quinta-feira, 19 de julho de 2012

Contos de Roma

Para Roma, Com Amor (To Rome With Love, EUA/Itália/Espanha, 2012)
Dir: Woody Allen


O olhar continua ácido, a comicidade continua sofisticada, a despretensão e leveza marcam presença mais uma vez, os atores continuam bem dirigidos, Roma continua grandiosamente bela. Daí que não dá pra reclamar do novo filme de Woody Allen, uma comédia ligeira e modesta, numa celebração à capital italiana que marca mais uma rota vencida no mapa europeu traçado por Allen nos últimos anos.

Talvez por isso, Para Roma, Com Amor (título bobinho, esse) esteja mais próximo de Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos, por acaso um dos filmes mais fracos do cineasta nos últimos anos. A fragmentação das histórias parece a maior proximidade, embora aqui os arcos narrativos criados pelo diretor-roteirista nunca irão se encontrar. Independentes entre si, alguns funcionam melhores que outros.

Roberto Benigni, por exemplo, soa totalmente descartável como um italiano classe média comum, que, confundido com uma grande personalidade, passa a ser perseguido por paparazzis desvairados. A crítica à mídia italiana e o estrelismo que ela propaga é uma boa cutucada, mas se torna cansativa e perde a graça. Graça que esbanja no seguimento em que o próprio Allen vive um americano que vai conhecer a família do genro na Itália e descobre o grande talento de cantor lírico que o sogro da sua filha tem, mesmo que só funcione debaixo do chuveiro. Esses são os momentos de risadas mais inspiradas do filme, com as tiradas e o timming do elenco funcionando perfeitamente. 

Num outro arco, o estudante de arquitetura Jack (Jesse Eisenberg) se vê apaixonado pela amiga (Ellen Page) de sua namorada (Greta Gerwig), uma americana totalmente mente aberta a experiências – especialmente sexuais. O melhor desse segmento são as aparições de um veterano arquiteto (Alec Baldwin) que Jack conhece por acaso nas ruas, inicialmente surgindo como um convidado do jovem, mas depois aparecendo nos momentos mais íntimos do rapaz, dando-lhe conselhos (às vezes ouvidos por todos em cena) e tentando interferir na iminente tentação do rapaz em se entregar à moça e trair sua namorada. Quando menos esperamos, ele está lá em cena, ouvindo a conversa e dando seus pitacos amorosos. É esse tipo de licença poética que nos faz sorrir de canto de boca, numa cumplicidade com a despretensão fantasiosa que Allen nos proporciona.

Há ainda as desventuras de um casal interiorano (Alessandra Mastronardi e Alessandro Tiberi) que se perdem nas ruas de Roma e encontram possibilidades outras de casos amorosos, apesar da inocência de ambos. Destaque aqui para a voluptuosidade de Penélope Cruz como a prostituta que, acidentalmente, confunde o rapaz com seu próximo cliente.

Talvez seja fácil colocar a culpa dos resultados medianos de alguns filmes recentes do diretor a esse seu ritmo de produção fordista, uma média de um filme por ano que ele escreve e dirige. Mas pode-se ver também pelo lado enjoy it da coisa, como se o próprio cineasta não se imputasse a obrigação de fazer um grande filme sempre (tais como os recentes Match Point, Meia-Noite em Paris e Vicky Cristina Barcelona) e fosse produzindo ao seu bel prazer. Ganhamos nós com obras assim graciosas. Para além disso, e se visto com cuidado, esse seu mais novo filme possui um cuidado pela encenação bem próprios da maturidade do cineasta, em especial marcação de atores e movimentos de câmeras sutis que nunca se revelam exibicionistas.

Como seus outros filmes dessa fase europeia, Allen continua lançando seu olhar de turista culto por uma cidade rica em substrato cultural e intelectual, passando pelo cinema, música erudita e pela arquitetura portentosa de Roma, dentre outras referências artísticas que são a cara do cineasta nova-iorquino. Para Roma, Com Amor é mais um passo seguro de sua filmografia, confirmação de que a idade tem feito muito bem a esse autor norte-americano.

sábado, 14 de julho de 2012

Em busca de uma geração

Na Estrada (On the Road, EUA/Reino Unido/Brasil/França, 2012)
Dir: Walter Salles

  

Um dos perigos das adaptações de grandes obras literárias é o aprisionamento a conceitos, ideias e pressupostos por vezes já tão consagrados e amados por conta do material prévio. Menos mal quando a transposição se pretende livre, o que não é o caso de Na Estrada, comandado por Walter Salles, levando para as telas On the Road, o livro-chave da geração beat, movimento transgressor que surge nos Estados Unidos em fins dos anos 40, uma ode à liberdade, sexo, drogas e desvarios de uma juventude inquieta com seu tempo.

Aquele espírito livre-jovem-inconsequente do livro de Jack Kerouac surge bem apreendido aqui, pulsa na tela com certa força, mesmo que não seja uma constante durante todo o filme. Daí que Na Estrada não se distancia do que se propõe a realizar, fazer justiça ao livro que influenciou toda uma geração, mas também nem sempre chega a empolgar tanto. O roteiro de Jose Rivera, o mesmo parceiro de Salles em Diários de Motocicleta, parece no lugar, mas podia ser mais ousado.

No fundo, o enredo se lança a um arco desordenado (e isso é um elogio) já que a história original não possui um fio narrativo concreto a seguir. Sal Paradise (Sam Riley) encarna a persona do próprio Keroauc, incipiente escritor que conhece o inconsequente e aventuresco Dean Moriaty (Garrett Hedlund), símbolo hedonista do movimento e guia (a)moral dos jovens desajustados. Com ele e outros, seus iguais, ou mesmo sozinho, parte não em uma, mas numa série de viagens, cruzando cidades e estados norte-americanos, indo de lá pra cá, em busca de um algo que nem eles sabem bem explicar o quê. São experiências de vida, enfim.

Na Estrada é por isso mesmo um filme bastante musical, tendo o jazz e o blues não só como referências diretas do que aqueles jovens gostavam de ouvir, no submundo da cena musical (o underground sempre como preferência dessa geração), mas também funciona como propulsora ao embalar o trajeto torto dos personagens, como se eles improvisassem o seu caminho à medida que o fazem.

Ainda assim, o filme parece preso a uma necessidade de demarcar grande parte dos acontecimentos do livro (mesmo tipo de problema de lógica adaptativa que Fernando Meirelles utilizou em Ensaio Sobre a Cegueira), o que deixa o filme um tanto travado em alguns momentos, como a necessidade de apresentar certos personagens que não poderão ser melhor desenvolvidos no filme (os mais prejudicados são a trabalhadora rural de Alice Braga e a representação do beat William S. Burroughs, encarnado por Viggo Mortensen, junto com sua esposa vivida por Amy Adams – esses dois últimos, aliás, em ótimas atuações).

Se do lado de outros filmes de Walter Salles, Na Estrada empalidece um tanto, pelo menos o filme faz muito sentido dentro da filmografia “road movie” tão cara ao cineasta. Desde o plano que abre o filme, com foco nos passos de Sal pela estrada de terra batida, ao som de uma música triste por ele cantada, temos a sensação de que um filme sobre deslocamentos (em vários sentidos) parece estar nas mãos certas. Precursores dos hippies e da contracultura que floresceria nos anos 60, a geração beat tem aqui um belo defensor, mesmo que não à altura das grandes obras literárias que eles escreveriam. Seria pedir demais, talvez, mas ainda assim Na Estrada funciona como espelho daquela geração.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Tempo vivo


Girimunho (Idem, Brasil/Espanha/Alemanha, 2011)
Direção: Clarissa Campolina e Helvécio Marins Jr.

Dentro de uma certa cena independente no cinema brasileiro (pouco visto e conhecido, por isso é independente), o mineiro Girimunho faz parte dos bons projetos que despontam no ano na safra nacional, embora esteja longe de chegar ao grande público. A partir de um registro naturalista e intimista, o primeiro longa-metragem de Clarissa Campolina e Helvécio Marins Jr., ambos do coletivo Teia, é uma observação do tempo, pela visão envelhecida, e tudo de positivo que isso carrega, de uma senhora que vive no interior de Minas Gerais.

O que Dona Bastú (Maria Sebastiana Martins Alvaro) vê passar a sua frente é a vida simples e corriqueira de seu ambiente natural, a pacata paisagem ribeirinha de São Romão, às margens do Rio São Francisco, seu dia-a-dia e povo humilde. Mas sua visão se torna entremeada pela aura da morte ou da simples espera pelo fim, seja na morte repentina do marido Feliciano, seja pela própria consciência da sua finitude. A neta que está prestes a deixá-la para ir morar e trabalhar numa cidade maior seria um dos indícios dessa noção de “perda”. 

Porém, por mais sombrio e triste que tudo isso possa ter em essência, o que menos há em Girimunho é pesar ou tristeza pelo que se foi ou que está para ir. Pelo contrário, a rotina pacata e a espera pelo fim não impedem que a alegria ainda esteja presente. Não necessariamente uma alegria de festa (que também há), mas a de paz de espírito. Nem mesmo quando o espírito de Feliciano parece retornar para bater suas ferramentas na oficina de casa, assustando Bastú e intrigando os vizinhos, cria-se aí um clima de mistério ou tensão. Exala muito mais uma atmosfera de ancestralidade que aquele povo reconhece como possível.

É aí que entra em cena Maria do Boi (Maria da Conceição Gomes de Moura), senhora amiga de Bastú, cantadeira da região, celebrando com alegria a tradição oral que remonta a tempos imemoriais. É a ela que Bastú recorre para fazer acalmar a alma do marido, outra senhora que apresenta uma relação bastante particular com as coisas da morte, em especial através da celebração musical.

Para quem acha que nesse tipo de filme “nada” acontece, em Girimunho a noção de tempo está ligada à própria ideia de espera e daquilo que podemos fazer, ou como se portar (suportar?) enquanto aguardamos. Dona Bastú entende isso muito bem, não tem pressa da vida, como a própria narrativa do filme e seu apego pelos tempos mortos (expressão infeliz, me parece, porque a impressão de tempo, por mais estático que seja, sempre tem algo a dizer, algo sempre acontece). Afinal, como fala a protagonista em certo momento, “o tempo não para, quem para somos nós”.

Se o filme pode lembrar a atmosfera etérea e sensorial do cinema de um Apichatpong Weerasethakul, preservando a transcendentalidade da morte e seus mistérios, a obra mineira consegue se mostrar fiel a um certo estilo de vida interiorano brasileiro, que preserva ainda um conhecimento secular das coisas de seu povo.

O tom natural, outro fator forte de percepção na obra, é mérito de um trabalho de direção cuidadoso, que encontrou no próprio espaço físico pessoas que possuem contato direto com as questões apresentadas no filme. O aspecto documental é sentido em cada cena, principalmente pela presença dos atores que emprestam sua própria experiência de vida para compor seus personagens. Perfazendo um belo paralelo com o também mineiro O Céu Sobre os Ombros, Girimunho ganha força pela naturalidade imensa como que encena a própria vida de quem os faz, ao mesmo tempo em que o fio de história ficcional está presente a todo momento (e se conclua satisfatoriamente).

Por mais que esse tipo de experiência seja bastante propenso ao improviso e à interferência do acaso, como próprio da tradição documental, nota-se no todo uma preocupação pelo enredo contado e sua conclusão, embora aberta a muitas interpretações (e não deixa de ser interessante ver o nome de Felipe Bragança assinando o roteiro aqui, ele que revelou facetas mais fantasiosas e menos naturalista em filmes próprios como A Alegria e A Fuga da Mulher Gorila, em parceria com Marina Meliande, montadora aqui).

Em Girimunho, celebra-se a vida através da própria despedida, mesmo que ela demore ou que insista em não se cumprir. Porque mesmo na mais árida das regiões, onde nada parece acontecer e o tempo insiste em soar suspenso, um girimunho (um redemoinho, no dizer local) cruza, de relance, a estrada de chão batido. Revela vida, portanto. O tempo não parou.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Festival In-Edit



É, eu poderia ter visto mais coisas no Festival de Documentários Musicais In-Edit, mas o tempo tem sido carrasco. Também devia ter escrito antes, mas o tempo continua vilão. Do pouco que vi, algumas palavrinhas sobre eles:


Vou Rifar Meu Coração (Idem, Brasil, 2011)
Dir: Ana Rieper


Waldik Soriano, Odair José, Nelson Ned, Amado Batista, Wando, Agnaldo Timóteo, dentre tantos outros cantores brasileiros, cantaram o amor desiludido, o amor proibido, o amor amoral, o amor sincero. Atingiram com isso um público cativo que se identificava com as letras das músicas e fizeram delas seus hinos de vida. Distante de possuir reconhecimento no meio artístico, mas, na contramão, angariando popularidade em grandes proporções no Brasil (em especial nos rincões do interior, sobretudo no Norte e Nordeste), a música brega é celebrada em Vou Rifar Meu Coração, filme vencedor da competição brasileira do Festival In-Edit 2012.

O documentário destaca não somente as canções e cantores que fizeram sucesso com esse tipo de música muitas vezes visto com “marginalizado”, mas principalmente com pessoas anônimas que nutrem identificação com o gênero, caminho mais sincero para se fazer conhecer as razões pelas quais a música brega tanto toca essas pessoas. Dentre momentos engraçados e as mais variadas figuras e suas histórias de amor, fica na tristeza das músicas e suas letras que se nutrem das próprias situações vividas pelas pessoas, o diálogo sem rodeios com um público que se enxerga naqueles personagens e vivências, uma espécie de comunhão de corações partidos que se reconhecem na dor do amor. Vou Rifar Meu Coração busca fazer um retrato sincero de um tipo de identificação e mostra o quanto isso pode ser forte.


George Harrison: Living in the Material World (Idem, EUA, 2011)
Dir: Martin Scorsese


Dos integrantes dos Beatles, George Harrison talvez seja um dos menos midiatizados e vangloriados pelo grande público (salvo pelo punhado de beatlemaníacos que o têm como um de seus preferidos da banda inglesa). Vem daí o interesse por essa figura introspectiva, e talvez por isso Scorsese vá se acercando de conhecê-lo através do depoimento das pessoas que o tiveram próximo, além dele mesmo falando em outros materiais à disposição. Uma das qualidades do filme é passar longe de um posicionamento de adoração, ao mesmo tempo em que consegue vangloriar o talento de Harrison na sua postura mais tranquila e menos em polvorosa (à sombra da efusão que John Lennon e Paul McCartney provocam), mas ainda assim de vital importância para o sucesso que os Beatles conquistaram e consagraram ao longo do tempo.

Com uma edição equilibradíssima que organiza mais de 3 horas de filme, acompanhamos cronologicamente a trajetória de Harrison, mas menos por um viés biográfico e mais como uma junção à trajetória na banda inglesa, depois ganhando outros projetos de vida, como discos solo e produção de cinema (em especial, junto ao Monty Python). A partir disso é que vão surgindo os aspectos da vida pessoal  de Harrison, infância, personalidade, preferências e intimidade. Scorsese dá tempo para que o espectador conheça as várias fases da carreira do artista, e suas facetas pessoais e profissionais, com propriedade, sem atropelos, mas com admiração devida. Sai-se do cinema cansado, mas satisfeito.


Clementina de Jesus, Rainha Quelé (Idem, Brasil, 2011)
Dir: Werinton Kermes e Heron Coelho

Outro caso de pouco reconhecimento musical que se quer resgatar encontra-se nesse Clementina de Jesus, Rainha Quelé. A sambista descoberta tardiamente em meados dos anos 60 pelo produtor Hermínio Bello de Carvalho, começou a cantar por acaso, encantando com sua voz rouca e potente. Trouxe do samba diversas expressões musicais regionais, como jongos, corimas e partidos, além da valorização e resgate de ritmos africanos. Uma das forças dessa história é mostrar como essa mulher, mais velha, negra, pobre e de pouca escolaridade conseguiu marcar seu nome na história da musica popular brasileira, ainda assim pouco conhecida e reverenciada nos dias de hoje.

Talvez por isso, o documentário esteja cercado por um tom de exaltação da figura de Clementina (não só como intérprete, mas como pessoa de imenso coração e carinho), o que não deixa de torná-lo um partido a favor, filme de uma nota só, defendendo e enaltecendo a documentada, o que nem sempre tem resultados satisfatórios, pois entendemos desde já a importância que Clementina teve, embora essa glorificação esteja sempre martelando na tela. Temos, portanto, uma grande artista, vindo à tona numa proposta justa, mas num documentário um tanto quadrado.


segunda-feira, 2 de julho de 2012

Animais em migração


Madagascar 3 – Os Procurados (Madagascar 3: Europe’s Most Wanted, EUA, 2012)
Dir: Eric Darnell, Tom McGrath e Conrad Vernon


A Era do Gelo 4
(Ice Age 4: Continental Drift, EUA, 2012)
Dir: Steve Martino e Mike Thurmeier


Talvez por incidir sobre um público infanto-juvenil mais cativo e ávido (principalmente no período de férias), algumas animações como A Era do Gelo e Madagascar est
ão mais marcadas pelo estigma da continuação, uma espécie de hábito necessário para aproveitar personagens e mitologias criadas a partir de certo universo temático.

Eu sempre achei os filmes de ambas as séries bobinhos demais, longe da proposta mais madura da Pixar, sem subtextos, piadinhas dúbias ou referências a filmes que os pequenos não viram ainda. É como se prezassem pela mais pura despretensão que vemos nos desenhos animados televisivos. O problema é que na maior parte das vezes elas soam bem mais do mesmo, mas nem tudo está perdido. Enquanto o quarto filme dos animais do ártico fica no meio do caminho, o terceiro dos bichos de zoológicos se mostra uma grata surpresa.


Mesmo que essa proposta ainda esteja de pé na terceira incursão da franquia, Madagascar 3 – Os Procurados encanta justamente pela diversão desenfreada, acompanhada de momentos realmente engraçados e por uma agilidade narrativa que não lembro de ter visto nos outros filmes da série. Não à toa, o roteiro é escrito pelo sempre ótimo diretor e roteirista de filmes independentes Noah Baumbach (A Lula e a Baleia), em parceria com um dos diretores, Eric Darnell.

Alex, Marty, Gloria e Melman continuam na sua jornada de viagens aventurosas, dessa vez querendo retornar ao zoológico em Nova Iorque onde viveram. Para isso, se juntam a uma trupe circense na Europa tentando se apresentar na América, com o único agravante de que o show deles é um fracasso. A sacada do circo faz bem ao filme porque acrescenta uma série de novos personagens legais e com personalidade, como a ursa por quem o burro Julien se apaixona.

Há ainda, para coroar o time de novos rostos, a caçadora de animais vorazes, mais voraz ainda, atendendo pelo nome de Chantel DuBois, bruaca em todo os sentidos, uma das maiores e mais impertinentes vilãs das animações dos últimos anos. Além disso tudo, o filme tem 3D! Um que funciona muito bem, faz-se sentir pela sua real função, a de expandir a dimensão espacial do universo do filme para além da tela, e não um mero oportunismo da máquina de negócios hollywoodiana. Quando ela quer, faz umas coisas bem divertidas, como essa aqui, com o quê de tecnicamente impecável.


A Era do Gelo 4 empalidece diante disso tudo. O filme anterior era um sinal bastante claro de que a franquia dos animais que fugiam de catástrofes naturais em meios às geleiras do norte já tinha chegado a seu fim criativo. Mais uma vez surge o tipo de insistência mercadológica em continuar com a história. Talvez por isso não se esperasse muito dessa quarta investida da série, que continua dispensável, mas ainda assim não chega a ser desastrosa como se previa.

Os amigos inseparáveis Diego, Sid e Manny se separam dos outros animais com quem viviam por conta de uma catástrofe geológica. Na verdade, trata-se da separação dos continentes, antes formando uma única massa terrestre, separada por culpa do esquilo Scrat (um dos grandes personagens da franquia, aqui não somente um mero adendo na história, ganhando agora uma participação mais importante).   

O filme tem as mesmas fracas piadas que seus antecessores, mas ainda assim possui um fio narrativo que não chega a ser cansativo de acompanhar. Passa rápido, mas sem um senso de diversão mais despretensioso. Existe a tentativa clara de imprimir um tom mais aventuresco, mas as situações repetidas e diálogos pouco inspirados não ajudam em nada. A decepção só não é maior porque não parecia haver grandes expectativas para um bom filme.  

domingo, 1 de julho de 2012

Filmes de junho



1. A Vida dos Peixes (Matías Bize, Chile/França, 2010) ***

2. À Espera de Turistas (Robert Thalheim, Alemanha, 2007) ***

3. Aliens – O Resgate (James Cameron, EUA/Reino Unido, 1986) *

4. Solteiros com Filhos (Jennifer Westfeldt, EUA, 2011) ****

5. Madagascar 3 – Os Procurados (Eric Darnell, Tom McGrath e Conrad Vernon, EUA, 2012) ***½

6. Prometheus (Ridley Scott, EUA, 2012) ***

7. A Hora Zero (Pascal Thomas, França, 2007) ***½

8. As Neves do Kilimanjaro (Robert Guédiguian, França, 2011) ***½

9. A Delicadeza do Amor (David Foenkinos e Stéphane Foenkinos, França, 2011) **

10. O Grito da Terra (Olney São Paulo, Brasil, 1964) ***½

11. Essential Killing (Jerzy Skolimowski, Polônia/Noruega/Iranda/Hungria, 2010) ***½

12. 12 Horas (Heitor Dhalia, EUA, 2012) **

13. Jovens Adultos (Jason Reitman, EUA, 2011) **

14. Deus da Carnificina (Roman Polanski, França/Alemanha /Polônia/Espanha, 2011) ***½

15. A Vida em Um Dia (Kevin McDonald e outros, EUA/Reino Unido, 2011) ***½

16. Kaboom (Gregg Araki, EUA/França, 2010) **½

17. Branca de Neve e o Caçador (Rupert Sanders, EUA, 2012) **

18. Vou Rifar Meu Coração (Ana Rieper, Brasil, 2011) ***½

19. George Harrison: Living in the Material World (Martin Scorsese, EUA, 2011) ****

20. Apenas Uma Noite (Massy Tadjedin, EUA/França, 2010) ***

21. Os Cafajestes (Ruy Guerra, Brasil, 1962) ****

22. Estranho Encontro (Walter Hugo Khouri, Brasil, 1958) ****

23. Sombras da Noite (Tim Burton, EUA, 2012) ***

24. Clementina de Jesus, Rainha Quelé (Werinton Kermes e Heron Coelho, Brasil, 2011) **½

25. Underground – Mentiras de Guerra (Emir Kusturica, Iugoslávia/ França/Alemanha/Bulgária/República Tcheca/Hungria, 1995) ****

26. Weekend (Andrew Haigh, Reino Unido, 2011) **½

27. Mr. Sgarzerla – Os Signos da Luz (Joel Pizzini, Brasil, 2011) ***½

28. M*A*S*H* (Robert Altman, EUA, 1970) ***

29. Scanners – Sua Mente Pode Destruir (David Cronenberg, Canadá, 1981) ****

30. A Era do Gelo 4 (Steve Martino e Mike Thurmeier, EUA, 2012) **½

31. Bonitinha, mas Ordinária (J. P. de Carvalho, Brasil, 1963) ****

32. Uma Vida em Segredo (Suzana Amaral, Brasil, 2001) ***

33. Quando Papai Saiu em Viagem de Negócios (Emir Kusturica, Iugoslávia, 1985) ***½

34. Pai Patrão (Paolo e Vittorio Tavianni, Itália, 1977) ****

35. A Classe Operária Vai ao Paraíso (Elio Petri, Itália, 1971) ****½

36. Para Roma, Com Amor (Woody Allen, EUA/Itália/Espanha, 2012) ***


Revisões:

37. Alien, O Oitavo Passageiro (Ridley Scott, EUA/Reino Unido, 1979) *****
38. A Caixa de Pandora (Georg W. Pabst, Alemanha, 1929) *****