKl-ReT8/WcNilpkf2vI/AAAAAAAAD_U/JM9NxLNZObke5GF-Nv2XdxfHoZKCwiNQACLcBGAs/s1600/Banner.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="450" data-original-width="1538" height="116" src="https://4.bp.blogspot.com/-lasMKl-ReT8/WcNilpkf2vI/AAAAAAAAD_U/JM9NxLNZObke5GF-Nv2XdxfHoZKCwiNQACLcBGAs/s400/Banner.png" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Música para
Quando as Luzes se Apagam</span></b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> (Idem, Brasil, 2017)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Dir:
Ismael Caneppele<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-goXmucNuAig/WcNilp78XMI/AAAAAAAAD_c/MwSrdSiDKvQBzMcCmT94hq0xnaP1lQmagCLcBGAs/s1600/2%2Bhalf.gif" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="15" data-original-width="67" src="https://3.bp.blogspot.com/-goXmucNuAig/WcNilp78XMI/AAAAAAAAD_c/MwSrdSiDKvQBzMcCmT94hq0xnaP1lQmagCLcBGAs/s1600/2%2Bhalf.gif" /></a><br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-PzkcWOoK7sk/WcNil5CurhI/AAAAAAAAD_Y/F01OdatNpQkvAocMjBqhALBRxY3fR851gCLcBGAs/s1600/musica-para-quando-as-luzes-apagam-2-2-1024x767.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="767" data-original-width="1024" height="239" src="https://3.bp.blogspot.com/-PzkcWOoK7sk/WcNil5CurhI/AAAAAAAAD_Y/F01OdatNpQkvAocMjBqhALBRxY3fR851gCLcBGAs/s320/musica-para-quando-as-luzes-apagam-2-2-1024x767.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic;">Roteirista de <i>Os Famosos e os Duendes da Morte</i>,
de onde ele ainda mantém o apreço pelo universo juvenil, Ismael Caneppele parte
de um princípio de experimentação, mais processual do que visual, na sua
estreia de direção de um longa-metragem. </span><i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Música
para Quando as Luzes se Apagam</span></i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">, apesar do sentido etéreo que muitas de
suas imagens sugerem, propõe uma investigação da intimidade da jovem Emelyn
que, por vezes, se reconhece como Bernardo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Ela
ocupa o lugar desse corpo e mente que, antes de buscarem se entender no mundo a
partir de um gênero sexual definido, querem mesmo é curtir a liberdade de ser
aquilo pelo qual o corpo responde com o fluxo de juventude que vem junto com
isso. Ao invés de seguir o caminho do puro documentário de observação,
Caneppele quis somar outras camadas em seu filme sem que isso elimine, de todo,
o gesto de observar. Para tanto, insere no cotidiano de Emelyn a figura de uma
mulher, vivida pela atriz Julia
Lemmertz, que passa a acompanhar aquele cotidiano e iniciar conversas com
a jovem, aproximando-se também de sua família e amigos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">A
primeira cena do filme é uma imagem amadora em que Lemmertz aparece de um lugar alto para fazer um plano geral da pequena
cidade onde Emelyn vive, em Lajeado, no Rio Grande do Sul,
sugerindo que a atriz está chegando ali naquele instante. Em nenhum momento do
filme saberemos o que ela de fato representa para Emelyn e para o espectador enquanto
instância narrativa e em que medida ela performatiza uma personagem ou incorpora
a si mesma – ou uma mistura das duas coisas. De início, dá a impressão
de ser quase como uma nova amiga que vai sanando a curiosidade de saber os detalhes
da vida da outra, seus anseios e desejos pessoais; e é claro que elas estabelecem, muito facilmente, uma relação
de afeto e companheirismo visível e sincero, chegando ao lugar da confidência. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic;">Nesse sentido, o <i>casting</i> de Lemmertz como
essa mulher que adentra a vida e o cotidiano de Emelyn é ideal como rosto
conhecido de atriz veterana que incide diretamente sobre uma realidade
sensível, para além de ser uma estratégia narrativa original e funcional. No
entanto, ao promover esse encontro, mas deixando de lado, ou diluindo sem especificidade,
o que significa a presença desse corpo antes estranho naquele ambiente familiar
e íntimo, de um universo que se abre com tanta generosidade e que toca em
questões tão delicadas como as de identidade sexual, o filme perde muito da força
que esse encontro poderia expandir a partir das questões de interrelação, seja
no intermédio dos gêneros feminino/masculino, seja nas proposições e marcas
da ficção e do documentário. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic;">Muito se fala hoje e se celebram os filmes que se
movimentam por essa fronteira de registros no cinema, especialmente o
brasileiro. Mas pouco se problematiza na forma como essa fronteira é tensionada
e explorada, até por existirem muitas maneiras para se fazer isso, com
consequência e programas de efeitos distintos. <i>Música para Quando as Luzes se Apagam</i> parece que vai ensaiar um passo nessa direção, mas se deixa distrair para algo certamente mais latente - o senso de liberdade e movimento que a protagonista apresenta - ainda que isso faça o filme girar ao redor de uma questão que não problematiza muita coisa.</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"> </span></div>
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic;">Mas o filme prefere se encantar pela proposta
conceitual da coisa, sem muita preocupação com o alcance e os resultados disso,
como se se hipnotizasse frente à beleza da juventude livre que Emelyn de certa
forma representa e expande em tela. O filme vai focar um pequeno conflito na
terça parte da trama, quando Emelyn precisa enfrentar uma espécie de desilusão
amorosa e encontra consolo no colo da Lemmertz amiga. Fora isso, tudo é muito plácido,
harmonioso, e o filme se restringe ao deslumbre por conta do fluxo de vivacidade e
pelos caminhos de uma aproximação carinhosa e recíproca, por mais que todo esse
processo seja muito bonito enquanto abertura para uma quase transcendência do
indivíduo; eu quase ia dizendo “descoberta do sujeito”, mas bate forte a
impressão de que Emelyn não está muito interessada nesse movimento neste momento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-style: italic;"><br /></span></div>
Rafael Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/11163246316381681861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6505783094663402775.post-88678369257631494432017-09-20T17:36:00.001-03:002017-09-21T10:58:44.506-03:00Festival de Brasília – Parte I<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-3o1N9mi2vC8/WcLRF6U6ioI/AAAAAAAAD-0/RBYiRyZsYEA0ZmBmAnkjBjgW0XUC7XrMgCLcBGAs/s1600/Banner.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="450" data-original-width="1538" height="116" src="https://4.bp.blogspot.com/-3o1N9mi2vC8/WcLRF6U6ioI/AAAAAAAAD-0/RBYiRyZsYEA0ZmBmAnkjBjgW0XUC7XrMgCLcBGAs/s400/Banner.png" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Não Devore Meu
Coração</span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">
(Idem, Brasil, 2017)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Dir:
Felipe Bragança <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-egygzGjaF7U/WcLRGLAsSoI/AAAAAAAAD-4/dghA8Nc-JFM72ftMOlB5MDkbEo_PTbG1wCLcBGAs/s1600/2%2Bhalf.gif" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="15" data-original-width="67" src="https://3.bp.blogspot.com/-egygzGjaF7U/WcLRGLAsSoI/AAAAAAAAD-4/dghA8Nc-JFM72ftMOlB5MDkbEo_PTbG1wCLcBGAs/s1600/2%2Bhalf.gif" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-WJdGhv15yPM/WcLRGPtBQjI/AAAAAAAAD-8/LaWotqiHz6Elpyk8f4iEdvleuDEpDS3kQCLcBGAs/s1600/N%25C3%25A3o%2BDevore2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="672" data-original-width="1600" height="134" src="https://4.bp.blogspot.com/-WJdGhv15yPM/WcLRGPtBQjI/AAAAAAAAD-8/LaWotqiHz6Elpyk8f4iEdvleuDEpDS3kQCLcBGAs/s320/N%25C3%25A3o%2BDevore2.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">O
cinema que Felipe Bragança vinha fazendo até então flertava de modo muito
aberto e mesmo arriscado com a fabulação e certo imaginário fantasioso, </span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">por
vezes no limite do ridículo e do excesso. Seu mais novo filme, <i>Não Devore Meu Coração</i>, abertura do Festival
de Brasília, oferece muitas camadas e elementos, mas onde a fabulação cede espaço para outras atmosferas, incluindo aí um embate social que remonta a um
passado histórico e trágico do Brasil; ou antes, essa fabulação muito timidamente
não encontra lugar de expansão por conta de outros elementos de que o filme tenta
dar conta. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Talvez
por isso ele se desequilibre tanto ou tenha dificuldade de encontrar um tom. A
história se passa na fronteira entre Brasil e Paraguai, no Mato Grosso do Sul,
e reacende os conflitos entre brasileiros e indígenas das tribos Guarani.
Fernando (Cauã Reymond) faz parte de uma gague de motoqueiros, em constante
conflito com um grupo indígena mais rebelde, separados pelo Rio Apa. Paralelo a
isso, o irmão dele, Joca (Eduardo Macedo), apaixona-se por uma garota indígena,
a destemida Basano (Adeli Benitez). Ao mesmo tempo, corpos de índios mortos
começam a aparecer no rio, e aos conflitos familiares e amorosos de Fernando e
Joca somam-se as tensões na região entre os dois lado do rio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">O
filme remete a um passado de violência e extermínio dos povos indígenas –
bestialidade que se perpetua até então, é uma problemática do nosso tempo – e
tem relação com a Guerra do Paraguai, quando muitos índios lutaram a favor do
Brasil. A maioria foi morta e os que sobreviveram, esquecidos. No entanto, o
filme lida muito com as relações afetivas que se estabelecem entre os
personagens, sejam familiares ou amorosas, daí que os pontos de encontro com os
lances históricos funcionam mais como memória de sangue derramado e dor que paira sobre
aquele ambiente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Há
certa estética a flertar com o <i>pop </i>e referências do cinema <i>underground </i>norte-americano
da década de 1970 – <i>Warriors</i>, do
Walter Hill, é uma citação declarada do filme –, que cria um ambiente soturno e
mesmo ameaçador muito particular, produzindo um efeito estético muito forte, e
as saídas da gague nas motos certamente é dos melhores momentos do filme. A
tentativa clara de chocar essa atmosfera com um ambiente de tensões sociais que
remetem a um passado trágico, incluindo traços da cultura indígena, tudo em uma
via de mistério, precisam ainda dividir espaço com os conflitos interpessoais
de muitos personagens – a relação entre irmãos, o irmão mais velho e o embate com
a mãe, o dele com o líder do grupo de <i>outsiders</i>,
o Telecath (Marco Lori), Joca e sua tentativa de aproximação a Basano e ainda as
relações de instabilidade dos dois com a figura paterna. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Se
nos filmes anteriores do cineasta havia sempre uma presença muito forte de uma proposição fantástica, carregada de uma fabulação profunda, até mesmo corajosa na
maneira de incorporá-la de modo meio mambembe – são obras como <i>A Alegria</i> ou a <i>websérie</i> <i>Claun – Os Dias
Aventurosos de Ayana</i> –, o problema maior aqui não é ela aparecer mais
amenizada e no limiar do quase etéreo, mas aquilo que toma seu lugar parece ainda um
tanto frágil pelo inchaço que impõe à narrativa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Parte
de certa coragem e aposta no risco de quase soar ridículo talvez ainda resida na
paixonite incontrolada do pequeno Joca e no ímpeto que isso gera no garoto
quando ele precisa não só se declarar, mas romper com as imposições
polarizadas. Ele acaba sendo o elo de cisão nessa estrutura de confronto
que parece não ter fim, ainda que faça isso movido mais por um sentimento
pessoal do que como bandeira de uma luta maior. Há uma crença muito bonita na ingenuidade
com que esse garoto posiciona-se frente a seus sentimentos e no qual o filme deposita muita fé.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"> </span></div>
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Entre
ser um filme que ecoa a História do país e uma trama de conflitos familiares,
amorosos e afetivos, via tensão e violência que permeiam a região, <i>Não Devore Meu Coração</i> fica no meio do
caminho quando precisa acertar o tom exato que deseja imprimir. Ainda assim,
consegue abordar tais questões por meio de uma construção narrativa menos
tradicional e mais arriscada, mesmo quando esse risco se desencaixe de seu
propósito.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
Rafael Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/11163246316381681861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6505783094663402775.post-2175622194755480192017-09-17T14:01:00.000-03:002017-09-17T14:01:15.798-03:0050º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-kKAqO1Gnxec/Wb6p_C7FpqI/AAAAAAAAD-E/mTQll63jcfsGxaLNu7FurzKUg5faCSfwwCLcBGAs/s1600/50-anos-brasilia-poster.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="635" data-original-width="1024" height="198" src="https://1.bp.blogspot.com/-kKAqO1Gnxec/Wb6p_C7FpqI/AAAAAAAAD-E/mTQll63jcfsGxaLNu7FurzKUg5faCSfwwCLcBGAs/s320/50-anos-brasilia-poster.png" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">50
anos de História, de filmes, de gente que faz e mobiliza o cinema; 50 anos de
festa, de discussão, de representar (ou não) na tela as vivências de um país. O
Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, este ano, tem gosto especial de rememoração
e ponte para o futuro do cinema que fazemos aqui, comemorando a 50ª edição de
um sonho que Paulo Emílio Sales Gomes teve há tempos atrás e colocou em
movimento.</span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">O
festival está mais robusto este ano, com programação intensa de mostras
competitivas, paralelas, sessões de clássicos, discussões e mesas de debates
que prometem reflexões riquíssimas e intensas. <a href="http://atarde.uol.com.br/cinema/noticias/1891971-festival-de-brasilia-tem-presenca-marcante-de-filmes-baianos">Presença baiana</a> é muito marcante
também em todas as sessões do evento.</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"> </span></div>
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">E
o hábito é o mesmo: faço cobertura do evento para o Jornal A Tarde (a primeira matéria é possível <a href="http://atarde.uol.com.br/cinema/noticias/1894461-festival-de-brasilia-comeca-na-sexta-a-50a-historica-edicao">ler aqui</a>) e vou
escrevendo textos mais elaborados aqui no blog. Que venham os filmes, então.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
Rafael Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/11163246316381681861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6505783094663402775.post-18915280677757936602017-08-31T14:22:00.000-03:002017-09-14T14:24:57.117-03:00CineBH – Parte III<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-DKlEEaofxU0/Wbq5qj7FhnI/AAAAAAAAD9U/USOwY1gy9oIAj1iQFkuI1swuEGUKd_skACLcBGAs/s1600/Cartaz%2BCineBH.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="319" data-original-width="1363" height="92" src="https://3.bp.blogspot.com/-DKlEEaofxU0/Wbq5qj7FhnI/AAAAAAAAD9U/USOwY1gy9oIAj1iQFkuI1swuEGUKd_skACLcBGAs/s400/Cartaz%2BCineBH.png" width="400" /></a></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">As Duas Irenes </span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">(Idem, Brasil,
2017)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Dir:
Fábio Meira <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-Dbedmqmit2c/Wbq5pEt5n6I/AAAAAAAAD9Q/sKGqPpopp94yuckT3t_z4sPvx3SLBRLTACLcBGAs/s1600/3%2Bhalf.gif" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="15" data-original-width="67" src="https://4.bp.blogspot.com/-Dbedmqmit2c/Wbq5pEt5n6I/AAAAAAAAD9Q/sKGqPpopp94yuckT3t_z4sPvx3SLBRLTACLcBGAs/s1600/3%2Bhalf.gif" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-iq7sXsx2dCk/Wbq5qn9LYsI/AAAAAAAAD9Y/iyUo6M5WYxA37r8IPV7DCv1ZXzdTGYpJQCLcBGAs/s1600/As%2BDuas%2BIrenes.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="576" data-original-width="1024" height="180" src="https://2.bp.blogspot.com/-iq7sXsx2dCk/Wbq5qn9LYsI/AAAAAAAAD9Y/iyUo6M5WYxA37r8IPV7DCv1ZXzdTGYpJQCLcBGAs/s320/As%2BDuas%2BIrenes.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">Os
caminhos que o longa-metragem de estreia do goiano Fábio Meira seguem apontam
quase que para um lugar comum, apesar da trama conter certa peculiaridade: a garota
Irene, 13 anos em pleno florescer da juventude, descobre que seu pai tem outra
família; e mais que isso, ele possui uma filha da mesma idade e com o mesmo
nome dela. </span><i style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">As Duas Irenes</i><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">, no
entanto, revela-se um drama sólido a retratar os dilemas da adolescência. Pode até soar banal, mais um filme a moldar esse mesmo processo de amadurecimento
juvenil que já vimos tanto em outras histórias e filmes, mas encontra aqui um modo muito
bem resolvido, singelo e natural, de lidar com tema espinhoso.</span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">A
trama se passa no interior de Goiás e remete a um passado não muito remoto em
que mais comumente alguns homens possuíam constituições de família assim um
tanto arbitrárias. O filme já começa apresentando a descoberta do segredo paterno
por parte da “primeira” Irene e aponta para uma desestabilização familiar capaz de
afetar a todos. Porém, após a revelação chocante para a garota, a raiva dela vai
cedendo lugar à curiosidade e ela começa a espionar a rotina da irmã
desconhecida, iniciando uma aproximação tímida, sem revelar o segredo que conhece.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Se,
de início, o filme nos faz supor um embate entre as duas, vemos surgir dali uma
amizade possível. É nesse movimento surpresa, de fazer o filme seguir uma
rota não esperada, que o diretor e roteirista Fábio Meira consegue fisgar bem o
espectador, e faz isso pela via do singelo, da ternura, sem nunca pesar a mão. Poderia
muito facilmente apostar na contraposição, no jogo dual de choque – entre as
duas irmãs, entre as duas famílias –, mas prefere, acertadamente, dimensionar os
dramas e conflitos dos personagens, sem julgá-los.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">É
aí que o filme aproveita para retratar esse momento de florescimento de uma
menina em direção à vida adulta, na melhor tradição dos filmes de <i>coming-of-age</i>. Meira, além do domínio de
cena e de criar um clima de vida interiorana muito convincente, filma com muita
delicadeza essa história, também sem nunca soar ingênuo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">A
Irene da outra família, a “segunda” (Isabela Torres), é um pouco mais atrevida,
já namora escondido com os garotos no cinema e é mais extrovertida, não é de levar
desaforo pra casa. É com ela que a Irene menos experiente (Priscila Bittencourt)
vai romper a barreira da timidez, largar o mundo infantil e testar vivências novas. O mesmo embate que poderia haver entre as duas, por conta das
personalidades distintas, é resolvido de modo muito mais sincero porque elas
acabam se reconhecendo como amigas confidentes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Ao
mesmo tempo, o filme não se furta da tensão que se estabelece no âmbito familiar,
prestes a explodir a qualquer instante, especialmente da “primeira” Irene que
descobre de antemão, a nossos olhos, o segredo paterno. Ela continua a guardar
muita raiva do pai e não deixa de confrontá-lo dentro de casa, ainda que
indiretamente. Mas é no contato com a outra família que ela descobre o
privilégio de fazer parte do núcleo familiar mais privilegiado por ele. E encontra
na mãe de sua irmã (vivida por uma doce Inês Peixoto) um carinho e cuidado
materno que talvez lhe falte em casa. O filme lida, portanto, com essas ausências sentidas e que vão transparecendo as carências de cada uma.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"> </span></div>
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">As Duas Irenes</span></i><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"> é um delicado e
seguro longa de estreia, a fugir dos possíveis lugares comuns do filme de
amadurecimento, sem comprometer a plausibilidade da trama, e ainda sem abdicar
da singeleza e da sinceridade. Pode não ser um campo original, mas certamente
não é tarefa das mais fáceis.</span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Rafael Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/11163246316381681861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6505783094663402775.post-53934117206245191162017-08-28T03:16:00.000-03:002017-09-05T03:19:17.334-03:00CineBH – Parte II<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-iKXR6uau-vY/Wa47GM7c43I/AAAAAAAAD8A/SQjl0h-BjKUzP-VnKUV4hJy1Mp2NEA6oACEwYBhgL/s1600/Cartaz%2BCineBH.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="319" data-original-width="1363" height="92" src="https://3.bp.blogspot.com/-iKXR6uau-vY/Wa47GM7c43I/AAAAAAAAD8A/SQjl0h-BjKUzP-VnKUV4hJy1Mp2NEA6oACEwYBhgL/s400/Cartaz%2BCineBH.png" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Histórias que
Nosso Cinema (Não) Contava</span></b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> (Idem, Brasil, 2017)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Dir:
Fernanda Pessoa <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-oDkuq2RQCnM/Wa5BTwXiA0I/AAAAAAAAD8M/3HeN0Y7a6VYuHZ84YBy4FwCL7mDfsS7lACLcBGAs/s1600/3%2Bhalf.gif" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="15" data-original-width="67" src="https://2.bp.blogspot.com/-oDkuq2RQCnM/Wa5BTwXiA0I/AAAAAAAAD8M/3HeN0Y7a6VYuHZ84YBy4FwCL7mDfsS7lACLcBGAs/s1600/3%2Bhalf.gif" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-n8e_ykdL8xQ/Wa5BUGW6UNI/AAAAAAAAD8Q/EvTw5rjpVt0JnhJgA3IJP_GaKIBLA89HACLcBGAs/s1600/Hist%25C3%25B3rias%2Bque%2BNosso%2BCinema.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1174" data-original-width="1600" height="234" src="https://4.bp.blogspot.com/-n8e_ykdL8xQ/Wa5BUGW6UNI/AAAAAAAAD8Q/EvTw5rjpVt0JnhJgA3IJP_GaKIBLA89HACLcBGAs/s320/Hist%25C3%25B3rias%2Bque%2BNosso%2BCinema.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Visão
muito original e surpreendente de parte de nossa história cinematográfica está
contida no filme <i>Histórias que Nosso Cinema
(Não) Contava</i>, de Fernanda Pessoa. A cineasta revisita o período clássico
da pornochanchada brasileira, mas não está interessada no sexo: através de
trechos de filmes importantes da época, associados a um movimento tão criativo
do cinema brasileiro, o filme pretende revelar facetas políticas e sociais do
país via representação de imagens em obras que eram bastante populares à época.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">É
um trabalho afiado de montagem, dando destaque a cenas que poderiam passar
despercebidas nesses filmes, mas que acabam destacando vislumbres históricos e
comportamentais de uma sociedade em dado tempo. Atenção especial para o fato de
grande parte dessas obras terem sido feitas entre o final dos anos 1960 e início
dos anos 1980, justamente o período da Ditadura Militar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Daí
afloram diversas questões, tais como as arbitrariedades do golpe de Estado, o
AI-5, o uso da força policial, o milagre econômico, a industrialização
crescente e as oportunidades de trabalho. No plano social, o longa evidencia as
disputas de classe, com destaque para as relações entre patrão e empregado, o
consumismo espelhado no modelo norte-americano (o carro e a televisão aparecem
como modelo de status para quem podia comprar os melhores modelos da época) e,
claro, a monetarização do sexo e exploração do corpo feminino.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">O
filme atira para muitos lados, mas não quer em nenhum momento ser um estudo analítico
ou intelectualizado sobre essas e tantas outras questões que emergem dali – não
há narração em <i>off</i>. Busca, por outro
lado, revelar o modo como o cinema, enquanto sistema de representação audiovisual,
reflete o país e a cultura de sua época, mesmo a partir dos filmes mais
improváveis.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Em
<i>Gente Fina é Outra Coisa</i>, de Antonio
Calmon, por exemplo, vemos a protagonista, uma dondoca de meia idade, falar
para o empregado bonitão: “sabe por que eu fico nua na sua frente? Porque
empregado não tem sexo”. São momentos preciosos assim que o filme capta em meio
às narrativas sexuais e que acabam revelando dimensões mais profundas de
relações sociais vigentes – até os dias de hoje. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-fareast-theme-font: minor-fareast;">De
longe, o filme poderia ser uma grande vinheta que opera no sentido de aproximar
filmes diferentes a partir de cenas que exploram questões em comum, atravessando
um mar de problemáticas, situações e comportamentos ali registrados. É aí que o
filme vislumbra um jogo de observação desviante (e necessário) da imagem e da dimensão
social via cinema, apesar de não investir muito na ressignificação desse gesto,
quando ele basta por si só. Trata-se de uma espécie de revisão histórica sem
necessariamente por em crise – os filmes e/ou a História – nem questioná-las. Mas
dá a ver o que não se enxerga a princípio.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Rafael Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/11163246316381681861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6505783094663402775.post-64407617709904137042017-08-26T02:58:00.000-03:002017-09-05T02:58:56.722-03:00CineBH – Parte I<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-iKXR6uau-vY/Wa47GM7c43I/AAAAAAAAD74/xCojWUp0rrM9myNWLUPM6DDeWBnj74SwQCLcBGAs/s1600/Cartaz%2BCineBH.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="319" data-original-width="1363" height="92" src="https://3.bp.blogspot.com/-iKXR6uau-vY/Wa47GM7c43I/AAAAAAAAD74/xCojWUp0rrM9myNWLUPM6DDeWBnj74SwQCLcBGAs/s400/Cartaz%2BCineBH.png" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Corpo
Elétrico (Idem, Brasil, 2017)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Dir:
Marcelo Caetano</span></div>
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-TnwqoPCeZJs/Wa47FOzniwI/AAAAAAAAD70/lnWdcRGUEz0GTENmtar9_JpxF-4MMR6QACLcBGAs/s1600/4.gif" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="15" data-original-width="67" src="https://3.bp.blogspot.com/-TnwqoPCeZJs/Wa47FOzniwI/AAAAAAAAD70/lnWdcRGUEz0GTENmtar9_JpxF-4MMR6QACLcBGAs/s1600/4.gif" /></a><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-pMmihQ8Mvmg/Wa47H2jOj2I/AAAAAAAAD78/H49t_74WG5YXae-VWo-m4D23Z-C08vmgwCLcBGAs/s1600/Corpo%2BEl%25C3%25A9trico%2BFoto%2BDivulga%25C3%25A7%25C3%25A3o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="1600" height="180" src="https://4.bp.blogspot.com/-pMmihQ8Mvmg/Wa47H2jOj2I/AAAAAAAAD78/H49t_74WG5YXae-VWo-m4D23Z-C08vmgwCLcBGAs/s320/Corpo%2BEl%25C3%25A9trico%2BFoto%2BDivulga%25C3%25A7%25C3%25A3o.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Corpos
inquietos e o anseio por ser um alguém realizado, em muitos sentidos pessoais,
são o que buscam os personagens de <i>Corpo
Elétrico</i>, longa-metragem de estreia de Marcelo Caetano. O filme segue as
desventuras de Elias (Kelner Macêdo), funcionário de uma empresa de confecção
de roupas. Ali, convive com uma série de amigos e está sempre à busca de
encontros fortuitos com outros homens.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">De
forma muito livre e bem-humorada, Caetano nos apresenta um microcosmo formado
por esses amigos e sua rede de relações afetivas em aberto que se concentram em
torno de Elias. O filme prefere dispensar o conflito definidor da narrativa
clássica convencional e se deixar levar pelas muitas possibilidades e
desencontros que cruzam os caminhos dos personagens. E é claro que se aproximam
dele pessoas muito abertas às experiências sexuais de muitos interesses – em <i>Corpo Elétrico</i> integram-se no grupo
desde <i>drags queens</i> que fazem shows na
noite até amigos héteros de Elias, como o colega da fábrica que está prestes a
se casar com a noiva. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Sem
um problema narrativo a ser “resolvido” pelo filme, <i>Corpo Elétrico</i> busca somente captar um estado de espírito de um
grupo de pessoas vivendo suas vidas com as batalhas rotineiras de sempre,
trafegando pela periferia de São Paulo. Em meio a isso tudo, Elias pula de caso
em caso alimentando sonhos maiores de realização – talvez de quietude, tal qual
a ânsia pelo mar que ele mesmo almeja logo num dos primeiros diálogos do filme.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Elias
não é mais um espírito livre em busca de afirmação sexual – ele e seu grupo de
amigos parecem muito bem resolvidos nesse sentido. Seus anseios são outros, e universais. Olhando
mais a fundo, a ânsia de Elias é por uma realização pessoal mais profunda que talvez
ele mesmo não saiba exatamente como alcançar – como também acontecia com os
personagens de um dos melhores curtas de Caetano, <i>Na Sua Companhia</i>. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Corpo Elétrico</span></i><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"> é menos um
filme militante da causa <i>queer</i> – ou pelo
menos diretamente ele não o é porque a definição seria mais propícia para o
tipo de entendimento de um universo que está procurar romper as amarras das convenções conservadoras
de sexo e gênero. O filme não se ergue ao propósito de defender tal causa, ainda
que, pelo simples fato de por em tela tais personagens, universos e culturas, acabe o fazendo
transversalmente. Via questões sociais e relações desiguais de trabalho, o
filme dimensiona a vida e a convivência dessa gente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">O
filme faz um belo par com <i>Tatuagem</i>,
de Hilton Lacerda, especialmente pela maneira com que ambos estabelecem um universo
muito particular em que os personagens estão livres a expor e experienciar seus
desejos e anseios amorosos e sexuais, pulsar de tesão e se entenderem como
amigos, companheiros, apesar das diferenças. O longa de Caetano, porém,
pode representar um passo à frente de <i>Tatuagem</i>
porque no filme pernambucano o microcosmo daquela trupe de teatro, de algum
modo, os cerca de companheirismo e proteção – ainda que rusgas nasçam dali. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Aqui,
ao contrário, o ambiente é o da fábrica, das ruas de um bairro periférico paulistano,
e não algo que possa, de alguma forma, “proteger” ou acolher aqueles sujeitos pela
própria noção de refúgio que o grupo passa a representar. É ali naquele espaço marcado
por outros atravessamentos, tão fluidos e frágeis, que o filme grita suas reivindicações
de amor livre como algo necessário e urgente. Se <i>Corpo Elétrico</i> faz isso é pela simples exposição de corpos
desejosos que, à flor da pele, querem se encontrar no mundo.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"> </span></div>
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">E
Marcelo Caetano, com sua direção precisa e naturalista, constrói um caminho dos
mais humanamente bonitos de se acompanhar enquanto o filme se desenrola. Filma aquele
curso de vidas com a maior naturalidade do mundo, é agradável de ver e de acreditar. Não se trata mais de demarcar
um território, mas de se entender no fluxo de tempo que passa para todos. Elias
vê os dias correrem, mas quer, ele mesmo, deixar de correr sem destino para
assentar e acalmar, mesmo que seja vencendo as ondas do mar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
Rafael Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/11163246316381681861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6505783094663402775.post-88680994092692969352017-08-23T11:51:00.000-03:002017-09-05T02:34:49.413-03:0011º Mostra CineBH<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-IN5jyfMxoIg/WaGKkK9_FRI/AAAAAAAAD7M/AjZFb6upGPYHQVxuUDQeD67BSYd-fM6HwCLcBGAs/s1600/Mostra%2Bde%2BCinema%2Bde%2BBH_2017.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="365" data-original-width="621" height="235" src="https://1.bp.blogspot.com/-IN5jyfMxoIg/WaGKkK9_FRI/AAAAAAAAD7M/AjZFb6upGPYHQVxuUDQeD67BSYd-fM6HwCLcBGAs/s400/Mostra%2Bde%2BCinema%2Bde%2BBH_2017.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Abençoadas
Minas Gerais que me levam, pela terceira vez este ano, a cobrir mais um
festival de cinema, agora na capital Belo Horizonte. Começou há alguns dias a 11ª
edição da Mostra CineBH, que abriga ainda o Brasil CineMundi, um dos maiores e mais importantes encontros de
coprodução internacional realizado no país. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Foram selecionados 22 projetos de longas-metragens brasileiros em fase de
desenvolvimento ou pré-produção para serem apresentados e discutidos durante o
encontro. Durante a cerimônia de encerramento, um júri especializado escolherá
o melhor desses projetos que receberá um prêmio em serviços para auxiliar na
execução do filme.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Como
sempre, programação segue caprichada, com filmes aguardados em pré-estreia,
clássicos a (re)ver, e outras preciosidades a se descobrir. O cineasta (e outrora
crítico de cinema) Pierre Léon é o homenageado desta edição, figura pouco
conhecida da cinefilia brasileira, mas que ganha um panorama caprichado de seus
filmes no festival. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">O
tema da vez é Cinema de Urgência, colocando em pautas filmes que respondem (ou
responderam) às instabilidades sociopolíticas de seu tempo. Na abertura foi
exibido o ótimo <i>Corpo Elétrico</i>, filme solar e libertário de Marcelo Caetano, já em cartaz
nos cinemas brasileiros (e que vocês não deviam deixar de ver).</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"> </span></div>
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Como sempre, faço cobertura do evento para o jornal
A Tarde e tentarei escrever mais detidamente sobre alguns filmes para o Moviola
Digital. Segue o baile do cinema.</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
Rafael Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/11163246316381681861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6505783094663402775.post-30300098694328790202017-08-18T11:29:00.000-03:002017-08-22T20:38:18.884-03:00Cine Ceará – Parte VI<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-O_x4iPp6IX8/WZw89TPv1iI/AAAAAAAAD6o/qZf8cPFQUygMEheWRw7sjAfVk539yBRAACLcBGAs/s1600/Banner.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="320" data-original-width="960" height="132" src="https://4.bp.blogspot.com/-O_x4iPp6IX8/WZw89TPv1iI/AAAAAAAAD6o/qZf8cPFQUygMEheWRw7sjAfVk539yBRAACLcBGAs/s400/Banner.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Últimos
Dias em Havana</span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"> (</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Últimos Días en la Habana, Cuba/Espanha,
2017) <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Dir:
Fernando Pérez<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-9wOMs1u25Dc/WZw878WamPI/AAAAAAAAD6k/zpB5BmXghY4pybJM_IFupuhFqi7nD5ZuACLcBGAs/s1600/3%2Bhalf.gif" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16px; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="15" data-original-width="67" src="https://3.bp.blogspot.com/-9wOMs1u25Dc/WZw878WamPI/AAAAAAAAD6k/zpB5BmXghY4pybJM_IFupuhFqi7nD5ZuACLcBGAs/s1600/3%2Bhalf.gif" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://2.bp.blogspot.com/-Gpsrf6vF-cs/WZw9C0udBiI/AAAAAAAAD6s/IV9dIhIn0zE-DIwapAgKx7Plseya1OgCgCLcBGAs/s1600/%25C3%259Altimos%2BDias%2Bem%2BHavana.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1067" data-original-width="1600" height="213" src="https://2.bp.blogspot.com/-Gpsrf6vF-cs/WZw9C0udBiI/AAAAAAAAD6s/IV9dIhIn0zE-DIwapAgKx7Plseya1OgCgCLcBGAs/s320/%25C3%259Altimos%2BDias%2Bem%2BHavana.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Último
filme a participar da mostra competitiva do Cine Ceará, <i>Últimos Dias em Havana</i>, do veterano cineasta Fernando Pérez, reverbera discussões muito próximas às de <i>Santa
e Andrés</i>, ambientadas agora no tempo atual. Estão lá, mais uma vez, como algo muito caro aos cineastas cubanos, questões como a validade ou não de
abandonar a ilha e o estilo de vida que o sistema político vigente impõe aos
cidadãos. E tal como no filme anterior, há um embate um tanto quanto
contraposto entre os dois protagonistas do filme que vivem sobre o mesmo
teto, numa casa no bairro Centro
Habana. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Diego
(Jorge Martínez) é um homem solitário que vive prostrado numa cama por conta
das complicações com a AIDS. Quem lhe assiste é o introspectivo Miguel (Patricio
Wood) que não vê a hora de conseguir o visto para o Estados Unidos e deixar a ilha
de vez. Sonha acordado com a possibilidade de refazer a vida em um país
capitalista. Diego, por sua vez, se opõe e mesmo passando dificuldades, defende
a vida e a permanência no lugar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Olhando de perto, essa dita contraposição vai se revelar falsa no decorrer do filme porque, no
fundo, Diego não quer mesmo é pensar na possibilidade de viver sem o amigo ao
lado, solitário que é (são), ainda que mantenha com ele um relacionamento de amor
e ódio. Não passa pela sua consciência política – pelo menos não explicitamente
– defender o sistema sociopolítico da Cuba atual por questões morais
particulares, mas antes encontrar ali um apego capaz de confrontar as ideias do
amigo que ir para longe. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">É
muito através do olhar de Miguel que o filme nos faz ver um retrato muito cru
sobre as durezas e pequenas alegrias da cultura e dos modos de vida cubanos, colocando
em xeque as posições antagônicas sobre a validade de seguir morando na ilha,
com todos os problemas e restrições que fazem parte do cotidiano local. O
roteiro, no entanto, não apela para o tom dramático, preferindo apostar na
leveza e no bom-humor, apresentando uma série de outros personagens que cruzam
o caminho dos dois, cada qual lidando de modo diverso com os planos de futuro.
O michê que Diego insiste que Miguel traga para ele se torna um improvável
amigo e confidente, e que revela, por trás do estereótipo, alguém
que também pensa em como melhorar de vida, sem precisar sair de Cuba. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Não
bastasse a verve irreverente de Diego, homossexual assumido, cheio de
disposição, falastrão de língua afiada – mais um contraponto em relação ao
taciturno Miguel – outros personagens vão se somar a esse núcleo. Morando numa
espécie de prédio com várias casas vizinhas por andar, o filme constrói uma
rede de (poucas) amizades ao redor deles – e de onde surgem algumas desavenças
também, ninguém é de ferro –, o que alarga as possibilidades de discussão da
rotina do povo cubano humilde. A chegada da sobrinha de Diego, mais taga</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">rela
ainda que o tio, desencadeia outras discussões, como a maternidade precoce, mas
também descamba nas perspectivas de futuro dela e do jovem namorado, também
eles com posições diferentes sobre a permanência em Cuba.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"> </span></div>
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">A
agenda do filme coloca claramente em pauta a relação desses personagens com o
regime político da ilha e os dilemas morais e ideológicos que envolvem a vida no país. Mas segue além da mera disputa de opiniões, preferindo
encontrar nesses encontros e nas pequenas batalhas diárias modos de ver a
situação sem apelar para polarizações fáceis e caricatas. Fernando Pérez é
certamente hoje o mais proeminente dos cineastas cubanos em atividade. Esse tom
geral ganha enorme fluidez nas suas mãos, o que faz de <i>Últimos Dias em Havana</i> um belo filme duro e divertido, agridoce em
essência. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
Rafael Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/11163246316381681861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6505783094663402775.post-51970726460602418512017-08-16T02:05:00.000-03:002017-08-22T11:04:35.846-03:00Cine Ceará – Parte V<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-7PmXOo98_AQ/WZu6nFtksjI/AAAAAAAAD6M/098U97sQ9NA9LR8l8IdogHJ9DFCWW34AQCLcBGAs/s1600/Banner.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="320" data-original-width="960" height="132" src="https://3.bp.blogspot.com/-7PmXOo98_AQ/WZu6nFtksjI/AAAAAAAAD6M/098U97sQ9NA9LR8l8IdogHJ9DFCWW34AQCLcBGAs/s400/Banner.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">O
Homem que Cuida</span></b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"> (El </span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Hombre que Cuida, República
Dominicana/Porto Rico/ Brasil, 2017)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Dir:
Alejandro Andújar<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-bG5sih-ukyA/WZu6m137c4I/AAAAAAAAD6I/hTEXEDSPUPIQLqwHotzGQfyyT4Mx_7izgCLcBGAs/s1600/3%2Bhalf.gif" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="15" data-original-width="67" src="https://4.bp.blogspot.com/-bG5sih-ukyA/WZu6m137c4I/AAAAAAAAD6I/hTEXEDSPUPIQLqwHotzGQfyyT4Mx_7izgCLcBGAs/s1600/3%2Bhalf.gif" /></a><span style="font-family: "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-yauas55ASZk/WZu6oAYgDtI/AAAAAAAAD6Q/IMOgkzovUFEUb0AZyZ1S1QuEjAHBTNZTgCLcBGAs/s1600/O%2Bhomem%2Bque%2Bcuida_mainstill.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="543" data-original-width="1024" height="169" src="https://4.bp.blogspot.com/-yauas55ASZk/WZu6oAYgDtI/AAAAAAAAD6Q/IMOgkzovUFEUb0AZyZ1S1QuEjAHBTNZTgCLcBGAs/s320/O%2Bhomem%2Bque%2Bcuida_mainstill.JPG" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Ano
passado o mesmo Cine Ceará buscou revelar filmografias pouco conhecidas da
América Latina, mas errou na pontaria. Trouxe como novidade exótica o novelesco
<i>Salsipuedes</i>, representante do Panamá.
Neste ano, o alvo foi melhorado, e a República Dominicana esteve bem representada
com <i>O Homem que Cuida</i>, de Alejandro
Andújar. O filme p</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">ode mostrar um pouco a cara do cinema que é feito por lá – outro filme
dominicano já havia estreado no Brasil antes, o bom <i>Dólares de Areia</i>, com Geraldine Chaplin no elenco. Não é, portanto,
filmografia a se subestimar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">O
filme de Andújar tem clara proposta de discussão social e tensionamento de
classes contada a partir da história de Juan (Héctor Aníbal), um homem que
trabalha como caseiro na casa de praia de um rico figurão perto da ilha de
pescadores de Palmar de Ocoa. Juan é um funcionário de confiança dos patrões e
zela para que a enorme casa fique sempre limpa e bem cuidada, e também para que
ninguém de fora circule por ali, o que significa, por exemplo, enxotar os
funcionários das outras casas ou moradores locais, impedindo-os de ficarem bebendo no <i>deck</i> da propriedade. É um
empregado exemplar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">O
filme transcorre no período de poucos dias quando o filho do patrão, o jovem
Rich (Yasser Michelén) chega acompanhado de um casal de amigos festeiros, sendo
a moça uma moradora local que eles acabaram de conhecer pelo caminho. É nesse
ambiente que se desnudam mais claramente as relações de poder, ainda que Juan
seja tratado com certa intimidade, de certa forma também convidado para a festinha
particular que se desenrola durante aqueles dias. Ali emergem, com muita
naturalidade, as pequenas distinções entre os personagens e acentuam-se as contraposições:
patrão vs. empregado, pobres vs. ricos, brancos vs. negros. Tudo isso exposto
nas sutilezas de comportamento e ações dos personagens.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Juan
é o tipo taciturno e sério. Carrega a dor de ser apaixonado pela ex-mulher que
o abandonou e já está grávida de outro homem. Encara seu emprego como um
refúgio, ainda que viva de seguir ordens, tendo de fazer os caprichos do filho
mimado do patrão. É claro que as coisas começam a desandar, e Juan, como
sempre, terá que cuidar para que tudo permaneça como antes. Até ele mesmo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Mais
do que a estranheza de Juan em relação ao amigo folgado de Rich e sobre a
dualidade entre acatar e domar as ordens do patrãozinho, mais forte é o embate
dele com María (Julietta Rodriguez), a moradora local que se torna namoradinha casual
do amigo. Ela é pobre, moradora da ilha, pele escura. Adentra o filme com pose
de dona do pedaço, mas não engana Juan que já a conhece da vila. O próprio
filme vai desfazer essa imagem e mostrar que ela é também usada por aqueles homens
que só querem diversão descompromissada. Aos olhos de Juan, ela está falseando
um lugar que não lhe pertence de fato, e ele não esconde o incômodo com a
postura e comportamento atrevido da moça, tal qual uma patricinha acomodada. A
partir desse embate, o filme tece bons comentários sobre as posições sociais que
ocupamos, como nos vemos neles e como enxergamos e julgamos os lugares que o outro ocupa ou é permitido ocupar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">O
filme dominicano, país com pouca tradição cinematográfica, demonstra maturidade
para tratar dessas questões, sem nunca soar panfletário, e Andújar é um diretor
competente para ditar ritmo e segurar um filme que se passa quase que
completamente em um mesmo ambiente. Há todo um cuidado de fotografia e direção
de arte que nos faz crer naquele ambiente ao mesmo tempo em que o isola, lugar onde muita coisa de errado pode acontecer.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"> </span></div>
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Falou-se
nos debates acerca do filme que ele poderia muito bem se chamar “O Caseiro”, esforço
de uma tradução mais clara e objetiva para o português. Mas “O Homem que Cuida”
consegue expressar além do âmbito profissional, pois Juan não cuida só da casa.
Ele é convocado para resolver todos os problemas que surgem, precisa estar a
postos a tratar dos empecilhos, especialmente aqueles que Rich provoca,
mas não consegue dar conta depois. <i>O Homem que
Cuida</i> tensiona essas posições que não são necessariamente novas no cinema.
Mas produz um estudo muito rico de relações de poder, via espaço de trabalho, sustentado
por situações completamente verossímeis. O final é especialmente duro no sentido
de não abrir concessões e preferir ser fiel ao desenho moral que os personagens
apresentam durante o filme, demonstrativo da dificuldade de se romper as barreiras que nos cercam.</span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Rafael Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/11163246316381681861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6505783094663402775.post-51709539274276446992017-08-13T02:36:00.000-03:002017-08-18T22:57:56.208-03:00Cine Ceará – Parte IV<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-j6tqcZlBlQk/WZZ8JaS2TsI/AAAAAAAAD5k/x-710F0lZb0nDdA3bkoARtrLdUsbXDjUwCLcBGAs/s1600/Banner.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="320" data-original-width="960" height="132" src="https://1.bp.blogspot.com/-j6tqcZlBlQk/WZZ8JaS2TsI/AAAAAAAAD5k/x-710F0lZb0nDdA3bkoARtrLdUsbXDjUwCLcBGAs/s400/Banner.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Pedro
Sob a Cama</span></b><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"> (Idem, </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">Brasil, 2017)</span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Dir:
Paulo Pons<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-wp4ldR9y9No/WZZ8JJnmXpI/AAAAAAAAD5g/HcI1R836iJoRLBLZr3gGOq4c6se-fD7CgCLcBGAs/s1600/2.gif" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="15" data-original-width="67" src="https://1.bp.blogspot.com/-wp4ldR9y9No/WZZ8JJnmXpI/AAAAAAAAD5g/HcI1R836iJoRLBLZr3gGOq4c6se-fD7CgCLcBGAs/s1600/2.gif" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-OGwxixGULBQ/WZZ8KIVb9AI/AAAAAAAAD5o/ZLKc0sU3DBQit4MmChdPJ64nvfrMx-OngCLcBGAs/s1600/Pedro%2BSob%2Ba%2BCama.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="913" data-original-width="1600" height="182" src="https://3.bp.blogspot.com/-OGwxixGULBQ/WZZ8KIVb9AI/AAAAAAAAD5o/ZLKc0sU3DBQit4MmChdPJ64nvfrMx-OngCLcBGAs/s320/Pedro%2BSob%2Ba%2BCama.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Numa
cena rápida no início do filme, o protagonista Mariano (Fernando Alves Pinto)
está buscando emprego como executor de serviços gerais e o empregador lhe pergunta:
“você é bom em consertar coisas?”. Esta é, em escala maior, a grande provação
de Mariano: tentar desfazer os equívocos e desastres que o destino lhe pôs no
caminho, ou pelo menos recolar as coisas sobre os trilhos. Há oito anos um
desentendimento numa festa acabou vitimando a esposa dele, grávida. Agora ele
tenta reatar os laços com a família que havia ficado para trás. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">A criança que a mulher carregava na barriga é Pedro, esse do título que se refugia
sob a cama. Ele sobreviveu, mas nasceu com a sequela da mudez. O pai nunca o conheceu
porque depois da tragédia Mariano desapareceu da vida de todos, inclusive do filho
que a esposa tinha de outro relacionamento anterior, o agora adolescente Mani (Konstantinos
Sarris). Quando Pedro descobre sobre o retorno do pai, que nunca viu, desvenda a casa
para onde ele se muda e sorrateiramente passa a “invadi-la” e se refugia,
silenciosamente, debaixo da cama do homem sem que ele perceba.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">É
claro que o retorno de Mariano reabre cicatrizes do passado e revira de ponta
cabeça o emocional de todos. A tentativa de reaproximação de Mariano esbarra na
agressividade de Mani, nessa fase difícil de mudanças que é a adolescência, e
na mudez de Pedro, que faz o tipo do garoto esperto e introspectivo, daqueles
observadores, atento ao que se passa ao redor sem chamar muita atenção para si – ele costuma se comunicar com os outros através de um celular preso ao pescoço onde digita mensagens. Parte
do filme nos chega a partir do seu olhar um tanto quanto neutro diante da
situação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">O
diretor Paulo Pons esforça-se para manter uma pegada intimista e aquela doçura
que tem o cuidado de não esbarrar no drama rasgado. Porém, o filme escorrega quando precisa amarrar as
pontas do roteiro que soam inverossímeis em tantos momentos, capazes de tirar o
espectador desse clima que o filme vai construindo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Outros
personagens e situações soam caricatas, como o comportamento da cunhada de
Mariano no início do filme, ou a atitude da avó (vivida por Betty Faria) que
tenta impedir o contato de Mariano com os netos – o que rende uma cena
deplorável com os “capangas” da avó surgindo do nada numa praça e “prendendo”
Mariano antes dele conseguir se aproximar do filho pequeno. E há ainda o grande
mistério de como Mariano nunca percebeu uma criança dormindo debaixo de sua
cama em tantas noites.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Tais
deslizes de roteiro, entretanto, poderiam ser relevados se não fossem
constantes. E se não se somasse a isso a necessidade de uma direção mais segura
– câmera na mão mal usada é o que mais incomoda –, ainda que o tom do filme
mantenha-se acertadamente no campo da melancolia. É como se o tempo todo houvesse
um esforço para fazer o filme engatar e encontrar a firmeza da condução, via
intimismo, mas somente poucas vezes ele alcança esse lugar com propriedade – a cena
da conversa entre Mariano e Mani na porta de casa, por exemplo, é bem boa nesse sentido.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"> </span></div>
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Aliás,
os atores que interpretam esses dois personagens são os que se saem melhor em
cena. Fernando Alves Pinto segura em si grande parte da dor enraizada e da
dificuldade de expurgar as culpas que esse homem carrega, fazendo aqui um
bonito paralelo com o personagem que ele mesmo interpretou em <i>Para Minha Amada Morta</i>, de Aly Muritiba.
Enquanto isso, o jovem Konstantinos faz de Mani um garoto sempre prestes a explodir,
o que sacode o filme, inclusive por ele partir para cima de um comumente pacato
Mariano, injetando gás em certos momentos que poderiam ser mais numerosos. Falta
esse fôlego maior a <i>Pedro Sob a Cama</i> e uma
mão mais firme de direção.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
Rafael Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/11163246316381681861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6505783094663402775.post-37906310173416933832017-08-11T22:49:00.000-03:002017-08-17T22:50:39.362-03:00Cine Ceará – Parte III<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-S2NQKUWQbEM/WZZHSl2g3eI/AAAAAAAAD5M/TyWp4l6pvcEZldASmHQU5K1xWWoejP3SQCLcBGAs/s1600/Banner.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="320" data-original-width="960" height="132" src="https://1.bp.blogspot.com/-S2NQKUWQbEM/WZZHSl2g3eI/AAAAAAAAD5M/TyWp4l6pvcEZldASmHQU5K1xWWoejP3SQCLcBGAs/s400/Banner.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Santa
e Andrés </span></b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">(Santa y Andrés,</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Cuba/França/Colômbia, 2016)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Dir:
Carlos Lechuga<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-9u1Tp0EF2b0/WZZHSXEpyWI/AAAAAAAAD5I/Z0ByEffwmTMfF4v0710vCjEfxW4H_XYnACLcBGAs/s1600/3.gif" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="15" data-original-width="67" src="https://3.bp.blogspot.com/-9u1Tp0EF2b0/WZZHSXEpyWI/AAAAAAAAD5I/Z0ByEffwmTMfF4v0710vCjEfxW4H_XYnACLcBGAs/s1600/3.gif" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-xku6KNIBb70/WZZHTRZBqUI/AAAAAAAAD5Q/9cEXeCHTiNMHLKV33ZA-Yq_DpnwPNluwACLcBGAs/s1600/Santa%2Be%2BAndr%25C3%25A9s.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1067" data-original-width="1600" height="213" src="https://4.bp.blogspot.com/-xku6KNIBb70/WZZHTRZBqUI/AAAAAAAAD5Q/9cEXeCHTiNMHLKV33ZA-Yq_DpnwPNluwACLcBGAs/s320/Santa%2Be%2BAndr%25C3%25A9s.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><i>Santa
e Andrés</i> atravessa certo momento histórico de Cuba, ali no início dos anos
1980, para contar uma história de amizade. </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Ou vice-versa. A relação de amizade
que surge entre os dois personagens, postos em lados ideologicamente antagônicos</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"> da
questão política, é o que move a trama desse filme que carrega sua dose de
polêmica, muito por ter sido impedido de se lançar comercialmente no país uma vez que
faz dura crítica ao regime comunista ainda vigente.</span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Depois
de tanto tempo, Cuba ainda carrega a chaga de ser esse país dividido que causa sentimentos
opostos entre aqueles que o defendem ou não, algo que atravessa irremediavelmente posições morais e políticas – e o cinema cubano não deixa de retratar isso
constantemente, como pudemos ver no outro corrente cubano apresentado no Cine Ceará. No
momento histórico em que corre o filme, o regime comunista comandado por Fidel Castro segue bem estabelecido no país e já havia posto em prática uma
política camuflada de perseguição contra homossexuais. Também havia um controle
sobre escritores, artistas ou qualquer intelectual que pensasse criticamente os
caminhos políticos do país.</span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">E
o protagonista do longa carrega essas duas alcunhas – ou podemos dizer, pesos. Escritor
homossexual, Andrés (Eduardo Martinez) vive recluso no interior do país vigiado
e controlado pelas forças policiais do regime. Não pode sair dali e muito menos
continuar a escrever seus livros de teor “subversivo”, pois foi na tentativa de
escrever um assim no passado que ele foi preso e condenado a viver como numa
prisão em regime aberto, sempre sob custódia. Com a realização de um
Fórum para a Paz ali perto de onde ele vive, o regime contrata a assistente social
Santa (Lola Amores) para vigiá-lo mais de perto e impedir qualquer tipo de
comunicação dele com estrangeiros ou alguma forma de manifestação de sua parte.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">O
filme trabalha, de imediato, a dicotomia entre os opositores e defensores do
regime, muito embora, mais adiante, vai revelar, através de Santa, uma
personagem com mais nuances que poderá também questionar o tratamento que é
dado a Andrés. Ela, na verdade, é uma novata na
função, não está ali fazendo aquele serviço por questões ideológicas e pessoais,
mas sim executando um trabalho rotineiro, cumprindo uma ordem. E é na aproximação entre os dois, não
necessariamente romantizada pelo filme, que os dois revelam mais de si e de seus dilemas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">É
certo que em alguns momentos o filme apela para a caricatura, especialmente quando
chega mais perto do final e os superiores de Santa começam a pressioná-la para
vigiar Andrés com mais dureza, inclusive tentando arrancar segredos dele por
intermédio dela. Falta um tanto de ritmo a partir da segunda metade da
narrativa também porque o filme fica dando voltas ao redor de disputas e pequenos
conflitos entre eles ou a partir da vida e rotina de cada um – como, por exemplo, a relação amorosa/sexual
e mesmo agressiva que Andrés leva com um estranho rapaz que vive no povoado
mais próximo. Já a dimensão dramática que Santa ganha, a partir da descoberta de
assuntos dolorosos de seu passado, é mais bem resolvida na trama. O desfecho da
história, no entanto, também carrega certas fragilidades ao desenhar o destino
dos personagens.</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"> </span></div>
<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">O
diretor Carlos Lechuga não se furta, portanto, de apontar tais pontos
controversos do sistema político cubano e das decisões e posturas que foram
defendidas ali naquele momento. O filme chegou a ser censurado nos cinemas do
país porque tais questões ainda não foram de todo passadas a limpo – apesar de
Fidel já ter vindo publicamente para confessar que, de fato, o regime perseguiu
homossexuais no passado. Mas as questões ideológicas vão continuar cercando a
ilha cubana de posições antagônicas e grande parte dos discursos que forem
traçado sobre o cotidiano e a História do país. Lechuga é um jovem cineasta (esse
é seu segundo longa) e carrega consigo uma visão crítica dos que olham para trás
sem receio de enfrentar as cicatrizes que marca(ra)m a vida dos que ali
habitam.</span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Rafael Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/11163246316381681861noreply@blogger.com2