sábado, 24 de abril de 2010

Insanos e corruptíveis

A história é praticamente a mesma: policia corrupto e viciado trabalha “contra” o crime numa cidade grande dos EUA. Somente quando o alemão Werner Herzog lançou Vício Frenético ano passado (feito em solo norte-americano), descobri que se tratava de uma “adaptação” de um filme de Abel Ferrara da década de 90. No entanto, muitos rechaçaram a ideia de que se trata de uma adaptação porque os filmes, apesar de compartilharem o mesmo argumento, possuem desdobramentos distintos, relacionados cada qual com o universo temático e formal de seus realizadores. No final das contas, são dois grandes exemplares do bom cinema.


Vício Frenético (Bad Lieutenant, EUA, 1992)
Dir: Abel Ferrara



Abel Ferrara faz parte do grupo de grandes cineastas undergroud dos EUA (diga se não é, Jim Jarmusch?). Seus filmes, à primeira vista, podem parecer grandes observações de personagens ou situações, quase como crônicas da vida urbana. Mas esse Vício Frenético evolui de uma situação paradoxal (policial corrupto, viciado em drogas e apostas) para um dilema moral que põe em cheque as convicções do próprio protagonista. O impasse começa quando o tenente vivido por Harvey Keitel precisa encontrar os jovens que estupraram violentamente uma freira.

A questão religiosa parece ser uma constante nos filmes do diretor (vide o belo Maria), e surge aqui através do perdão (tema tão caro à Igreja Católica). O personagem irá se enxergar nos próprios criminosos que a freira irá perdoar pelo crime que lhe infringiram. Perturbado, ele busca uma explicação para tal ato e também uma forma de redenção, a seu próprio modo, sem deixar de ser o personagem torpe que é. Harvey Keitel, por sua vez, é o grande dono do filme, numa atuação absurda e potente de um homem consumido pelo próprio vício. A cena na igreja, com a aparição de Cristo, é de uma intensidade única. Nunca pensei que iria chorar por um personagem assim.


Vício Frenético (Bad Lieutenant: Port of Call New Orleans, EUA, 2009)
Dir: Werner Herzog


Se os conflitos religiosos não pertencem ao universo de Herzog, a decisão mais acertada foi aproximar o filme de seu tema mais caro: o conflito do homem versus a natureza. Aqui, ganha contornos de compulsão na figura do tenente que se envolve cada vez mais em problemas profissionais, familiares e ainda nas enrascadas que sua namorada, prostituta de luxo, arruma junto a criminosos. Apesar disso, as drogas são o conforto de Terence McDonagh (Nicolas Cage), um vício que ele cultiva como hobby.

Interessante notar que Herzog adota um tom diferenciado nesse prjeto. O que no anterior estava mais próximo de um dilema moral que perturba seu protagonista, aqui o personagem parece não ter noção da gravidade das enrascadas em que se afunda. Ele, ao contrário, busca se divertir e lucrar ao máximo em todas as situações. Mais uma vez, um grande ator assume o personagem principal de forma hipnótica e eletrizante, através de um Nicolas Cage que há muito tempo nos devia uma atuação digna de nota. Há também momentos sensacionais, como a cena da colher perdida ou a da alma do bandido dançando. Insano e irresponsável, o filme é um retrato diferente e dilacerante da compulsão humana.

domingo, 18 de abril de 2010

Sede demais ao pote

Sede de Sangue (Bakjwi, Coreia do Sul, 2009)
Dir: Park Chan-wook


A ótima fase pela qual passa o cinema sulcoreano é bastante coerente com a qualidade geral de seus filmes. Park Chan-wook foi o primeiro cineasta desse país que eu descobri e que me maravilhou com a obra-prima Oldboy. Uma pena que seu mais novo filme se atrapalhe tanto ao abraçar questionamentos religiosos, sexuais, éticos e estéticos.

Talvez a tentativa de integrar estilização e bizarrice fez com que o cineasta buscasse um tom mais ágil, que se confundiu com atropelo (algo perceptível também no longa anterior do cineasta, o ainda inédito no país I’m a Cyborg, But That’s Ok). O argumento, no entanto, é ótimo: padre recebe transfusão de sangue contaminado e se torna um vampiro; sangue humano é seu alimento e sem isso, ele morre.

O universo vampiresco é abraçado pelo filme em grande parte respeitando sua mitologia, mas interessa muito mais ao diretor falar de questões relacionadas ao comportamento de seu protagonista. As motivações iniciais do padre apontam para a caridade e a ajuda ao próximo. Quando o experimento como cobaia num projeto médico dá errado, o personagem precisa lidar com sua nova forma de vida e sobrevivência.

O que começou com a intenção de ajudar o outro, agora significa roubar do outro para sua própria sobrevivência. Mas agregado a isso, surge um interessante subtexto sexual. A satisfação dele por sangue acaba se tornando algo como um desejo reprimido pelo prazer carnal. O fato dele ser padre torna tudo mais controverso. Talvez essa seja uma das melhores sacadas do longa.

No entanto, falta em alguns momentos do filme certo tino para organizar todos os detalhes de uma história que avança numa profusão de situações bizarras e que nem sempre acrescentam algo à narrativa. Quando nos damos conta, detalhes já passaram e não voltam mais. Às vezes nem nos damos conta. Por mais que existam aqui e ali ótimos momentos, uma edição mais concisa faria muito bem ao filme.

Song Kang-ho equilibra bem o dilema do protagonista, mas a atriz Kim Ok-bin é o grande destaque, cuja personagem evolui da vítima em busca de prazer para a algoz vingativa, cheia de ódio contra o mundo, a partir de uma reviravolta que reforça bastante o grande cerne do filme: o que fazer quando sua sobrevivência depende da “destruição” do outro e como controlar um desejo interior?

sábado, 17 de abril de 2010

Cannes 2010


A seleção oficial do Festival de Cannes, divulgada recentemente, não deixa de conter aqueles velhos queridinhos do maior festival de cinema do mundo. Mesmo assim, este ano promete algumas novidades. Veja a lista dos filmes da competição:

Another Year, Mike Leigh (Reino Unido)
Biutiful, Alejandro González Iñárritu (Espanha/ México)
Burnt by the Sun 2, Nikita Mikhalkov (Alemanha/ França/ Rússia)
Certified Copy, Abbas Kiarostami (França/ Itália/ Irã)
Fair Game, Doug Liman (EUA)
Hors-la-loi, Rachid Bouchareb (França/ Bélgica/ Algéria)
The Housemaid, Im Sang-soo (Coréia do Sul)
La Nostra Vita, Daniele Luchetti (Itália/ França)
La Princesse de Montpensier, Bertrand Tavernier (França)
Of Gods and Men, Xavier Beauvois (França)
Outrage, Takeshi Kitano (Japão)
Poetry, Lee Chang-dong (Coréia do Sul)
A Screaming Man, Mahamat-Saleh Haroun (França/ Bélgica/ Chade)
Tourneé, Mathieu Amalric (França)
Uncle Boonmee Who Can Recall His Past Lives, Apichatpong Weerasethakul (Espanha/ Tailândia/ Alemanha/ Reino Unido/ França)
You, My Joy, Sergey Loznitsa (Ucrânia/ Alemanha)
Tender Son – The Frankenstein Project, Kornél Mundruczó (Hungria)
Chongqing Blues, Wang Xiaoshuai (China)
Route Irish, Ken Loach (Reino Unido)


De cara, meu interesse recai sobre o novo filme de Mike Leigh, um dos grandes cineastas do cinema britânico e que nunca me decepcionou. Takeshe Kitano, depois do péssimo Glória ao Cineasta, precisa mostrar porque é um ótimo cineasta. O pouco que conheço do cinema politizado de Rachid Bouchareb e Daniele Luchetti me agradou bastante, espero que continuem assim. E uma ida ao IMDB me revelou que o ótimo ator francês Mathieu Amalric já dirigia filmes há um bom tempo. Bom saber!

Alejandro Gonzalez Inarritu, depois do irregular Babel, parece voltar às origens latinas; espero que com melhores resultados. Uma das grandes surpresas é que o único filme norte-americano (que eles adoram) na seleção pertence a Doug Liman, cineasta que não costuma integrar eventos assim, responsáveis por fitas de ação que variam de bons (A Identidade Bourne) a verdadeiras negações (Sr. e Sra. Smith e Jumper). Destaque para a representação, mais uma vez, do cinema sulcoreano. E espero que os novos filmes de Abbas Kiarostami e do impronunciável Apichatpong Weerasethakul (Joe, para os ocidentais) me animem a conhecer a filmografia desses diretores. Qual deles encantará mais o júri presidido pelo tresloucado Tim Burton? Veremos. O festival acontece entre os dias 12 a 23 de maio.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Universo particular

Onde Vivem os Monstros (Where the Wild Things Are, EUA, 2009)
Dir: Spike Jonze


Por trás da aparência infanto-juvenil que o novo filme de Spike Jonze possa ter, existe todo um universo psicológico e complexo, mesmo que seja o de uma criança. Max (Max Records) é um garoto hiperativo, mas não tem com quem compartilhar sua fértil imaginação nem sua disposição para a aventura.

Sua irmã mais velha está descobrindo a adolescência ao lado dos amigos maiores enquanto sua mãe divorciada está mais preocupada com o trabalho; seu pai é figura ausente, não se sabe por que motivo. A solidão de Max dá vazão a sua mente fantasiosa.

Assim, durante um briga com a mãe, o garoto foge pela rua e, em seguida, já se encontra num mundo imaginário habitado por estranhas criaturas que se assemelham a bonecos gigantes. Lá, Max será proclamado rei e dono de todo aquele território, como gostaria de ser toda criança.

O filme abraça essa proposta lúdica da forma mais deliciosa possível. Ao mesmo tempo que todo aquele universo representa os anseios e questionamentos do protagonista, sendo possível identificar personalidades do próprio Max dentro de cada um daqueles seres, o inconsciente do garoto parece trabalhar no sentido de levar para aquele ambiente situações e experiências que ele vivencia e conhece no mundo real, sem que isso passe necessariamente pelo racional do garoto.

Por isso, o mundo imaginário e fantasioso de Max, cheio de aventuras, brincadeiras, diversões e sonhos de grandeza, se mistura com suas inseguranças e problemas de menino, ganhando dimensões psicológicas que na tela transparecem com uma leveza absurda, residindo nas entrelinhas. Assim, o infantil se torna complexo, mas tudo vem numa roupagem deliciosa de brincadeira de criança.


O ator mirim Max Records trabalha com uma naturalidade impressionante, da mesma forma que Jonze conduz tudo com enorme fluidez, porque ele parece entender exatamente a cabeça de seu protagonista. A trilha sonora é uma delícia, assim como aspecto retrô do desenho dos bichos da floresta. Bichos selvagens que parecem habitar cada um de nós.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Curtinhas

O Tempo que Resta (Le Temps qui Rest, França, 2005)
Dir: François Ozon


É de uma maturidade enorme a forma como François Ozon lida com a morte nesse seu filme. Romain (Melvil Poupaud) é um jovem fotógrafo homossexual que descobre um câncer em fase terminal, com possibilidades remotas de cura, e decide não iniciar o tratamento; possui só alguns meses de vida. Ozon, também roteirista, se recusa a cair no lugar-comum e fazer seu personagem se redimir com todos ao redor, principalmente porque Romain demonstra traços de prepotência e egocentrismo. Possui relações conturbadas tanto com o parceiro quanto com a própria família, em especial com a irmã.

Nesse percurso, Romain vai buscar na solidão uma forma de lidar com a proximidade de sua própria morte. Talvez por isso ele só vai contar para a avó sobre sua doença. Vivida por uma Jeanne Moreau ainda em desempenho incrível, ela parece ser o eixo emocional do rapaz e o encontro dos dois é ao mesmo tempo triste e duro (num momento, Romain diz que só contou de sua doença para a avó porque eles eram iguais: estavam pertos de morrer!). Mesmo sem rompantes dramáticos ao tratar de assunto tão doloroso, há momentos tristíssimos como quando ele se despede da avó ou quando tira fotos da irmã às escondidas. Ozon nos entrega um filme minimalista, mas não menos comovente.


Fando e Lis (Fando y Lis, México, 1968)
Dir: Alejandro Jodorowsky


A busca de um casal pela cidade sagrada de Tar é o argumento principal desse primeiro longa-metragem de Alejandro Jodorowsky, cineasta controverso que se aproxima muito da surrealidade para oferecer sua visão de mundo. Por trás da ideia amplamente difundida de que seus filmes não possuem lógica, Fando e Lis faz muito sentido em sua proposta de acompanhar dois personagens na busca por esse lugar ideal que nada mais é do que a representação da felicidade. No percurso para encontrá-la, os dois irão se deparar com o que de mais grotesco, estranho e brutal existe no ser humano.

Além disso, o filme faz uma reflexão (ou sou eu quem vê essa reflexão, não sei) da necessidade do outro como forma de apoio, amparo. A relação conturbada de Fando (Sergio Kleiner) com sua parceira Lis (Diana Mariscal), ela uma paralítica, passa por altos e baixos, do mais puro gesto de carinho até o mais puro ato de crueldade e rejeição. Isso para que os personagens possam se dar conta de que o caminho para a realização só se faz com ajuda de um outro, principalmente quando a beleza se acabou da Terra e o trajeto parece sem fim.


Aconteceu em Woodstock (Taking Woodstock, EUA, 2009)
Dir: Ang Lee


Mais um belo trabalho de Ang Lee que chegou ao Brasil no mesmo ano que aportou por aqui, com bastante atraso, o belo Desejo e Perigo. Para os desavisados, o filme pode parecer uma reconstituição de um dos eventos musicais mais importantes do século passado. Entretanto, o que interessa ao cineasta são os bastidores. Para isso, ele se apega a Elliot Tiber (Demetri Martin), um rapaz que vive com o pai (Henry Goodman) e a mãe (Imelda Stauton, em ótima e hilária atuação) num rancho-pensão, até o momento em que os organizadores de Woodstock requisitam o local para o concerto de rock.

O roteiro evolui da formação de todo o evento, dado a grandiosidade e enorme quantidade de gente a chegar, para uma crônica de maturidade de seu personagem principal. Elliot é ingênuo e vive sob as asas dos pais, mas, no contato com toda aquela efervescência cultural (que iria mudar os rumos da sociedade) vai entender o sentido de buscar um caminho próprio, longe de amarras, numa espécie de rito de libertação. Ele se transforma junto com seu tempo.


Um Sonho Possível (The Blind Side, EUA, 2009)
Dir: John Lee Hancock


Eu podia jurar que esse filme seria muito pior do que acaba sendo. Parecia a típica história de superação de um garoto pobre e de redenção para uma família rica, explorada por um roteiro golpista. No entanto, existe um tom de verdade nas ações bondosas da família que irá acolher Michael, (Quinton Aaron) um garoto negro, pobre e sem lar. Destaque para a mãe vivida por uma Sandra Bullock caracterizada de perua burguesa que vai se tornar, desde o início, o grande suporte de Michael.

Esse talvez seja o grande acerto do filme: não fazer da personagem de Bullock a típica ricaça e arrogante que irá se transformar depois de acolher Michael. Pelo contrário, desde o início é ela quem vai trazê-lo para casa e fazer de tudo para que ele seja bem sucedido no colégio e, principalmente, se torne um ótimo jogador de futebol americano, destacando assim seus dotes atléticos. Bullock está melhor do que o normal para uma atriz como ela (que faz uma trapalhada após outra), o que não justifica seu Oscar. A obra ainda se sabota ao exceder toda essa bondade como algo inerente àqueles personagens, gerando um tom forçado ao filme. Parece o caminho que estava destinado a seguir por falta de um direcionamento melhor e mais maduro.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Filmes de março


1. 13 Tzameti (Géla Babluani, França, 2005) ***½

2. The Cove – A Baía da Vergonha (Louie Psihoyos, EUA, 2009) ***

3. Eu Sei que Vou Te Amar (Arnaldo Jabor, Brasil, 1986) ***½

4. Coração Louco (Scott Cooper, EUA, 2009) ***

5. Italiano para Principiantes (Lone Scherfig, Dinamarca/Suécia, 2000) ***½

6. Intervalo Clandestino (Eryk Rocha, Brasil, 2005) ***

7. O Gosto dos Outros (Agnès Jaoui, França, 2000) ***½

8. O Piano (Jane Campion, Austrália/Nova Zelândia/França, 1993) ****

9. A Aura (Fabián Bielinsky, Argentina/Espanha/França, 2005) ****

10. O Lobisomem (Joe Johnston, EUA/Reino Unido, 2010) ***

11. As Consequências do Amor (Paolo Sorrentino, Itália, 2004) *****

12. Por uma Vida Melhor (Sam Mendes, EUA/Reino Unido, 2009) ****

13. Stroszek (Werner Herzog, Alemanha Ocidental, 1977) ***

14. Britsh Sounds (Jean-Luc Godard e Jean-Henri Roger, Reino Unido, 1970) ***

15. Il Divo (Paolo Sorrentino, Itália/França, 2008) ***

16. A Greve (Sergei Eisenstein, União Soviética, 1925) ****

17. Vampiros de Almas (Don Siegel, EUA, 1956) ***

18. Fitzcarraldo (Werner Herzog, Alemanha Ocidental/Peru, 1982) ****

19. Los Angeles – Cidade Proibida (Curtis Hanson, EUA, 1992) ****

20. Perseguidor Implacável (Don Siegel, EUA, 1971) ****½

21. Lunar (Duncan Jones, Reino Unido, 2009) ***

22. Invasores de Corpos (Philip Kaufman, EUA, 1978) ***

23. Coisas Belas e Sujas (Stephen Frears, Reino Unido, 2002) ***½

24. Aflição dos Sonhos (Les Blank, EUA, 1982) ***

25. Casamento à Indiana (Mira Nair, Índia/EUA/França/Itália/ Alemanha, 2001) ***

26. E Agora? Roubei um Rembrandt (Jannik Johansen, Dinamarca/Reino Unido, 2003) **½

27. Vício Frenético (Werner Herzog, EUA, 2009) ****


Revisões:

28. O Iluminado (Stanley Kubrick, EUA, 1980) ****½

29. Aguirre – A Cólera dos Deuses (Werner Herzog, Alemanha Ocidental, 1972) ****½

30. O Enigma de Kaspar Hauser (Werner Herzog, Alemanha Ocidental, 1974) ****½

31. Barravento (Glauber Rocha, Brasil, 1962) ***½

32. Mother – A Busca pela Verdade (Bong Joon-ho, Coreia do Sul, 2009) ****½

33. Rashomon (Akira Kurosawa, Japão, 1950) *****

34. Vício Frenético (Abel Ferrara, EUA, 1992) ****½